Você conhece o gene MTHFR? Confira alguns detalhes e entenda o que a mutação nessa área pode causar no organismo!
Os exames genéticos revolucionaram a medicina moderna, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados. Entre esses testes, o exame MTHFR tem ganhado destaque por sua relação com diversas condições de saúde.
Você já ouviu falar sobre esse exame? Se sim, é possível que já tenha muitas dúvidas sobre o tema, como: quando ele deve ser solicitado? E o que significam as mutações C677T e A1298C?
Continue a leitura para ver tudo o que você precisa saber sobre o exame MTHFR!
Qual é a importância dos exames genéticos?
Embora não sejam muito comuns, os exames genéticos são ferramentas muito úteis, que ajudam a identificar predisposições a doenças, respostas a medicamentos e até mesmo deficiências nutricionais.
De modo geral, eles analisam variações específicas no DNA que podem afetar o funcionamento do organismo. O exame MTHFR é um desses testes, focado em avaliar mutações no gene que codifica a enzima metilenotetra-hidrofolato redutase (MTHFR), crucial para o metabolismo do folato e da homocisteína.
O que é o gene MTHFR?
O gene MTHFR produz a enzima responsável por converter o folato (vitamina B9) em sua forma ativa, o 5-metiltetra-hidrofolato (5-MTHF). Essa conversão é fundamental para:
- síntese de DNA e RNA;
- produção de glóbulos vermelhos;
- regulação dos níveis de homocisteína (um aminoácido que, em excesso, pode causar inflamação e danos vasculares).
Sendo assim, quando há mutações nesse gene, a atividade da enzima MTHFR pode ser reduzida, levando a alterações metabólicas significativas.
Mutações C677T e A1298C: o que são?
Como você viu, o gene MTHFR (metilenotetrahidrofolato redutase) produz uma enzima para processar a B9 e a homocisteína no organismo. Quando ocorrem mutações nesse gene, especialmente as variantes C677T e A1298C, a eficiência enzimática diminui, afetando processos metabólicos importantes.
Na primeira, uma citosina (C) é substituída por timina (T) na posição 677 do gene. Assim, pode ocorrer uma redução de até 70% na atividade enzimática, prejudicando todo o processo.
No segundo caso, a adenina (A) é trocada por citosina (C) na posição 1298. Ela é um pouco menos grave, com reduções máximas de até 40% na atividade das enzimas.
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Para que serve o exame MTHFR?
O exame MTHFR identifica a presença dessas mutações e ajuda a avaliar riscos para diversas condições. Continue para conhecer alguns exemplos!
Hiperhomocisteinemia
Um dos principais benefícios desse teste é identificar predisposição à hiperhomocisteinemia, condição em que os níveis elevados de homocisteína na corrente sanguínea criam um terreno propício para problemas vasculares.
Esse aminoácido em excesso danifica as paredes dos vasos, aumentando significativamente o risco de formação de coágulos, trombose venosa profunda, acidentes vasculares cerebrais e até doenças coronarianas. Por isso, as pessoas com mutações no MTHFR frequentemente necessitam de suplementação específica para manter esses níveis sob controle.
Complicações na gravidez
Para mulheres que planejam engravidar ou enfrentam dificuldades reprodutivas, o exame MTHFR assume um papel bem importante. As mutações neste gene estão intimamente ligadas a complicações gestacionais como abortos espontâneos recorrentes, pré-eclâmpsia e defeitos no tubo neural do feto, incluindo condições graves como espinha bífida.
Sendo assim, a detecção precoce permite ajustes na suplementação de folato — substituindo o ácido fólico comum por sua forma ativa (L-metilfolato) — o que pode fazer toda diferença no desenvolvimento saudável do bebê.
Resposta a medicamentos
O perfil genético do MTHFR influencia diretamente a forma como o organismo processa certos medicamentos. Pacientes com essas mutações podem apresentar respostas inadequadas a fármacos como o metotrexato (usado em doenças autoimunes e alguns tipos de câncer), anticoncepcionais hormonais e diversas drogas que interferem no ciclo do folato.
Sendo assim, conhecer esse perfil permite aos médicos ajustar dosagens ou escolher alternativas terapêuticas mais eficazes.
Deficiência de folato e vitamina B12
Um paradoxo comum ocorre quando exames de rotina mostram ingestão adequada de folato e vitamina B12, mas o organismo não consegue convertê-los em suas formas ativas devido à deficiência enzimática causada pelas mutações.
Isso pode levar a anemias, fadiga crônica e problemas neurológicos que só são plenamente compreendidos por meio da análise do MTHFR.
