X Fechar
Em breve você receberá uma confirmação da assinatura da nossa newsletter por e-mail!
Oops! Algo deu errado, tente novamente.
Sem spam. Cancele a inscrição a qualquer momento.
Blog
Tratamento da dor nas costas: 10 pontos-chave sobre autogestão

Tratamento da dor nas costas: 10 pontos-chave sobre autogestão

A dor nas costas tem sido a principal causa de anos vividos com incapacidade desde 1990, segundo a International Association For The Study of Pain. À medida que a população global aumenta e envelhece, o número de pessoas com dor lombar só aumenta. E muitos questionam: qual é a melhor forma de tratamento da dor nas costas? Qual é o papel da autogestão e do autocuidado no controle desta dor?

Embora a prevalência seja maior na faixa etária de 80 a 89 anos, o maior número de pessoas com dor nas costas está atualmente na faixa dos 50 a 54 anos. Isso preocupa as instituições de todo o mundo e deve ser um alerta para os médicos também.

Os fatores relacionados com a dor lombar podem ser vários, incluindo questões biológicas, psicológicas e sociais. Mas o tratamento depende de um trabalho conjunto entre o paciente e o médico. Um recente estudo publicado na Brazilian Journal of Physical Therapy afirma que tem sido defendida uma mudança de paradigma da gestão liderada por médicos de pacientes com doenças crônicas. Neste novo paradigma, defende-se que os pacientes desempenham um papel fundamental em seu próprio cuidado com mudanças de comportamentos.

Por que é importante que os médicos se preocupem com o autogerenciamento da lombalgia?

A maioria das pessoas que sofre de dor nas costas terá episódios recorrentes com dor que vai e volta. Isso gera impacto nas atividades diárias dos pacientes, que procuram médicos especializados em busca de tratamento e amenização da dor. Em geral, as diretrizes clínicas recomendam terapia manual e exercícios supervisionados como tratamento.

Mas, os pesquisadores deste novo estudo afirmam: “o manejo bem-sucedido da dor persistente nas costas não se trata principalmente de médicos que diagnosticam e curam pacientes, mas sim de uma parceria em que os médicos ajudam os indivíduos a viver uma vida boa apesar da dor nas costas”. Isto é, é papel do médico capacitar o paciente com conhecimentos e habilidades para que este consiga autogerenciar sua dor de forma eficiente.

Leia também: Confira as perspectivas de tratamento para a miopatia

10 fatos que o médico deve saber sobre autogestão no tratamento da dor nas costas

Confira o que este estudo aponta sobre a autogestão do paciente no tratamento da dor nas costas:

1. Metas baseadas no valor do paciente devem guiar o cuidado

De acordo com a pesquisa, é importante definir metas individuais, pois isso ajuda os pacientes a identificarem sua motivação para a mudança e gera maior adesão ao planejamento do gerenciamento da dor. Dessa forma, o médico consegue planejar intervenções mais personalizadas e eficientes que apoiem as metas.

Leia também: 5 perfis de pacientes difíceis e dicas de como lidar

2. Tome decisões compartilhadas com o paciente sobre o plano

A definição de metas e o planejamento de intervenções devem ser baseados em tomadas de decisões compartilhadas entre paciente e médico. Com isso, o paciente tem autonomia com a responsabilidade do médico em proteger a segurança dos pacientes. Para isso acontecer, o médico precisa fornecer ao paciente opções e informações sobre as melhores evidências sobre intervenções e terapias.

Essa tomada de decisão em conjunto é um desafio, mas é uma forma de aumentar o engajamento e a adesão do paciente ao tratamento. Além de o médico precisar estar bem informado e atualizado, as habilidades de comunicação aqui são um diferencial.

3. Defina a prontidão do paciente em mudar

No processo de planejamento de ações e definição de metas, a prontidão do paciente em mudar seu comportamento precisa ser analisada e considerada. Para isso, o estudo propõe cinco estágios de mudança de comportamento:

  1.   Pré-contemplação: desconhecimento ou negação sem intenção de mudar comportamentos;
  2.   Contemplação: na dúvida sobre possibilidades de mudança;
  3.   Preparação: quer começar a mudar o comportamento;
  4.   Ação: está mudando comportamentos e utilizando estratégias de autogestão, mas ainda não adquiriu isso como um novo hábito;
  5.   Manutenção: está consolidando novos comportamentos e estratégias de autogestão no dia a dia.

