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1.7.2022
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O mês de Julho foi adotado pelo Ministério da Saúde e pelo Comitê Estadual de Hepatites Virais como o mês de luta e prevenção das hepatites virais. Com o objetivo de prevenir doenças graves, como o câncer de fígado, a campanha serve como alerta para a luta e prevenção dessas enfermidades. A cada dia deve-se aumentar a atenção porque as hepatites virais são as principais causas de câncer no fígado.
De acordo com o Ministério da Saúde, três milhões de brasileiros estão infectados pela hepatite C, mas não sabem que têm o vírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 3% da população mundial seja portadora de hepatite C crônica.
O impacto dessas infecções acarreta aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada às do HIV e da tuberculose.
A falta do conhecimento da existência da doença é um desafio grande, por isso é recomendado que todas as pessoas com mais de 45 anos de idade façam o teste gratuitamente em qualquer posto de saúde e, se positivo, façam o tratamento que está disponível na rede pública de saúde.
As Hepatites Virais, por serem doenças silenciosas, são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A infecção começa a se desenvolver pelo fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes não apresentam sintomas, porém, quando presentes, podem se manifestar como: tontura, enjoo, vômitos, cansaço, febre, mal-estar, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhece ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado, sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante do órgão.
No caso específico das hepatites virais, que são o objeto da campanha Julho Amarelo, estas são inflamações causadas por vírus classificados pelas letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E.
– Hepatite A: tem o maior número de casos, está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção leve e se cura sozinha. Existe vacina.
– Hepatite B: é o segundo tipo com maior incidência; atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, associada ao uso do preservativo.
– Hepatite C: tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. É considerada a maior epidemia da humanidade hoje, cinco vezes superior à AIDS/HIV. A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e morte. Não tem vacina.
– Hepatite D: causada pelo vírus da hepatite D (VHD) ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D.
– Hepatite E: causada pelo vírus da hepatite E (VHE) é transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral), provocando grandes epidemias em certas regiões. A hepatite E não se torna crônica, porém, mulheres grávidas que forem infectadas podem apresentar formas mais graves da doença.
O Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis possui um material completo sobre cada tipo de Hepatite.
Como prevenir as Hepatites Virais?
Atualmente, existem testes rápidos para a detecção da infecção pelos vírus B ou C, que estão disponíveis no SUS para toda a população. Sendo assim, caberá ao profissional de saúde atuar também fazendo o papel de educador da população para a prevenção e encaminhamento desse público, sobretudo quem vive em situação de vulnerabilidade, para testagem.
Orientar o paciente sobre a importância do acompanhamento periódico e manutenção do tratamento é outra medida importante na qual o profissional de saúde pode - e deve - se dedicar.
Lembrando que todas as pessoas precisam ser testadas pelo menos uma vez na vida para esses tipos de hepatite. Populações mais vulneráveis precisam ser testadas periodicamente.
Além disso, ainda que a hepatite B não tenha cura, a vacina contra essa infecção é ofertada de maneira universal e gratuita no SUS, nas Unidades Básicas de Saúde.Já a hepatite C não dispõe de uma vacina que confira proteção. Contudo, há medicamentos que permitem sua cura.
O Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (PNHV/DCCI/SVS/MS), desenvolve uma série de ações em diversas frentes, que compõem a política nacional de enfrentamento às hepatites virais.
Para tornar o resultado dessas ações visíveis, bem como possibilitar o acompanhamento das metas assumidas pelo Brasil para eliminação das hepatites virais até 2030, o Ministério da Saúde tem buscado utilizar ferramentas que permitam o acesso aos resultados das ações, realizadas em parceria com todos os níveis de gestão do SUS e da sociedade civil organizada, de forma acessível, dinâmica e transparente.
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O Ministério da Saúde havia informado, em maio deste ano, que estava monitorando 28 casos suspeitos de um tipo de hepatite aguda infantil de origem até então desconhecida. A doença misteriosa acometeu crianças em, ao menos, 20 países. Ela se manifesta de forma muito severa e não tem relação direta com os vírus conhecidos da enfermidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 200 casos, até o final de maio, haviam sido reportados no mundo, a maioria (163) no Reino Unido e os demais em 13 países da Europa. A doença atinge principalmente crianças de um mês a 16 anos. Até o momento, no Brasil, foi relatada a morte de uma criança. Em comunicado divulgado, a OMS disse que não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a covid-19.
Depois de entrar na rota dos países em atenção para possíveis casos de hepatite de causa desconhecida, o Brasil está investigando 71 casos suspeitos da doença. Segundo o Ministério da Saúde, tinham sido notificados até então 106 casos, 34 foram descartados e 1 foi classificado como provável.
Atualização - As informações epidemiológicas, laboratoriais e clínicas sobre os casos disponíveis atualmente para a OMS permanecem limitadas. Até o momento, nenhum agente causador da doença foi determinado. As informações foram atualizadas pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em anúncio à imprensa em junho.
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