Doenças neuropsiquiátricas
Pesquisas emergentes revelam ligações intrigantes entre essas variações genéticas e a saúde mental. O metabolismo alterado de neurotransmissores como serotonina e dopamina — consequência da má conversão de vitaminas B — pode contribuir para transtornos de humor, ansiedade e até condições mais complexas como esquizofrenia.
Embora não determinantes por si só, essas mutações podem ser peças importantes no quebra-cabeça de tratamentos psiquiátricos personalizados. Por isso, devemos fazer uma investigação completa!
Quando solicitar o exame MTHFR?
O exame deve ser considerado em casos como:
- histórico pessoal ou familiar de trombose;
- abortos recorrentes ou complicações na gravidez;
- níveis elevados de homocisteína em exames de sangue;
- resposta inadequada a suplementos de ácido fólico ou vitamina B12;
- suspeita de deficiência de folato ativo.
Além disso, a requisição é importante no caso de pacientes que usarão metotrexato, para avaliar risco de toxicidade.
Como o exame é feito?
O exame MTHFR é simples, indolor e bem tranquilo. A coleta do material pode ser feita tanto por meio de sangue venoso ou da saliva, oferecendo uma alternativa viável para muitos pacientes.
A partir daí, o DNA é extraído e analisado para identificar as mutações C677T e A1298C. Dessa forma, o laudo indicará se o paciente é:
- homozigoto normal (nenhuma mutação);
- heterozigoto (uma cópia mutada);
- homozigoto mutado (duas cópias mutadas).
O que fazer se o exame der positivo?
Se forem detectadas mutações no MTHFR, as seguintes medidas podem ser adotadas:
Suplementação com folato ativo (5-MTHF)
Pessoas com mutações podem ter dificuldade em converter ácido fólico comum em sua forma ativa. A suplementação com 5-MTHF (metilfolato) é mais eficaz.
Controle da homocisteína
O primeiro passo crucial é repensar sua relação com o folato. Enquanto a maioria das pessoas metaboliza bem o ácido fólico convencional, quem tem mutações no MTHFR precisa da forma ativa, o 5-MTHF (metilfolato).
Essa versão já pronta para uso pelo organismo contorna a deficiência enzimática, garantindo que seu corpo receba o folato necessário para funções vitais como produção de DNA e formação de glóbulos vermelhos.
Além disso, a dosagem ideal varia conforme o tipo de mutação (C677T ou A1298C) e deve ser definida com um profissional.
É importante ter atenção, pois, como vimos, os níveis elevados desse aminoácido representam um dos maiores riscos associados às mutações MTHFR. Uma estratégia combinada costuma funcionar melhor:
- vitamina B12 (metilcobalamina), que ajuda a “reciclar” a homocisteína;
- vitamina B6, que atua como cofator essencial no processo;
- betaína, que fornece grupos metil para auxiliar na detoxificação.
Essa combinação, quando bem dosada, pode normalizar os níveis de homocisteína em poucos meses, reduzindo significativamente os riscos cardiovasculares.
Monitoramento cardiovascular
Ainda falando sobre o coração… se você tem mutações MTHFR, especialmente a variante C677T, seu check-up anual deve incluir:
- dosagem regular de homocisteína;
- avaliação de marcadores inflamatórios;
- ultrassom vascular se houver histórico familiar de trombose.
Essa abordagem preventiva é especialmente importante para mulheres que usam anticoncepcionais hormonais ou pessoas que enfrentam longos períodos de imobilização.
Ajuste de medicamentos
Certos fármacos exigem atenção redobrada. O metotrexato, usado em doenças autoimunes e oncológicas, pode ter sua toxicidade aumentada em portadores de mutações MTHFR. Nestes casos, os médicos costumam:
- ajustar as doses prescritas;
- associar com suplementação de folato ativo;
- monitorar mais frequentemente os efeitos colaterais.
Cuidados na gestação
Para gestantes com mutações MTHFR, o pré-natal ganha um capítulo extra:
- suplementação pré-concepcional com metilfolato;
- monitoramento rigoroso da pressão arterial;
- avaliação periódica do fluxo sanguíneo uterino;
- dosagem seriada de homocisteína.
Mudanças no dia a dia
Por fim, além das intervenções diretas, pequenas mudanças fazem grande diferença:
- dieta rica em folatos naturais (folhas verde-escuras, legumes);
- redução do consumo de álcool (que esgota reservas de vitaminas B);
- redução do consumo de cafeína;
- gerenciamento do estresse (que aumenta a demanda por grupos metil).
Como é possível perceber, o exame MTHFR é uma ferramenta importantíssima para identificar predisposições a problemas metabólicos, cardiovasculares e gestacionais. Se você ou seu paciente se encaixam nos critérios para realização do teste, é hora de fazer uma boa investigação clínica!
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