Veja como a adenomiose e os seus sintomas podem afetar o bem-estar e a qualidade de vida da mulher!
A adenomiose não é uma doença muito comum, tanto na mídia quanto nas discussões entre os profissionais da saúde. Por isso, é possível que você tenha visto algo sobre ela na graduação, mas precise relembrar alguns conceitos importantes.
Então, é hora de tirar algumas dúvidas importantes e talvez conhecer (ou relembrar) detalhes que podem fazer toda a diferença nos cuidados com a sua paciente nas consultas ginecológicas!
Neste artigo, vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre a adenomiose: o que é, queixas mais comuns, métodos de tratamento, abordagens diagnósticas e muito mais. Vamos lá?
Qual é o panorama das doenças uterinas?
As doenças que afetam o útero são diversas e podem ter impactos significativos na saúde da mulher. Entre as mais comuns, destacam-se as condições abaixo. Dê uma olhada!
Miomas uterinos
Os miomas uterinos, por exemplo, são tumores não cancerígenos que afetam boa parte das mulheres em idade fértil, podendo causar desde sangramentos intensos até infertilidade, dependendo de seu tamanho e localização.
Endometriose
A endometriose, outra condição prevalente, ocorre quando o tecido endometrial se implanta fora da cavidade uterina, frequentemente causando dor pélvica crônica e complicações reprodutivas.
Adenomiose
Já a adenomiose, muitas vezes confundida com a endometriose, caracteriza-se pela migração do endométrio para a camada muscular do útero, levando a cólicas intensas e sangramentos prolongados.
Pólipos endometriais
Os pólipos endometriais, por sua vez, são pequenas formações dentro da cavidade uterina, que podem causar sangramentos irregulares e, em alguns casos, dificultar a implantação do embrião. Embora geralmente sejam benignos, podem exigir remoção caso provoquem sintomas ou apresentem risco de malignidade.
O que é adenomiose?
Imagine que o revestimento interno do útero resolve se infiltrar na parede muscular do órgão — é basicamente isso que acontece na adenomiose. Essa condição ocorre quando o endométrio se implanta no miométrio, a camada muscular uterina. E o pior: esse tecido "fora do lugar" continua respondendo aos hormônios menstruais.
O resultado? Um útero que fica inchado, dolorido e irritado. Muitas mulheres descrevem a sensação como uma cólica menstrual multiplicada por dez — aquela dor profunda que não alivia com remédios comuns.
Nesses quadros, o útero pode aumentar de tamanho, às vezes chegando a parecer que está no segundo mês de gravidez. Os sangramentos também costumam ser mais intensos e prolongados, podendo levar até a anemia em casos mais severos.
Embora possa aparecer em qualquer fase reprodutiva, a adenomiose é mais frequente entre mulheres de 35 a 50 anos, especialmente nas que já tiveram múltiplas gestações. Curiosamente, muitas vezes ela aparece de mãos dadas com outras condições — muitas das mulheres com adenomiose também têm miomas, e outras apresentam endometriose simultaneamente.
Quais são os sintomas da adenomiose?
Os sinais e sintomas variam de acordo com a extensão da doença. Além disso, podem ser inespecíficos e estar associado a uma grande variedade de outras condições ginecológicas. Veja a seguir!
Hipermenorreia
O sinal mais característico é a menstruação abundante, com um fluxo a ser considerado. Além disso, ela pode não ser apenas mais intensa, mas também durar até duas semanas, muitas vezes acompanhada de coágulos grandes.
Dismenorreia
A dor é outra marca registrada da condição. Não se trata daquela cólica menstrual comum, mas de uma dor pélvica profunda que começa antes da menstruação e persiste durante todo o ciclo, como se o útero estivesse constantemente "contraído".
Sangramento fora do período menstrual
Também é possível que algumas mulheres relatem sangramentos em momentos que não correspondem ao momento da menstruação em seus ciclos.
Dispareunia
Além disso, muitas mulheres relatam que a dor irradia para as costas e pernas, e piora significativamente durante a relação sexual, especialmente em posições com penetração mais profunda.
Aumento do volume uterino
Em exames de imagem, é possível observar um aumento do volume uterino em mulheres com adenomiose. Por isso, é importante correlacionar esses testes com os achados clínicos e as queixas obtidas durante a anamnese.
Sensação de pressão pélvica
Outra descrição muito comum de sintomatologia é a pressão pélvica, que é relatada por uma grande quantidade de mulheres em simultâneo à dor e ao desconforto.
Outros sintomas
O impacto vai além do físico: a combinação de dor crônica, sangramento excessivo e desconforto sexual pode levar a quadros de ansiedade, fadiga constante e até anemia ferropriva. Então, tais queixas também são importantes e devem ser consideradas.
