Síndrome dos Ovários Policísticos: como é diagnosticada?

27/10/2025
6
10
Minutos de leitura
por:
equipe afya educacao médica
Compartilhar
Copy to Clipboard.
Compartilhar url

META: SOP: entenda causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos para controlar hormônios e preservar a fertilidade.

A síndrome dos ovários policísticos é algo que pode ser chamado de um "problemão". A condição afeta muitas mulheres em idade reprodutiva e pode gerar uma série de consequências negativas para a saúde dessas pacientes.

E o pior? Muitas delas passam a vida inteira sem saber que têm a condição. Ao normalizar atrasos na menstruação, dificuldades reprodutivas e outros sintomas, as mulheres seguem sem um bom diagnóstico de uma das síndromes femininas mais comuns.

O objetivo desse artigo é ajudá-lo(a) a relembrar pontos importantes e, quem sabe, orientar na atualização sobre o tema e, consequentemente, na melhora do atendimento ao seu paciente. Vamos lá?

O que é a SOP e suas causas?

Aqui, estamos falando sobre uma condição hormonal. A síndrome dos ovários policísticos é uma disfunção responsável pela liberação de um excesso de andrógenos (hormônios masculinos).

Por consequência, as pacientes apresentam alterações na ovulação, o que leva à formação de pequenos cistos nos ovários, que dão o nome à condição.

Quais são as possíveis causas para a síndrome?

Infelizmente, a ciência segue sem uma resposta concreta sobre o assunto. O que temos são teorias que podem contribuir para o surgimento da SOP.

A primeira delas é a predisposição genética, pois há uma correlação entre o risco de desenvolvimento e a ocorrência de casos na família. No entanto, isso não é tudo: a resistência à insulina também costuma ser algo presente, pois eleva a produção de andrógenos e desregula o ciclo.

Por fim, há também uma teoria associada à inflamação crônica. Quando em baixo grau, ela também parece ter o poder de estimular a produção dos tais hormônios masculinos.

Quais são os sintomas e fatores de risco da SOP?

Agora, vamos falar sobre os principais sinais clínicos da condição! A síndrome dos ovários policísticos (SOP) não tem uma "receita de bolo", e cada paciente desenvolverá sintomas bem distintos. Apesar disso, muitas vezes eles seguem um padrão.

Confira a seguir:

Irregularidade menstrual

Esse é o mais clássico! A alteração no ciclo menstrual está comumente presente entre as pacientes afetadas.

Nesse caso, é bem frequente que os ciclos fiquem longos, com intervalos superiores a 35 dias, ou que a menstruação falhe por meses. Em outros casos, podem ocorrer sangramentos muito intensos.

O motivo para isso é a ausência regular de ovulação e, por isso, a SOP prejudica a fertilidade. A dica que pode ser passada para as pacientes é marcar os dias de menstruação, algo que pode ser feito com o apoio de aplicativos para smartphones.

Sinais de excesso de andrógenos

Vamos ao segundo sinal. Outro ponto marcante é o excesso de hormônios andrógenos, que são hormônios masculinos presentes em pequenas quantidades nas mulheres.

Quando estão elevados, podem provocar:

  • acne persistente;
  • aumento de pelos em áreas como rosto, peito e abdômen;
  • queda de cabelo no padrão masculino, ou seja, na região das "entradas" e no topo da cabeça.

Por conta disso, é muito frequente que a autoestima das mulheres afetadas também seja prejudicada. Assim, a SOP evolui para uma condição que vai além da reprodução, atingindo também a saúde mental.

Dificuldade para engravidar

Já falamos sobre isso, mas vale a pena ressaltar! A infertilidade feminina é, muitas vezes, causada pela SOP. Isso ocorre por conta das dificuldades da ovulação.

No entanto, atenção: embora não torne a gravidez impossível, pode exigir acompanhamento médico e, em alguns casos, tratamento específico para induzir a ovulação. Por isso, pode ser que uma paciente esteja grávida ou até mesmo tenha vários filhos, mas mesmo assim tenha SOP.

