As características e particularidades da dermatoscopia do melanoma
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4.6.2021
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Equipe Afya Educação Médica
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Para falar sobre as primeiras dermatoses, as mais elementares e frequentes da pele, do cabelo e da unha, a equipe Afya Educação Médica, ex-IPEMED, preparou uma série de artigos que incluem algumas das dermatoses e tumores mais comuns na prática dermatológica, além de abordar os temas mais recentes em dermatoscopia. Serão 8 posts no blog, divididos por temas. Este é o segundo post da série, escrito pelo Dr. Thomas de Aquino. Aproveite e faça uma boa leitura!
O Melanoma
A dermatoscopia é um método diagnóstico não-invasivo de extrema importância no diagnóstico precoce do melanoma. Utiliza-se como ferramenta para avaliar parâmetros morfológicos não-visíveis a olho nu, auxiliando na indicação de excisão de uma lesão pigmentada para o exame histopatológico.
Sendo o Melanoma a proliferação maligna dos melanócitos, constituindo-se um tumor cutâneo de alto poder de enviar metástases para linfonodos, vísceras e para a própria pele, é imprescindível que se faça a sua detecção o mais rápido possível. É, indiscutivelmente, o que mais provoca mortalidade, atingindo todas as faixas etárias, raças e sexos.
Até recentemente, usava-se a regra dos critérios ABCDE para identificação de uma lesão pigmentada suspeita de malignidade, onde a letra A corresponderia à assimetria, a letra B às bordas irregulares, a letra C à presença de cores diferentes, a letra D ao diâmetro maior que 6 mm e a letra E indicando evolução do crescimento da lesão. Com o advento e expansão dos conhecimentos dermatoscópicos essa técnica de exame clínico deu lugar ao exame dermatoscópico com a análise mais detalhada das características da lesão que dificilmente seria visualizada a olho nu.
Diagnóstico Dermatoscópico
No diagnóstico dermatoscópico de uma lesão pigmentada suspeita de malignidade, devem ser analisadas as alterações nos parâmetros básicos já estabelecidos:
Rede Pigmentada: geralmente apresenta-se alargada ou irregular em uma parte ou em toda a lesão.
Glóbulos: ninhos de melanócitos de dimensões variadas, maiores que 0,1 mm.
Pontos: mesmo substrato dos glóbulos, porém, menores que 0,1 mm.
Estrias ramificadas: estruturas lineares radiais na periferia das lesões.
Pseudópodes: dilatações estreitas nas bases, porém, abauladas na extremidade na periferia da lesão (geralmente indica crescimento radial da lesão).
Véu branco-azulado: indica o derrame pigmentar da melanina posicionada mais profundamente na derme, aspecto indicativo de área de invasão.
Blotches: áreas pigmentadas homogêneas difusas ou localizadas, de coloração preta, marrom ou cinza de aspectos regulares ou irregulares.
Estrutura de regressão: área branca de aspecto cicatricial que corresponde à regressão do melanoma, geralmente associada a derrame pigmentar com pontos acinzentados (peppering).
Métodos para avaliar a lesão melanocítica suspeita
Método semi-quantitativo
Corresponde à regra ABCDE pela Dermatoscopia:
A - Assimetria: são traçados eixos perpendiculares entre si, com escores numéricos.
B - Interrupção abrupta da borda da lesão: são traçados 4 eixos sobre a lesão, dividindo-a em 8 octantes. Observa-se a borda da lesão em cada octante e faz-se um escore.
C - Cores: geralmente, no melanoma há um aspecto multicolorido. O fator de multiplicação é de 0,5, podendo chegar a um total de 0,5 a 3,0.
D - Diferentes estruturas: presença de rede pigmentada irregular, estrias, glóbulos, pontos e áreas sem estrutura. Multiplica-se por 0,5, cada alteração nesses componentes, podendo ter um total de 0,5 a 2,5.