Mas, atenção: em uma boa quantidade de casos, a adenomiose pode ser assintomática, sendo descoberta apenas em exames de rotina.
Quais são as causas da adenomiose?
A Medicina ainda está desvendando os mecanismos exatos por trás da adenomiose, mas algumas teorias ajudam a explicar por que esse tecido endometrial resolve se infiltrar na parede muscular do útero. Vamos conhecer algumas delas?
Repetição de “traumas”
A hipótese mais aceita sugere que traumas repetidos no útero, como partos normais, cesarianas ou curetagens, podem enfraquecer a barreira natural entre o endométrio e o miométrio, permitindo que células do revestimento uterino se aprofundem onde não deveriam.
Diferenciação de células
Outra linha de investigação aponta para células-tronco presentes na parede uterina que, por razões ainda não totalmente compreendidas, começam a se diferenciar em tecido endometrial fora do lugar.
Atuação hormonal
Os hormônios femininos, especialmente o estrogênio, parecem atuar como "combustível" para esse processo. É por isso que a adenomiose raramente ocorre antes da puberdade e geralmente regride após a menopausa, quando os níveis hormonais caem.
Fatores de risco
Por fim, alguns fatores aumentam significativamente o risco:
- mulheres entre 35 e 50 anos;
- múltiplas gestações (especialmente aquelas que tiveram partos complicados ou cesáreas).
Além disso, como mencionado, algumas mulheres com adenomiose também têm endometriose, sugerindo que essas condições podem compartilhar mecanismos semelhantes, embora se manifestem de formas diferentes.
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Afinal, quais são as diferenças entre adenomiose e endometriose?
Embora sejam frequentemente confundidas (até mesmo por alguns profissionais da saúde), a adenomiose e a endometriose são condições distintas com características próprias.
A principal diferença está no "endereço" do tecido endometrial fora do lugar: na adenomiose, ele se infiltra na parede muscular do próprio útero, enquanto na endometriose viaja para órgãos distantes, como ovários, trompas e até intestino e bexiga.
Os sintomas também seguem padrões diferentes. A adenomiose costuma se anunciar com sangramentos menstruais abundantes (a ponto de exigir troca de absorvente a cada hora) e cólicas profundas que pioram progressivamente.
Já a endometriose se caracteriza por dor pélvica crônica que persiste durante todo o ciclo, especialmente durante as relações sexuais ou ao evacuar, além de estar mais fortemente associada à dificuldade para engravidar.
O diagnóstico também segue caminhos distintos: enquanto a adenomiose pode ser identificada por um bom ultrassom transvaginal ou ressonância magnética, a endometriose frequentemente exige uma laparoscopia (procedimento cirúrgico) para confirmação definitiva.
E, por fim, a idade de maior incidência também varia. Como você viu, a adenomiose é mais comum perto dos 35-50 anos, já a endometriose costuma "dar as caras" mais cedo, entre os 25-35 anos.
Qual é a abordagem diagnóstica da adenomiose?
E já que falamos sobre diagnóstico, que tal relembrar como é a abordagem para identificar a condição? Confira abaixo!
História clínica e exame físico
No exame físico, o médico pode perceber um útero aumentado e sensível à palpação, com aquela textura característica que alguns descrevem como "bolo inchado".
Ultrassom transvaginal
Mas é nos exames de imagem que a peça se encaixa: o ultrassom transvaginal moderno consegue captar o espessamento da zona de junção e aquelas áreas heterogêneas típicas na parede muscular uterina.
Ressonância magnética
Quando há dúvidas ou necessidade de avaliar a extensão exata do problema, a ressonância magnética entra em cena como o exame mais preciso, capaz de mostrar em detalhes a infiltração do endométrio no miométrio, diferenciando claramente a adenomiose de condições parecidas como miomas.
Histeroscopia e biópsia
Em casos mais complexos ou quando há suspeita de outras doenças associadas, pode-se recorrer a procedimentos como histeroscopia ou biópsia, mas geralmente os métodos não invasivos já fornecem respostas suficientes.
O importante é que, ao contrário do que acontecia no passado, hoje não é mais necessário esperar pela análise do útero após uma histerectomia para fechar o diagnóstico. Isso porque os avanços na imagem permitem identificar a adenomiose com segurança, abrindo portas para tratamentos precoces e mais conservadores.
Quais são os diagnósticos diferenciais?
Nem tudo é o que parece ser! Continue a leitura para conferir alguns possíveis diagnósticos diferenciais envolvendo a adenomiose.