Alterações metabólicas

Por fim, além dos sintomas hormonais, a síndrome frequentemente está ligada a mudanças no metabolismo. Esse motivo é o que faz com que questões como o ganho de peso sejam uma das principais queixas no consultório.

Além disso, elas podem desenvolver resistência à insulina, o que aumenta o risco de diabetes tipo 2 e outras complicações, como colesterol alto e hipertensão. Ou seja: é um assunto de saúde integral.

Como você pôde ver, os sintomas podem ser até inespecíficos e estarem ligados a outras condições, como endometriose, adenomiose e até câncer de ovário. Por isso, é bem importante orientar a paciente rumo a um diagnóstico preciso, solicitando os exames necessários.

Como é feito o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos?

E por falar nisso, como a síndrome é diagnosticada? Esse processo, na maioria das vezes, costuma ser bem simples. Em primeiro lugar, o profissional deve avaliar o histórico menstrual e sintomas (e, por isso, aqueles aplicativos costumam ser bem úteis).

Segundo os critérios de Rotterdam, a SOP é confirmada quando pelo menos dois dos três sinais estão presentes: irregularidade ovulatória, excesso de andrógenos e morfologia policística dos ovários.

Por isso, em segundo lugar, podem ser solicitados exames de checagem dos hormônios para conhecer melhor o paciente. Mas, o padrão-ouro para fechar o diagnóstico é, sem dúvidas, a ultrassonografia pélvica ou transvaginal. Por isso, muitas vezes, esses testes nem chegam a ser solicitados.

Em alguns casos, pode ser indicada uma histeroscopia diagnóstica para descartar outras alterações uterinas. No entanto, isso é um pouco mais incomum.

E, por fim, atenção: é fundamental diferenciar a SOP de condições como o transtorno disfórico pré-menstrual, que tem sintomas emocionais marcantes. Isso reforça a importância de um bom diagnóstico!

Quais são os tipos de tratamento para a SOP?

A SOP é uma condição sem cura definitiva. É importante explicar isso para as pacientes mas, ao mesmo tempo, mostrar que os tratamentos costumam ser bem eficazes.

Confira, a seguir, as indicações terapêuticas mais comuns!

Mudanças no estilo de vida

O primeiro passo é orientar a paciente a mudar alguns hábitos no dia a dia, que podem contribuir para a melhora dos sintomas. O primeiro é a alimentação balanceada, com redução de açúcares e aumento de fibras.

Depois, temos a prática regular de atividade física, que acaba melhorando a resistência insulínica e ajudando no controle (e até mesmo na perda) de peso, especialmente quando associada a uma boa dieta.

Tratamento medicamentoso

Além disso, há alguns medicamentos que podem ser utilizados. O principal é o anticoncepcional oral combinado, que auxilia na regulação do ciclo menstrual, diminuindo o excesso de hormônios masculinos.

No entanto, isso não é tudo. A administração de medicamentos para a resistência insulina e os indutores de ovulação (para quem deseja engravidar) também são comumente associados.

Procedimentos específicos

Em casos mais resistentes, pode ser indicada cirurgia laparoscópica (drilling ovariano) para estimular a ovulação. Esse procedimento é considerado quando outros tratamentos não apresentam resultado e indicado apenas para as mulheres que desejam gestar.

É possível prevenir a SOP?

Resumidamente, não. No entanto, uma vida com hábitos saudáveis é sempre bem-vinda e, nesse caso, ajuda a reduzir os sintomas e os riscos de desenvolver a síndrome.

Como você pôde ver, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição frequente, mas que pode ser diagnosticada e controlada com acompanhamento médico adequado. Oriente as suas pacientes a buscarem cuidados ginecológicos caso elas apresentem esses sinais!

Quer receber mais conteúdos atualizados sobre saúde feminina e endocrinologia? Assine a newsletter da Afya Educação Médica e mantenha-se sempre bem informada.

Artigo por:
Quer saber mais?
Selecionamos alguns posts que você pode gostar!