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26.5.2022
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Equipe Afya Educação Médica
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A tomada da decisão compartilhada passou a ser difundida nos anos 1980 e consiste em um processo pelo qual médico e paciente avaliam juntos as opções terapêuticas disponíveis diante do quadro de saúde do paciente e definem por qual caminho seguir a partir das melhores evidências disponibilizadas pela ciência até aquele momento.
Para que essa tomada de decisão ocorra com mais tranquilidade, contudo, é fundamental que o profissional deixe claro para o paciente as diferenças entre cada uma das opções terapêuticas disponíveis, bem como seus benefícios e eventuais efeitos colaterais ou prejuízos.
Para isso, existem diferentes mecanismos, que vão desde o esclarecimento no consultório até a oferta ou indicação de materiais de apoio com o qual o paciente possa se preparar para as consultas ou consultar posteriormente. O mais relevante, entretanto, é que o paciente seja de fato informado sobre as possibilidades para o caso dele e sinta-se seguro com relação à opção adotada.
Um estudo revisional realizado por Stacey et al., e presente na base de dados dos sistemas de revisão de Cochrane, indica que pessoas que são apresentadas a auxiliadores de decisão (panfletos, vídeos, ferramentas de internet, informativos em geral sobre a condição de saúde e opções de tratamento) aderem a linhas de tratamento melhores do que aquelas que não têm acesso a esses materiais. Ou seja, quando o paciente é apresentado às opções terapêuticas existentes, assim como aos seus benefícios e malefícios, tendem a fazer escolhas melhores.
Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores revisaram os materiais existentes e incluíram 18 novas pesquisas à revisão, totalizando 105 estudos envolvendo 31.043 pessoas. As decisões avaliadas consideraram situações como:
A revisão indicou ainda outras evidências em relação ao que os estudiosos chamaram de auxiliadores de tomada de decisão:
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Um estudo publicado pela Revista da Associação Médica Brasileira, realizado com pacientes do serviço de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, indica que entre a amostra estudada, 82,2% das pessoas desejavam ser informadas sobre as opções terapêuticas, mas quando a questão era participar da decisão terapêutica, o percentual era reduzido para 50,8%.
O estudo envolveu 363 pessoas atendidas no ambulatório ou internadas no serviço do HC- FMUSP. Elas foram entrevistadas sobre o desejo de serem informadas sobre o diagnóstico de doenças graves, como cânceres e síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids), sobre o desejo de que seus familiares fossem comunicados sobre tais diagnósticos, assim como sobre o desejo de serem informados sobre opções terapêuticas e participarem das decisões no caso de presença de tumores abdominais.
Classificando os pacientes por gênero, os últimos itens da pesquisa revelaram que 86% das mulheres queriam ser informadas sobre opções terapêuticas, enquanto 76,6% dos homens demonstraram o desejo de serem comunicados. Quanto à participação na tomada de decisões, 58,5% das mulheres afirmaram que gostariam de participar, contra 36,9% dos homens.
Os dados podem indicar, portanto, que embora possam não se sentirem tão preparados para participar da tomada de decisões, a maioria dos pacientes deseja, ao menos, ser informada quanto às opções terapêuticas existentes para o seu quadro de saúde.
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