Regra dos sete pontos de Argenziano
Critérios maiores, 2 pontos por critério
Rede Pigmentada Atípica
Véu Branco-Azulado
Padrão Vascular Atípico
Critérios Menores, 1 ponto por critério
Estrias Irregulares
Pigmentação Irregular
Glóbulos e Pontos Irregulares
Estrutura de Regressão
A interpretação para uma lesão suspeita de ser Melanoma ocorre quando o escore (soma dos pontos) é maior ou igual a 3.
Métodos Qualitativos
Método de Menzies
Corresponde à análise minuciosa dos padrões dermatoscópicos globais e de padrões locais além de critérios adicionais de uma lesão melanocítica:
Critérios negativos correspondem a uma simetria axial e uma única cor na lesão.
Os critérios positivos correspondem aos aspectos específicos dos padrões dermatoscópicos já estabelecidos. Um único critério como por exemplo de uma rede pigmentar atípica não é diagnóstico para Melanoma, devendo ser sempre interpretado no contexto geral da lesão.
Quadro altamente sugestivo de melanoma invasivo extensivo superficial. Lesão assimétrica em estruturas e com cores variadas com a presença de véu branco-azulados em vários pontos. Foto: Acervo pessoal do prof. Thomas de Aquino.
Melanoma Invasivo com três áreas de véu branco-azulado ( *asterisco) e área de rede pigmentar alargada atípica (círculo). Foto: Guia Ilustrado de Dermatoscopia – H. Peter Soyer – Giuseppe Argenziano – Rainer Hofmann-Wellenhof- Iris Zalaudek – 2ª. Edição – 2012 – editora Elsevier.
Melanoma proveniente de lesão névica
O melanoma pode surgir de uma lesão precedente, como um nevo melanocítico congênito, ou adquirido em 30% ou da pele sã, denominada Melanoma de nevo em 70% dos casos. Toda a pele e mucosas é povoada por melanócitos na camada basal. Abaixo, dois exemplos de melanoma que surgiram a partir de uma lesão névica benigna. São mostrados os aspectos clínicos e dermatoscópicos:
Melanoma in situ – lentigo maligno
Quando o Melanoma muda o seu comportamento biológico, inicia-se o crescimento vertical para a derme, configurando um padrão invasivo.
Melanoma acral
O Melanoma ocorrendo nas extremidades configura-se na forma ACRAL. Há pigmentação distribuída grosseiramente nas cristas interpapilares e não nos sulcos.
Melanoma nodular amelanótico
Ocorre quando existe pouca produção de melanina (oligo-melanótico)
Texto elaborado por: Dr. Thomás de Aquino Paulo Filho Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Residência Médica em Dermatologia pela USP; Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia; Especialista em Hansenologia pela Associação Brasileira de Hansenologia; Título de Especialista em DERMATOPATOLOGIA pelo Comitê Internacional de Dermatopatologia e Professor e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas – IPEMED-AFYA, desde 2009.
REFERÊNCIAS
Sergio Yamada – Papel e Importância da Dermatoscopia no Melanoma – Melanoma: Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Acompanhamento – 2ª. Edição, Editora Atheneu, 2014
Peter Soyer, Giuseppe Argenziano, Rainer Hofmann-Wellenhof-Iris Zalaudek -Guia Ilustrado de Dermatoscopia – 2ª. Edição – Editora Saunders-Elsevier, 2012
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Dermoscopy for ‘‘true’’ amelanotic melanoma: A clinical dermoscopic-pathologic case study Vincenzo de Giorgi, MD,a Serena Sestini, MD,a Daniela Massi, MD,b Vincenza Maio, MD,b and Benvenuto Giannotti, MDa Florence, Italy J Am Acad Dermatol 2006;54:341-4.) doi:10.1016/j.jaad.2005.04.040
Thomás de Aquino Paulo Filho – Acervo Pessoal (autor)