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Não-vacinação: doenças superadas voltam a preocupar

Não-vacinação: doenças superadas voltam a preocupar

O início do século XX foi marcado por diversos movimentos sociais na história do Brasil, entre os quais destaca-se a Revolta da Vacina. A falta de informação fez com que um grupo de pessoas se revoltasse contra a vacina que combatia a varíola, doença que naquele momento era causadora de milhares de mortes.

O acesso restrito da população ao conhecimento sobre a ação da substância no corpo na época, aliada a uma adesão imposta pelo governo, provocou insegurança e, consequentemente, a rebelião.

Contudo, cerca de cem anos depois, provavelmente devido ao excesso de informação, o movimento antivacina ganhou força novamente em vários países.

No Brasil, o movimento tem seus representantes, e autoridades da área da saúde chamam a atenção para os graves problemas de saúde pública acarretados pela não-vacinação. Isso pode estar sendo motivado por desconfiança da eficácia da vacina ou por negligência em relação às indicações de imunização.

Por isso, abordaremos, neste post, fatos que alertam para o papel do médico nesse contexto. Destacaremos, também, alguns fatores que evidenciam o quão prejudicial é para a saúde pública o fato de a população não estar vacinada — e, muitas vezes, fazer essa opção deliberadamente.

Nosso objetivo é que você esteja mais embasado para orientá-los sobre essa questão. Afinal, conscientizar os pacientes da sua importância é o primeiro passo para reverter a possibilidade de um cenário preocupante, não é mesmo? Confira!

A falta de acesso à vacina da população brasileira

As vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde passam por um processo rigoroso de avaliação de qualidade, obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial da Saúde. Garantem, portanto, segurança, potência e estabilidade aos usuários. Esse é um dos argumentos a serem apresentados.

A vacina é um recurso que causa impactos positivos na saúde pública, e não aderir à vacinação traz diversas implicações, sobretudo para as camadas mais desfavorecidas. Ela foi responsável pela erradicação de doenças como sarampo, poliomielite, varíola e rubéola. E, hoje, atua fortemente em campanhas contra a gripe, por exemplo. Por isso, é essencial que você, médico, tenha uma postura ativa para orientar a população sobre a importância da imunização.

Segundo a UNICEF, anualmente, quase dois milhões de crianças em todo o mundo ainda morrem por falta de acesso às vacinas. Devido ao custo da administração, a escassez dos sistemas de saúde, deficiências no setor saúde no governo e, em alguns casos, conflitos internos, muitas pessoas ficam sem se vacinar.

Foi registrado, nos últimos anos, uma queda na administração das vacinas pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite) e BCG (que protege contra a tuberculose), o que fez com que a cobertura vacinal caísse de 98% para 90%, segundo dados do Programa Nacional de Imunização.

Por que optam pela não-vacinação?

Com a queda da cobertura vacinal, ficando abaixo do esperado em, pelo menos, seis tipos de vacinas (hepatite A, rotavírus, influenza, HPV, poliomielite, pentavalente e meningocócica C), sobretudo, em crianças, o Ministério da Saúde verificou que um grupo de pessoas vem optando por não imunizar seus filhos.

Os motivos pela opção de não-vacinação é a suposta ideia de que as vacinas trariam reações, tais como danos cerebrais e autismo; por questões ideológicas, religiosas e culturais; e pela resistência à imposição da indústria farmacêutica.

Pesquisadores afirmam que esses efeitos colaterais não ocorrem e não existe correlação científica entre essas patologias e a vacinação. Isso não significa dizer que não existam efeitos colaterais; no entanto, as chances de se contrair a doença, ao não tomar a vacina, são maiores do que qualquer risco imposto pela dose recebida.

Os equívocos do movimento antivacina

O movimento antivacina, ainda pouco organizado no Brasil, é crescente em todo o mundo. A disseminação de informações desse movimento ocorre, principalmente, por grupos de pais nas redes sociais, como no Facebook, que divulgam, sem base científica, supostos efeitos colaterais provocados pelas vacinas.

Como você deve saber, não tomar a vacina representa um perigo extremamente elevado à saúde pública, visto que as famílias que optam por esse caminho estão considerando somente um suposto efeito individualizado da prática, deixando de lado a consequência em nível macro e social.

Por se tratar de um movimento desprovido de ciência, a classe médica precisa ser mais ativa para combater a disseminação de falsas informações.

O avanço desses movimentos deve ser observado com atenção, pois as doenças podem voltar a circular se a cobertura vacinal cair — e você, como profissional da área da saúde, precisa ter isso em mente na hora de orientar os pacientes.

A não-vacinação como causa de surtos de doenças

Muitas doenças estão sob controle precisamente por causa da vacinação. Quando ocorre queda nas taxas de cobertura dessas vacinas, a doença reaparece, como aconteceu recentemente com o sarampo em alguns países da Europa e Estados Unidos.

O ressurgimento de enfermidades por decisão de grupos contrários às vacinas trouxe consequências para muitos países. Na Europa, epidemias de rubéola foram registradas. Já doenças como caxumba e coqueluche foram percebidas com maior incidência nos Estados Unidos. No Brasil, surtos do gênero ainda são pequenos e foi interessante a adesão da população em relação à vacinação contra a febre amarela.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), principal conjunto de normas que trata da defesa dos direitos dos menores de 18 anos, considera obrigatória a vacinação da criança, de acordo com as recomendações sanitárias. Embora o não cumprimento dessa lei não represente um crime passível de prisão, os pais que priorizam não vacinar os filhos podem sofrer punições.

Em alguns casos, podem responder por crime de abandono, omissão dolosa ou culposa. Exemplos assim também acontecem na Austrália, onde a não-vacinação é monitorada e, para contê-la, foram determinadas diferentes regras.

Uma das maiores taxas de rejeição em relação a tomar vacinas, porém, está na França. O governo francês anunciou que as crianças receberão onze vacinas obrigatórias, caso contrário, serão impedidas de frequentar as escolas ou creches.

Essa regra busca eliminar o ceticismo nacional e ampliar a cobertura de vacina. Além disso, os pais que evitarem a vacinação de seus filhos serão condenados a dois anos de prisão e pagarão uma multa de 30.000 (trinta mil) euros.

É importante ressaltar que não apenas o Governo Federal brasileiro, mas os Estados e os Municípios, em parceria com os médicos, também têm papel fundamental na vigilância dos dados de vacinação, avaliando os motivos e trabalhando no estímulo da população.

Apesar de a escolha por não tomar vacina ocorrer em âmbito individual, o impacto da atitude deve ser pensado considerando a população como um todo, pois a imunização possui uma função coletiva.

Há casos de pessoas que optam por não vacinar e apresentam boas condições financeiras — nesse caso, elas podem receber assistência; porém, o contato entre pessoas de níveis diferentes pode passar as falhas da vacina adiante, deixando os grupos mais vulneráveis prejudicados.

Os benefícios da vacinação são tão expressivos que a atitude do médico de indicá-la é simples. Portanto, faça a sua parte e seja claro e objetivo ao orientar os seus pacientes sobre a necessidade de manter a vacinação em dia. Além disso, resgate a relação de confiança com eles, para que as práticas de imunização sejam efetivas.

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