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26.6.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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A tensão pré-menstrual (TPM) é uma realidade familiar para muitas mulheres, caracterizada por sintomas como cansaço, alterações de humor, tristeza e desconforto físico. No entanto, para algumas, esses sintomas podem se intensificar a ponto de se tornarem quase incapacitantes. Esse é o cenário do transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), muitas vezes descrito como uma "super TPM", principalmente na atuação em Ginecologia Ambulatorial.
O TDPM afeta entre 3% e 8% das mulheres em idade fértil, trazendo não apenas os sintomas físicos típicos da TPM, como cólicas e inchaço, mas também uma carga emocional intensa. Mulheres com TDPM podem enfrentar dificuldades significativas em suas vidas diárias, desde a capacidade de trabalhar e se relacionar até o autocuidado básico.
Diante da complexidade e do impacto significativo dessa condição, é fundamental compreender profundamente essa condição para oferecer o melhor cuidado médico. Continue a leitura para explorar mais sobre os sintomas, diagnóstico e opções de tratamento, visando proporcionar alívio para as pacientes!
A tensão pré-menstrual, também conhecida como síndrome pré-menstrual (SPM), é um conjunto de sintomas físicos e emocionais que muitas mulheres experimentam antes do início do ciclo menstrual. A principal causa da TPM está relacionada às alterações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual.
Essas mudanças hormonais afetam o sistema nervoso central, especialmente a interação entre os hormônios sexuais femininos, as endorfinas (substâncias ligadas à sensação de prazer) e os neurotransmissores, como a serotonina. A complexa interação entre esses elementos pode contribuir para os sintomas emocionais e físicos experimentados durante a TPM.
A TPM é caracterizada por uma variedade de sintomas emocionais e físicos que podem variar em intensidade e duração. Os sintomas emocionais comuns incluem depressão, tristeza intensa, irritabilidade, ansiedade, insônia, alterações no apetite, sonolência e dificuldade de concentração.
Os sintomas físicos associados à TPM abrangem dor de cabeça, alterações no apetite, acne, ganho temporário de peso, inchaço nas mamas, dores musculares e articulares, e sensação de inchaço abdominal. Esses sintomas podem afetar significativamente o bem-estar e a qualidade de vida das mulheres durante o período pré-menstrual.
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O TDPM é uma forma grave de TPM, e envolve uma intensidade extrema dos sintomas, chegando a ser debilitante para muitas mulheres. Os sintomas do TDPM podem interferir significativamente na rotina diária, prejudicando o desempenho no trabalho, nos estudos e nas relações pessoais, impactando negativamente a qualidade de vida.
Durante o ciclo menstrual, os hormônios femininos, como estrogênio e progesterona, sofrem flutuações significativas. Essas variações hormonais podem afetar a produção de neurotransmissores essenciais para a regulação do humor, como a serotonina e a dopamina.
Quando ocorre desequilíbrio nesses neurotransmissores, a mulher pode experimentar sensibilidade aumentada, tristeza, irritabilidade e falta de disposição. O TDPM é resultado desse desequilíbrio hormonal mais pronunciado, que interfere de forma substancial na vida cotidiana das mulheres afetadas, prejudicando suas atividades diárias e relacionamentos.
Reconhecer os sintomas e orientar suas pacientes sobre o tratamento adequado são passos cruciais para melhorar o bem-estar e minimizar o impacto dessa condição na qualidade de vida das mulheres. Além das manifestações da TPM, os principais sintomas do TDPM incluem:
A principal diferença entre a TPM comum e o TDPM é a intensidade e a duração dos sintomas. Enquanto a TPM é caracterizada por sintomas emocionais e físicos que podem variar em gravidade e geralmente se manifestam de forma mais leve a moderada, o TDPM envolve uma intensidade muito maior desses sintomas, além de uma gama mais ampla de manifestações físicas.
Na TPM comum, os sintomas podem incluir irritabilidade, tristeza, dor nas mamas, dor lombar, enxaqueca e agressividade, geralmente ocorrendo entre a primeira e segunda semana do ciclo menstrual. Esses sintomas podem surgir até 15 dias antes da menstruação e cada mulher pode ter uma experiência única com a TPM.
Por outro lado, no TDPM esses sintomas são exacerbados e podem incluir uma variedade mais ampla de manifestações físicas, como dores musculares e articulares, inchaço mais pronunciado, aumento significativo de peso temporário, entre outros.
Além disso, os sintomas emocionais do TDPM, como irritabilidade extrema, ansiedade intensa e depressão pronunciada, são mais debilitantes e interferem de forma significativa na vida cotidiana da mulher.
Infelizmente, algumas mulheres que sofrem com TDPM podem não receber um diagnóstico adequado inicialmente, o que pode levar a interpretações errôneas ou autojulgamentos negativos. É essencial que os médicos ginecologistas estejam preparados para oferecer o suporte necessário e o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida das pacientes durante o ciclo menstrual.
O tratamento do TDPM pode variar dependendo da gravidade dos sintomas e das necessidades individuais de cada paciente. Uma abordagem multidisciplinar é frequentemente recomendada para aliviar os sintomas intensos e proporcionar melhor qualidade de vida durante o ciclo menstrual.
A psicoterapia desempenha um papel fundamental no tratamento do TDPM, oferecendo suporte emocional e estratégias práticas para lidar com os sintomas. O autoconhecimento adquirido por meio da terapia pode ajudar as mulheres a entenderem seus corpos e sentimentos, permitindo uma melhor gestão dos sintomas pré-menstruais.
Durante o acompanhamento psicológico, as pacientes aprendem a gerenciar as oscilações de humor de forma saudável, minimizando o impacto negativo em relacionamentos, saúde mental e desempenho profissional. Além disso, a terapia pode identificar e tratar transtornos mentais associados, como a depressão, que às vezes podem estar relacionados ao TDPM.
Os medicamentos psiquiátricos são frequentemente utilizados para estabilizar o humor e controlar os sintomas depressivos associados ao TDPM. Os antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), são comumente prescritos para aumentar os níveis de serotonina no cérebro e reduzir os sintomas depressivos.
Em alguns casos, medicamentos para regulação do ciclo menstrual, como anticoncepcionais, podem ser prescritos para controlar os sintomas pré-menstruais.
Os anticoncepcionais podem impedir a ovulação e regular os hormônios, o que pode resultar em uma melhora dos sintomas do TDPM. No entanto, é importante considerar os aspectos individuais da saúde da mulher ao optar por essa abordagem.
Assim como na menopausa, adotar hábitos de vida saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, também pode ser benéfico no manejo dos sintomas do TDPM. Uma dieta rica em nutrientes e a atividade física regular podem ajudar a regular os hormônios e promover o bem-estar geral, contribuindo para uma redução dos sintomas pré-menstruais.
O transtorno disfórico pré-menstrual é uma condição séria que pode impactar profundamente a vida das mulheres que o vivenciam
Reconhecer os sintomas e oferecer tratamento adequado são passos cruciais para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida das pacientes com TDPM. Se você, como médico, identifica sintomas graves pré-menstruais em suas pacientes, é fundamental oferecer orientação médica especializada para avaliação e apoio adequados. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem fazer uma diferença significativa na experiência das mulheres que sofrem com essa condição.
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