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18.11.2022
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Equipe Afya Educação Médica
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Falhas são inerentes aos seres humanos. Porém, mesmo sendo algo natural, não devem ser normalizadas, sobretudo na área da saúde. Afinal, o que um erro médico pode custar? A resposta é simples: a vida de uma pessoa.
Diante de tamanho impacto, é preciso compreender as principais causas e, consequentemente, adotar medidas para evitá-las. Nem sempre é fácil reconhecer a origem do problema, mas, você pode ter certeza de que ele se associa a vários fatores.
Ele pode ser um problema da instituição de trabalho que não adota protocolos. Porém, também pode ser decorrente da exaustão de trabalho, que retrata uma falha no autocuidado médico. Continue a leitura e entenda melhor!
De modo geral, o erro médico é uma interferência ou falha na prestação de serviços em saúde. De fato, está diretamente associado à prática da Medicina, que gera determinado dano ou agravo, seja ele intencional, seja ele não proposital.
Todo médico ou estudante de Medicina deve ter tido contato, em algum momento, com o juramento de Hipócrates. Apesar de existirem outros juramentos, uma das premissas básicas é a não maleficência na prática diária.
Sendo assim, o erro médico fere diretamente aquilo que foi jurado no momento de conclusão da faculdade e início da carreira. Ele pode ser resumido em imperícia, imprudência ou negligência, de acordo com cada situação.
Na imperícia, há uma falha mais voltada para a falta de habilidade ou experiência em realizar determinada ação. Já na imprudência, a ação foi realizada sem determinada cautela. Por fim, a negligência está mais voltada à omissão às regras.
Vale ressaltar que, por mais que o foco seja no exercício da Medicina, existem diversos outros profissionais responsáveis pelo cuidado com o paciente. Então, por mais que o médico esteja correto, é preciso contar com acertos de toda a equipe envolvida para evitar erros no atendimento médico.
Agora, com o conceito de erro médico bem definido, vamos listar algumas situações que podem aumentar o risco de acontecer uma falha nos serviços de saúde.
A comunicação é essencial em todas as esferas da prática médica. Seja na troca de plantão, seja na atenção primária à saúde, seja numa sala vermelha de urgências e emergências… tudo isso requer uma comunicação clara e precisa.
Na troca de plantão, por exemplo, qualquer informação falha ou mesmo a ausência de diálogo pode ser crucial para um atendimento equivocado. O mesmo vale em urgências, nas quais diversos profissionais estão em contato com o paciente realizando rápidas condutas. Sem comunicação adequada, o risco de erros aumenta consideravelmente, em qualquer situação.
Aqui, uma boa gestão do fluxo de pacientes também pode fazer toda a diferença.
Por mais que a boa comunicação seja essencial, a verificação também se faz muito importante, afinal, um segundo de desatenção pode mudar tudo. Por isso, é fundamental adotar um sistema de checagem, sobretudo envolvendo mais de um profissional.
Exemplo clássico disso são cirurgias de amputação ou remoção de alguma estrutura. Imagine só, se por uma falha na comunicação ou durante as anotações, alguém faz o registro da perna ou do braço contrário. Por isso, a verificação também é importante desde pequenos a grandes casos.
A padronização de processos é um método que faz toda diferença não só na saúde, mas nas mais diversas áreas. Por isso, o uso de protocolos permite que as condutas corretas sejam adotadas, de maneira rápida, prática e assertiva.
Para tornar mais palpável, vamos exemplificar com um assunto muito polêmico e delicado: morte encefálica. Afinal, quando considerar que ela se estabeleceu? Pois bem, existe um protocolo cuidadosamente elaborado para guiar essa avaliação nos casos suspeitos.
E quando o erro médico é decorrente de condições adversas de trabalho? Aqui, podemos imaginar vários cenários da falta de suporte profissional: a falta de insumos de trabalho, a ausência de uma equipe auxiliar qualificada...
Um médico que opta por dar plantões em cidades cujo sistema de saúde é falho ou insuficiente, pode sofrer com a falta de materiais. A ausência de recursos pode ser crucial para erros no diagnóstico e tratamento de doenças.
