Dezembro Laranja: Tipos de câncer de pele e diagnóstico

Autor(a)
Dr. José Leonardo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado em Medicina (Dermatologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, residência-medica (dermatologia )pelo Hospital Federal de Bonsucesso e residência-medica (clínica médica ) pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Professor de dermatologia da Afya Educação Médica (desde 2012).

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), neoplasias da pele são responsáveis por 30% dos tumores malignos notificados no Brasil. Existem cerca de 30 tipos diferentes de câncer da pele e dentre eles, o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma são os principais.

Carcinoma Basocelular (CBC)

O carcinoma basocelular (CBC) é o mais comum, origina-se da epiderme e folículo piloso e apresenta células morfologicamente semelhantes a células basais da epiderme. Acomete principalmente mulheres brancas maiores de 40 anos. Apresenta um crescimento lento, capacidade invasiva localizada e raríssima possibilidade de metástase, portanto é a neoplasia maligna de melhor prognóstico, com baixa mortalidade.

O diagnóstico do CBC é inicialmente clínico e a lesão costuma apresentar-se como lesão sólida, com possibilidade de ulceração, perolada, translucida, rósea ou amarelo-palha e com muitas telangectasias. A localização geralmente é em região cefálica, tronco e membros. O CBC apresenta dois grandes aliados para o diagnóstico: a dermatoscopia evidenciando vasos arboriformes, estruturas como folhas de bordo, crisálidas, ninhos ovóides e erosões, principalmente; e o exame histopatológico por shaving, punch ou excisional.

Carcinoma Espinocelular (CEC)

O carcinoma espinocelular (CEC) origina-se de células epiteliais como uma proliferação atípica de células espinhosas. Tem capacidade de invasão local e metastatizar maior do que o CBC e, além da pele, corresponde a quase 95% das neoplasias de mucosa oral.

O diagnóstico do CEC também é inicialmente clínico, apresentando-se como pápula ou nódulo eritematoso e ceratotico com crescimento moderadamente rápido em altura e profundidade, podendo ulcerar e sangrar. A localização geralmente é na face, tronco, dorso das mãos, cavidade oral, lábio inferior, glande e vulva. A biópsia de pele e a dermatoscopia auxiliam bastante no diagnóstico. Estruturas como áreas brancas, áreas vermelhas, hiperceratose, vasos polimórficos (grampo, glomerulares, lineares, tortuosos) ajudam quando vistas na dermatoscopia.

Melanoma (MM)

O melanoma (MM), embora seja o menos frequente dos 3 é o mais maligno dos tumores cutâneos, respondendo por quase 90% das mortes por câncer de pele. Ocorre geralmente entre 30-60 anos, em pacientes do sexo masculino e brancos. Pode se originar de um nevo melanocitico, mas 70% dos casos não se relatam existência de nevo. Apresenta potencial de metástases, que aumenta dependendo pricipalmente da espessura e por isso a importância do diagnóstico precoce.

O diagnóstico do MM também se baseia na clínica, principalmente na regra do a,b,c,d,e. Assimetria, Bordas irregulares, coloração variada, diâmetro maior que 5 mm e evolução ou mudanças no aspecto de uma lesão suspeita devem ser sempre buscados. A biópsia de pele e a dermatoscopia também são fundamentais para o diagnóstico.

Estruturas como rede de pigmentar atípica, pontos / glóbulos marrom-pretos irregulares, estrias, pigmentação com várias cores distribuídas assimetricamente, véu esbranquiçado, vasos polimórficos e assimetria devem ser elementos de suspeita na dermatoscopia. O mapeamento corporal dos nevos feitos com a dermatoscopia digital é de grande importância no rastreio do melanoma, visto que facilita a observação dinâmica das lesões, bem como detecção de novas lesões.

Além do que já foi exposto, destaca-se também a imuno-histoquímica, com uso de marcadores específicos de cada tumor, e a microscopia confocal de reflectância, aparelho capaz de gerar imagens das células em alta resolução, sendo uma ferramenta adjunta no diagnóstico não invasivo, na delimitação de margens e no monitoramento da resposta ao tratamento para o câncer de pele.

REFERÊNCIAS

 

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  1. https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pele-nao-melanoma

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