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19.5.2021
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A cada ano o número de ações contra médicos, julgadas na justiça brasileira, aumenta consideravelmente. Um dos fatores que contribui para o crescimento no número dessas demandas é a complexidade da relação médico-paciente, a nobreza dos bens por ela tratados, relacionado ao corpo, à saúde e à vida, ou seja, os riscos inerentes ao exercício da medicina. A relação médico-paciente tem se tornado cada dia mais complexa, frágil e, infelizmente, distante. Desperta-se a importância de um vínculo entre o profissional e o paciente como principal elemento que pode impactar positivamente o desfecho do atendimento, sendo esse um relevante fator para redução dos processos judiciais.
De um lado o MÉDICO, na oferta do cuidado, através de uma gentil e empática comunicação verbal de forma clara e objetiva, e sua postura e atitudes no que reflete à comunicação não verbal. Além da decisão compartilhada entre médico, paciente e familiar na solicitação da propedêutica complementar, da terapêutica proposta e na resposta das dúvidas apresentadas, que são fundamentais nesse processo.
Do outro lado, o PACIENTE na busca do cuidado com suas preferências, valores, necessidades, preocupações relacionadas com a competência e eficiência do profissional médico. O paciente deseja saber sobre a sua doença, evolução e as possíveis repercussões na sua vida.
Além disso, é importante ressaltar os norteadores dessa relação, que são os princípios de bioética: a autonomia, a beneficência e a justiça. A privacidade e o sigilo médico também representam o elo para fortalecer esse vínculo. A fim de estabelecer uma conexão entre o médico e o seu paciente, a empatia torna-se mandatória, e é definida como uma habilidade de se imaginar e se colocar no lugar do outro.
A busca constante de uma medicina mais humana e menos técnica, encontra como fatores limitantes o tempo de consulta e a necessidade da produtividade com aumento do número de consultas. A pressa no atendimento e a equivocada crença de que os recursos de tecnologia irão suprir uma suposta negligência. Com o advento da telemedicina, as ferramentas de busca na internet e o acelerado processo na aquisição de informação, precisamos nunca esquecer de se reconectar com os nossos pacientes na tentativa de sempre estabelecer uma relação gentil, empática, respeitosa e, acima de tudo, humana e sensível.
Para superar os desafios da relação médico-paciente, é preciso usar a tecnologia ao seu favor. Ao invés de ser um fator de distanciamento, ela passa a se tornar uma aliada que humaniza seu atendimento.
Um sistema médico, por exemplo, tem ferramentas que visam a fidelização de pacientes, como lembretes de consulta automáticos, e-mail de aniversariantes, agendamento online, e-mail marketing, entre outros. Ao contar com essas tecnologias que ajudam a manter a comunicação com os pacientes e a melhorar suas experiências, você mostra como seu atendimento humanizado vai além do momento da consulta. Uma ótima forma de superar os desafios na relação com os pacientes, não concorda?
“Ouça as histórias dos seus pacientes. Trate-os como amigos. Eles podem precisar de uma dose da droga mais forte de todas: o médico”.
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Bio: Dra. Mariana Santos Lyra Corte Real. Profa. na Pós-Médica em Geriatria da Afya Educação Médica, ex-IPEMED, Educacional. Membro associado e titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG. Residência Médica em Clínica Médica SES/RJ. Residência Médica em Geriatria HC UFMG. Médica e Preceptora da residência médica em Geriatria Ebserh / Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - HC UFMG.
Referências bibliográficas:
1) FARACO, M. A judicialização da medicina e aumento da demanda indenizatória contra médicos e outros profissionais de saúde. Março, 2015. Disponível em: https://marcelafaraco.jusbrasil.com.br/artigos/142893290/a-judicializacao-da-medicina-e-o-aumento-da-demanda-indenizatoria-contra-medicos-e-outros-profissionais-da-saude. Acesso em: 15 abr. 2021.
2) UP TO DATE. A patient-centered view of the clinician-patient relationship. Março/2020. Disponível em: https://www.uptodate.com/home. Acesso em: 19 mar. 2021.
3) BEAUCHAMP, T. et al. Princípios de ética biomédica. E ed.. Nova Iorque: Oxford University Press, 1989.
4) BALINT, M. O médico, seu paciente e a doença. Rio de Janeiro: Atheneu, 1988.