Agora, dividindo a responsabilidade entre médico e instituições contratantes, a rotina exaustiva merece ser citada. No primeiro aspecto, é preciso ter bastante sabedoria por parte do profissional de entender seus limites físicos e mentais e não excedê-los durante a prática.
Os profissionais da saúde são aqueles que mais sofrem com o burnout. Portanto, tanto médicos como organizações de trabalho devem ter cuidado redobrado para identificar rotinas exaustivas, propor melhorias e, assim, evitar maiores problemas.
Vimos, acima, quais são os principais fatores que aumentam o risco de ocorrer um erro médico. Porém, quais seriam as falhas mais comuns e erros no atendimento médico? Isso você descobre abaixo!
A prescrição de medicamentos é uma das tarefas mais associadas ao exercício da Medicina. Porém, para que tudo ocorra da maneira correta, é preciso pensar no processo como um todo. Isso vai desde a indicação correta até a liberação da prescrição.
Portanto, o primeiro passo é fazer a escolha assertiva de medicamento e dose, considerando indicações e contra indicações. Na sequência, identifique corretamente o paciente e preencha o receituário adequado. Por fim, é preciso contar com a expertise da equipe para concluir corretamente o processo.
Diariamente, os exames complementares podem mudar totalmente a assistência em saúde. Isso porque contribuem com diagnóstico, tratamento e acompanhamento das mais diversas condições.
Sendo assim, os erros nos processos relacionados aos exames podem atrasar o diagnóstico ou mesmo resultar em uma hipótese incorreta. De fato, médico fica refém de prestadores de serviço. Porém, o próprio profissional pode cometer erros na análise.
Novamente, a não maleficência deve ser reforçada na prática médica. O primeiro passo para o sucesso de uma cirurgia é a sua indicação correta. A partir do momento que isso não acontece, os erros podem surgir.
Já vimos o exemplo clássico da amputação do membro errado. Mas ele não é o único! Sendo assim, indicações equivocadas podem aumentar o risco de desfechos desfavoráveis. E não se esqueça: indicações corretas não estão isentas de erros na realização.
Assim como os erros podem ocorrer durante os processos de assistência, também podem ocorrer na prática propriamente dita. De fato, os médicos e enfermeiros contam com uma série de instrumentos para aplicação de medicamentos, realização de biópsias e procedimentos.
Qualquer problema na execução de algo, seja relacionado a uma falha no equipamento, seja relacionado ao mau uso do instrumento, pode acarretar no erro. Por isso, atenção redobrada em todos os casos, mesmo nos procedimentos ambulatoriais, até em grandes cirurgias.
Por fim, uma prática simples, mas que faz toda a diferença para a assistência em saúde: a higienização correta. Pode parecer muito corriqueiro, mas o simples ato de lavar as mãos antes do contato com o paciente diminui — e muito! — o risco de infecções.
Dessa forma, os protocolos para higienização correta devem ser cuidadosamente seguidos. Por mais que a lavagem de mãos seja fundamental, existem outras ações relacionadas ao tópico, como antissepsia correta antes de cirurgias e outros procedimentos.
Conversamos bastante sobre os erros médicos em si, mas quais são as consequências disso tudo para o profissional? Bem, do ponto de vista jurídico, é preciso fazer uma análise de causa.
Isso porque resultados adversos fazem parte da rotina médica, mas, até que ponto foi algo inevitável? Ou será que realmente foi algo imprevisível? Pois bem, são análises delicadas que derivam diretamente da relação médico paciente.
Isso porque uma boa relação envolve diálogo, respeito e transparência de ambas as partes. Um médico que não alerta seu paciente sobre riscos nem estabelece uma comunicação para esclarecer o problema e eventuais dúvidas, com certeza, terá mais problemas com os erros.
O sentimento de injustiça por parte do paciente após um resultado desfavorável pode ser o suficiente para começar um processo contra o profissional. Sendo assim, é importante caracterizar os possíveis erros e analisar os danos.
