Entenda como agir em casos de emergência de pacientes psiquiátricos

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De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 23 milhões de brasileiros sofrem de algum transtorno mental e pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos mentais graves e persistentes. Apesar de a política de saúde mental priorizar as doenças mais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar, doenças como a depressão, a ansiedade e o transtorno de ajustamento são as mais comuns em atendimentos de emergência de saúde mental.

A psiquiatria de emergência tornou-se uma subespecialidade da psiquiatria geral, exigindo habilidades específicas durante situações em que as intervenções terapêuticas imediatas são necessárias. Os casos de emergência de pacientes psiquiátricos são caracterizados por quaisquer alterações nos pensamentos, comportamentos ou sentimentos, para os quais se faz indispensável um atendimento rápido, por representar risco significativo para o próprio paciente ou para as outras pessoas. Tendo em vista a importância do tema abordado, explicaremos, neste post, como agir em casos de emergência com pacientes psiquiátricos. Continue a leitura e confira!

Como agir em casos de emergência?

Primeiramente, destaca-se que a postura em relação ao paciente e ao hospital psiquiátrico é importante, mas o comportamento em relação aos familiares e às pessoas do convívio também são essenciais. Afinal, relacionar-se com uma pessoa com qualquer transtorno mental pode ser desafiador. O apoio e a paciência são vitais no tratamento e aceitação do paciente. Para isso, é necessário educar-se sobre o problema para saber agir em situações emergenciais. Em casos emergenciais, é fundamental que a família conte com o apoio de uma equipe psiquiátrica que possa orientá-la sobre as providências a serem tomadas.

O plano de ação nesses momentos é complexo e será melhor efetivado e bem-sucedido se a família tiver o apoio desses profissionais, primordial para delinear as ações conforme a particularidade de cada caso. No Brasil, é possível contar com os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), que atendem à demanda dos casos de emergência. Porém, esses centros são muito mal distribuídos. Dessa forma, o hospital, com atendimento do clínico geral, também precisa estar preparado para receber esse tipo de paciente.

Quais são os cuidados necessários em casos de emergência de pacientes psiquiátricos?

Identificar o grau de emergência do paciente

Inicialmente, é essencial avaliar o grau do risco que a situação representa para o paciente e para terceiros. E, também, identificar os fatores desencadeadores do quadro, procurando as necessidades imediatas para, assim, dar início ao tratamento.

A importância da estabilização do quadro

Em muitas situações de emergência psiquiátrica, não há tempo hábil para aguardar uma consulta e acompanhamento com a família e o psiquiatra. Nesses casos, a família precisa tomar atitudes em poucas horas para a estabilização do quadro. Geralmente, essas urgências são por agressividade física, dirigida a terceiros ou a si próprio; tentativa de suicídio; e situações que colocam o paciente em risco iminente de vida.

Quando os pacientes psiquiátricos são trazidos por ambulâncias, pelo resgate ou pela polícia, os responsáveis devem aguardar a avaliação da equipe do pronto-socorro. Em seguida, analisar a causa aparente para as alterações apresentadas e iniciar a intervenção, identificando se houve o uso de álcool, drogas ou transtorno mental psicótico.

Estabelecer um diagnóstico de imediato

Os transtornos mentais são identificados e diagnosticados por métodos clínicos parecidos com os utilizados para transtornos físicos. Realiza-se uma entrevista com o paciente e com outras pessoas, incluindo a família; um exame clínico, para verificar o estado mental e suas condições orgânicas; e os exames que são necessários para comprovar a existência do transtorno. Para se obter um diagnóstico preciso, o paciente será avaliado por meio da anamnese, se isso for possível. Nela, o médico analisará as queixas principais do paciente, o motivo da internação, o histórico pessoal do paciente e familiar, para saber se já houve caso semelhante anteriormente.

Identificar a doença psiquiátrica

Para facilitar o diagnóstico, o tratamento e o reconhecimento desses transtornos, foi criada a Classificação Internacional de Doenças (CID), pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a fim de promover a comparação internacional das doenças. Até mesmo psiquiatras experientes, de longa prática e com todos os recursos modernos ao seu alcance, podem encontrar dificuldades em obter informações precisas sobre as condições do paciente. O CID classifica os transtornos psíquicos da seguinte maneira:

  • (F00-F09) Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos;
  • (F10-F19) Transtornos mentais e comportamentais, devido ao uso de substâncias psicoativas;
  • (F20-F29) Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes;
  • (F30-F39) Transtornos de humor (afetivos);
  • (F40-F49) Transtornos neuróticos, transtornos relacionados ao estresse e transtornos somatoformes;
  • (F50-F59) Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e fatores físicos;
  • (F60-F69) Distorções da personalidade e do comportamento adulto;
  • (F70-F79) Retardo mental;
  • (F80-F89) Transtornos do desenvolvimento psicológico;
  • (F90-F98) Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência;
  • (F99) Transtorno mental não especificado.

Assim, convém dispor de alguns conhecimentos acerca dos vários tipos de doenças mentais, para ser capaz de oferecer os cuidados adequados. O diagnóstico facilita, sobretudo, a compreensão dos pacientes, assinala as características principais de suas desordens psíquicas e ajuda na realização da medicação.

Realizar a medicação quando necessário

Em alguns casos, com a finalidade de diminuir a intensidade de alguns sintomas de pacientes psiquiátricos, são administradas doses de medicações, como ansiolíticos, antipsicóticos ou antidepressivos, de acordo com o quadro, o histórico, a disponibilidade e as características dos indivíduos.

Como realizar a anamnese no paciente?

A anamnese médica é um estágio crucial para entender as queixas dos pacientes, levantar as principais causas e fatores interferentes e, assim, determinar seu diagnóstico. Trata-se de um procedimento fundamental para estabelecer o diagnóstico preciso e estabelecer as condutas terapêuticas mais adequadas às condições clínicas da pessoa. Essa prática deve ser embasada em conhecimentos científicos relacionados à abordagem do paciente, técnicas de entrevista, avaliação da linguagem não verbal, entre outras habilidades.

A anamnese pode ser realizada por meio de um processo de entrevista — existem alguns modelos preestabelecidos que auxiliam o profissional. Os principais passos da anamnese são:

  • identificação;
  • atendimento;
  • queixa principal e secundária;
  • sintomas;
  • histórico da doença atual;
  • histórico pessoal;
  • histórico familiar;
  • histórico patológico
  • exame psíquico;
  • hipótese diagnóstica.

Por fim, o atendimento em emergência de pacientes psiquiátricos representa um momento marcado pela fragilidade e instabilidade do paciente e da família, além de grande responsabilidade para o profissional de saúde. A abordagem baseada em evidências, rápida, humanizada e eficaz pode ser determinante para o prognóstico do paciente.

Nesses episódios, é fundamental o conhecimento, a habilidade e o preparo emocional, para que o registro das informações seja fidedigno e preciso. No entanto, percebe-se que existe pouco preparo para lidar com pacientes psiquiátricos, que está diretamente ligado à formação profissional inadequada. Para isso, é importante que os profissionais sejam qualificados e estejam devidamente habilitados para auxiliar as ações de modo eficiente, obtendo todo o preparo necessário. Portanto, o aperfeiçoamento das competências, por meio de cursos de pós-graduação médica, como os oferecidos pela Faculdade IPEMED, são imprescindíveis.

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