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Hereditariedade e esquizofrenia: estudo genômico associa mais de 100 genes neuronais à doença

Hereditariedade e esquizofrenia: estudo genômico associa mais de 100 genes neuronais à doença

A relação entre hereditariedade e esquizofrenia não é exatamente uma novidade no campo científico. Alguns estudiosos já haviam se dedicado a verificar essa associação entre genes e a doença. A novidade, no entanto, está em um estudo genômico, produzido  pelo Consórcio de Genômica Psiquiátrica – que conta com pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Santa Casa de Misericórdia de  São Paulo – e foi publicado pela revista Nature, demonstrando as variantes causais entre as associações de mais de 120 genes mapeados e as consequências biológicas delas. 

Para alcançar os resultados, os pesquisadores avaliaram informações genéticas de mais de 300 mil pessoas em todo o mundo, inclusive latino-americanos – em geral, apenas pessoas com descendência europeia fazem parte desses estudos. Deste total, 76.755 pessoas tinham esquizofrenia e 243.649 fizeram parte do grupo de controle. A partir disso, foram observadas associações de variantes comuns em 287 posições genômicas distintas, ou seja, 287 regiões diferentes do DNA. Essas associações se concentraram em genes expressos em neurônios excitatórios e inibitórios do sistema nervoso central, mas não estavam presentes em outros tecidos ou campos celulares. Em outras palavras, o maior risco genético da esquizofrenia é visto em neurônios. A estimativa dos cientistas, inclusive, é de que até 24% da origem da doença seja atribuída a variante SNV (single nucleotide variants, ou variante de nucleotídeo único, em português).

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Para refinamento do estudo, foram usados mapeamento fino e dados genômicos funcionais para identificação, de 120 genes, dos quais 106 eram decodificadores de proteínas, que sustentaram associações em algumas dessas posições genômicas. Além disso, foram avaliados processos relacionados à função neuronal, como organização sináptica, diferenciação e transmissão, além de variantes de codificação disruptivas raras em pessoas com esquizofrenia, como a subunidade de receptor de glutamato GRIN2A e o fator de transcrição SP4, além de outros genes implicados em fatores de neurodesenvolvimento. 

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A descoberta pode contribuir para inibição da relação entre hereditariedade e esquizofrenia?

Não. Mas o estudo mostra que as variantes genéticas envolvidas na esquizofrenia estão concentradas em genes expressos em neurônios, o que faz dessas células as mais importantes para o desenvolvimento da doença. Isso significa que outros estudiosos poderão se concentrar nesses novos achados a fim de desenvolverem terapias mais direcionadas para o tratamento da doença.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia afeta atualmente 24 milhões de pessoas em todo o mundo, entre elas, 2 milhões de brasileiros. A doença é considerada um distúrbio psiquiátrico grave que, em geral, se manifesta na adolescência ou início da vida adulta, não tem cura, e provoca impactos sociais, ocupacionais e educacionais na vida de quem desenvolve o problema. Entre os diversos sintomas da doença estão alucinações, delírios, distorções de pensamento e de autoimagem.

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