Um dano patrimonial é aquele associado aos interesses econômicos da vítima. Um exemplo prático, são as ausências ao trabalho justificadas pela incapacidade de atuar após um erro médico, como cirurgias malsucedidas.
Já o dano moral afeta diretamente a integridade corporal do paciente, prejudicando sua honra, liberdade e até mesmo qualidade de vida. Como exemplo, temos procedimentos estéticos mal realizados.
Diante de um processo, o médico pode ser acusado de crime culposo, ou seja, aquele que não tem a intenção. E, na esfera cível, pode ser necessário ressarcir os valores investidos, bem como o pagamento de indenizações por danos morais ou, em casos muito graves, o médico pode ser até impedido do exercício da profissão.
Para finalizar, não poderíamos te deixar desamparado! Por isso, preparamos uma lista de boas práticas que vão ajudar a diminuir os erros médicos.
Comunicar-se de maneira clara e objetiva é importante para situações corriqueiras ou mesmo as mais delicadas. A troca de plantões é um dos grandes exemplos disso, na qual um profissional já cansado deve repassar tudo para quem vai assumir.
Outro exemplo muito importante são as condutas realizadas em salas de urgência e emergência. Aqui, a comunicação em alça ganha destaque e ela nada mais é do que um feedback. Se um médico solicitar a um enfermeiro que administre determinado medicamento, é importante que o segundo profissional informe quando foi feito.
Checar, checar e checar. Nunca é demais conferir se tudo foi registrado, a fim de identificar determinado erro. Isso vai envolver não só o médico, mas toda a equipe que trabalha com ele.
Portanto, esteja sempre atento se o que foi solicitado realmente foi feito de maneira correta. Veja, também, se aqueles exames realmente pertencem ao paciente em questão. E, por fim, em um centro cirúrgico, confira tudo sobre a indicação cirúrgica daquele procedimento.
Nunca deixe protocolos de lado! São eles que vão guiar suas condutas e oferecer todo embasamento científico para condução de casos. Ao seguir protocolos, você vai ter certeza de que está caminhando de acordo com as orientações corretas.
Além disso, é uma maneira de sistematizar o cuidado, considerando cada cenário possível e os desfechos para os quais podem levar. Vale lembrar que muitas instituições de saúde apresentam vários protocolos de acesso fácil e bem visível nos seus departamentos.
A lavagem correta das mãos é uma das aulas mais básicas para qualquer profissional da saúde. Por mais simples que seja, não estamos lidando com um rápido atrito entre as mãos seguido pelo enxágue. É preciso seguir o passo a passo!
Comece, então, pela escolha correta do produto. Será que é melhor sabonete, degermante ou apenas álcool? Tudo isso consta nos protocolos. Além disso, o passo a passo é essencial para não esquecer nenhum pedacinho de mãos e antebraços para trás.
Agora, o momento de maior sabedoria para o profissional: saber quando dar um tempo. Por mais que a rotina de trabalho seja intensa, é uma linha muito tênue entre o saudável e o prejudicial. Não estamos falando que tudo se resume à síndrome de burnout.
Na verdade, essa síndrome é um caso extremo de exaustão. Portanto, não espere chegar neste ponto! Identifique sinais que seu organismo dá, sejam eles físicos, sejam eles psicológicos. Tenha sabedoria e humildade para reconhecer seus limites e preservar a saúde mental.
Por mais que um erro médico possa ser decorrente das mais diversas causas, associadas ao profissional ou não, um erro por imperícia pode retratar a necessidade de uma melhor capacitação.
Os 6 anos de graduação seguidos pelo período de especialização não devem ser os únicos que vão embasar sua vida profissional. A Medicina se renova e é essencial que os profissionais acompanhem isso mantendo seus conhecimentos atualizados.
Agora é com você
Vimos, então, uma série de aspectos relacionados ao erro médico e como o profissional pode minimizar os riscos de eles acontecerem. Por último, vale lembrar que, na maioria das vezes, o erro não é apenas de um profissional. Por isso, a equipe deve trabalhar com bastante parceria para prestar uma boa assistência. Além disso, erros são inerentes à condição humana. Caso aconteça, busque aprender com cada um deles.
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