Mioma uterino
Os miomas uterinos lideram a lista de confusões. Ambos causam aumento do útero e sangramento intenso, mas enquanto os miomas são nódulos bem delimitados, a adenomiose cria uma infiltração difusa que deixa o útero com textura esponjosa.
Endometriose
A endometriose, por sua vez, divide com a adenomiose as cólicas incapacitantes, mas se instala fora do útero, um detalhe bem importante que só exames de imagem ou laparoscopia podem revelar.
Pólipos e hiperplasia endometriais
Pólipos endometriais e hiperplasia endometrial reproduzem o sangramento anormal, mas ficam restritos ao revestimento interno do útero.
Câncer de endométrio
Já o câncer de endométrio, que exige atenção redobrada em mulheres após os 45 anos, pode simular sangramentos irregulares, porém com padrão histológico totalmente diferente.
Doença Inflamatória Pélvica ou Síndrome do Intestino Irritável (SII)
Algumas pacientes descobrem que sua "dor pélvica ginecológica", na verdade, vem de uma Doença Inflamatória Pélvica mal curada ou até da Síndrome do Intestino Irritável, condições que exigem tratamentos completamente distintos.
Quais são os tratamentos disponíveis para a adenomiose?
O manejo da adenomiose não segue um protocolo único. Na verdade, ele é determinado de acordo com a intensidade dos sintomas, a idade da paciente e, principalmente, seus planos reprodutivos. Para muitas mulheres, a combinação de medicamentos simples com ajustes hormonais já traz alívio significativo.
Vamos conhecer mais sobre o assunto?
Controle clínico
A primeira linha de defesa inclui anti-inflamatórios para domar as cólicas incapacitantes, enquanto métodos hormonais como pílulas de uso contínuo ou o DIU hormonal atuam na origem do problema, reduzindo o sangramento excessivo.
Quando esses recursos falham, os análogos de GnRH (que criam uma "menopausa temporária") podem ser usados por períodos curtos, especialmente antes de procedimentos cirúrgicos.
Alternativas cirúrgicas
Para quem já completou a família, a histerectomia (remoção do útero) ainda é o único tratamento definitivo, mas técnicas como a adenomiomectomia, que remove apenas as áreas afetadas, preservam a fertilidade em casos selecionados.
Terapias inovadoras
Procedimentos minimamente invasivos como a embolização da artéria uterina (que "desliga" o fluxo sanguíneo para as áreas problemáticas) e a ablação por ultrassom focalizado (que destrói o tecido doente com calor) estão ganhando espaço como opções intermediárias.
A escolha do tratamento sempre considera o impacto na qualidade de vida: mulheres jovens com sintomas leves podem optar por acompanhamento, enquanto aquelas com sangramentos debilitantes muitas vezes encontram nos hormônios ou dispositivos intrauterinos um bom controle.
Já para casos avançados em mulheres que não desejam mais filhos, a cirurgia radical pode ser a chave para retomar o bem-estar. Por isso, é importante pesar não apenas a saúde ginecológica, mas sim considerar a paciente como um todo para uma boa escolha.
A adenomiose prejudica a fertilidade?
A ciência ainda está desvendando como exatamente a adenomiose pode atrapalhar os planos de quem deseja engravidar. Diferente da endometriose, cujo impacto na fertilidade é mais estabelecido, a adenomiose apresenta um desafio mais sutil, porém igualmente relevante.
Estudos sugerem que o tecido endometrial infiltrado na parede uterina pode comprometer a fertilidade de várias formas. Primeiro, ao distorcer a arquitetura do útero, prejudicando aqueles movimentos sutis necessários para transportar os espermatozoides.
Segundo, ao criar um ambiente inflamatório crônico que pode interferir na implantação do embrião. Não por acaso, mulheres com adenomiose apresentam até três vezes mais risco de abortamento espontâneo.
O grau de comprometimento varia conforme a extensão da doença. Casos leves podem não representar obstáculo significativo, enquanto adenomioses difusas, especialmente aquelas que deixam o útero muito aumentado, costumam demandar ajuda especializada.
As boas notícias? Muitas mulheres com adenomiose conseguem engravidar naturalmente. E quando há dificuldade, técnicas como fertilização in vitro (FIV) podem contornar parte dos problemas, especialmente se combinadas com tratamento prévio para reduzir a inflamação uterina.
A adenomiose é uma condição comum, mas ainda subdiagnosticada, que pode significativamente impactar a qualidade de vida da mulher. Com os avanços nos métodos diagnósticos e terapêuticos, hoje é possível oferecer tratamentos mais eficazes e personalizados. Por isso, esteja atento(a) às queixas das pacientes e solicite exames sempre que necessário.
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