Neste processo, o médico precisa identificar, recursos, barreiras à mudança e desafios para que o paciente mantenha o novo comportamento. No caso dos pacientes nos primeiros dois ou três estágios, eles podem precisar de mais informações. Já aqueles nos últimos estágios podem precisar de maior segurança e feedback positivo.

Leia também: Especialidades médicas: como escolher a ideal?

4. Ajude os pacientes a entenderem seus sintomas

De acordo com esta pesquisa, os pacientes acreditam que a “lombalgia é imprevisível, incontrolável e difícil de entender”. Isso dificulta a capacidade de lidar com essa dor. Por isso, os pesquisadores alertam que é necessário educar os pacientes sobre os mecanismos e o manejo da dor. Com isso, eles podem parar de restringir suas atividades por causa de crenças erradas e medos.

Portanto, os médicos devem direcionar os pacientes a informações adequadas e verídicas sobre a dor nas costas.

5. Ensine habilidades para resolver problemas cotidianos

Ao acompanhar o paciente em exercícios, é possível entender quando os pacientes sentem dor, dificuldade em realizar algum movimento desejado ou medo de realizar algum movimento. Dessa forma, o médico tem a oportunidade de explorar as causas e consequências, incentivando o paciente a explorar movimentos de maneiras diferentes.

O estudo reforça que é importante que o médico não deixe o paciente perder autonomia. Portanto, os exercícios supervisionados podem ser usados como uma ferramenta para praticar habilidades de resolução de problemas do dia a dia.

6. Prepare os pacientes para experiências positivas de movimentos

Ao engajar o paciente novamente em realizar atividades que ele valoriza, o paciente se expõe a movimentos e atividades que ele tem evitado. Por isso, esta pesquisa recomenda a exposição gradual para aumentar gradualmente o desempenho físico. Além disso, essa exposição pode ser uma ferramenta para reformular crenças e proporcionar uma experiência positiva mostrando que o paciente pode se movimentar e ser ativo.

Leia também: Conheça as especialidades médicas com as melhores remunerações

7. Forneça ferramentas para o gerenciamento da dor e das emoções

Pacientes que vivem com lombalgia podem ter episódios de crises e situações com aumento da dor. Portanto, é importante que o médico ajude o paciente com opções de suporte para controlar a dor e os medos ou outras emoções relacionadas com a lombalgia. Algumas opções que o estudo cita são exercícios respiratórios, técnicas de mindfulness e caminhada.

Você tem interesse em se especializar em dor? Conheça nosso curso de Especialização Clínica em Dor!

8. Avalie e discuta com o paciente ajustes dos objetivos

É essencial a reavaliação e reflexão sobre os resultados do tratamento para o processo de aprendizado contínuo do médico e cuidado do paciente. Portanto, pergunte ao paciente se as metas foram alcançadas e questione quais são as barreiras. Dessa forma, é possível ajustar estratégias e necessidades para motivar o paciente.

Leia também: O que é a Medicina do Esporte e como trabalham os médicos especialistas na área?

9. Avalie a compreensão dos pacientes sobre a dor nas costas

Ao avaliar o progresso dos pacientes, é necessário analisar a intenção do cuidado e a compreensão dos pacientes sobre os sintomas. Então, faça perguntas relacionadas com a dor. Por exemplo “O que você acha que acontece quando suas costas doem?”. Assim, é possível aumentar a conscientização.

10. Auxilie os pacientes no planejamento das ações

Segundo a pesquisa, o paciente deve ser encorajado pelo médico a fazer um plano de ação para lidar com futuros desafios e recaídas. Nesta fase, é importante avaliar o estágio de mudança de comportamento e o planejamento de ações.

“Os médicos apoiam o autogerenciamento avaliando as metas, os planos de ação e a fase de mudança valorizados pelo paciente, em vez de definir o sucesso como a cura dos sintomas”, afirmam os pesquisadores. Os pacientes vivem situações de vida muito diferentes, com contextos individuais que devem ser analisados para apoiar a eficácia do controle da dor.