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25.4.2022
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Equipe Afya Educação Médica
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O autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento que, desde 2013, é classificado como Transtorno do Espectro Autista (TEA), conforme preconizado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria.
Isso significa que cada pessoa tem uma necessidade de acordo com o espectro – ou dos chamados graus de autismo. Contudo, há muita desinformação sobre os espectros e graus de autismo, fazendo com que muitas pessoas acreditem, inclusive, que todo indivíduo que apresenta o nível 3, ou seja, o autismo severo, responderá com agressividade, o que não é verdade.
Para dar fim a esse e a outros enganos, conversamos com a Dra. Marcela Fraga, mestra e especialista em neuropediatria pela Universidade Federal de São Paulo e professora da pós-graduação em neurologia da IPEMED.
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Conforme a classificação do DSM-5, os espectros autistas podem ser classificados em 3 diferentes níveis.
No entanto, ao contrário do que muitos pensam, nem sempre a pessoa com autismo severo terá resposta agressiva, conforme explica a Dra. Marcela Fraga.
“Agressividade não é critério para diagnóstico de TEA. Os critérios são: comprometimento em comunicação usadas para interação e socialização, defasagem de reciprocidade social, defasagem na capacidade de manter relações de amizade, comprometimento de comportamento que incluem comportamentos fixos e repetitivos, interesses restritos, transtornos sensoriais (incômodo com barulho, incômodo com texturas, com tato, e paladar), além das estereotipias motoras e vocais”, explica a especialista.
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A Dra. Fraga esclarece que quanto mais severo o autismo, maior é o comprometimento intelectual e, portanto, a intervenção precoce ajuda muito no prognóstico.
Comunicação não verbal: consiste na indicação de intenções por meio de movimentos corporais, gestos ou contato visual, por exemplo;
Imitação: ter essa capacidade é essencial para o desenvolvimento de qualquer criança, pois por meio da imitação o indivíduo aprende linguagens e comportamentos funcionais;
Jogo com pares: contribui para expandir e diversificar o repertório comunicativo da criança com TEA, além de trabalhar aspectos como referenciação social, alternância, imitação e, ainda, atenção compartilhada.
Engajamento familiar: consiste em engajar os pais/cuidadores no programa de intervenção precoce para que eles possam dar continuidade às medidas adotadas dentro de casa. Além disso, é fundamental que os familiares conheçam a criança, seus estressores, seus potenciais e suas áreas de necessidade de aprimoramento de desenvolvimento.
Ainda sobre a relevância do núcleo familiar, a Dra. Fraga reforça que é importante que os familiares entendam a criança para que possam ter compreensão também de outros aspectos, como as crises de transtornos sensoriais, por exemplo. “Cada criança dentro do espectro é única e se comporta de maneira diferente de acordo com o estímulo recebido. Cada criança tem a função de um determinado comportamento diferenciado da outra. Então, a família tem que entender qual é a funcionalidade daquele comportamento, seja um episódio de agressividade, irritabilidade...e entender como abordá-lo”.
Para que a família possa alcançar esse objetivo, a Dra. Fraga recomenda terapia parental e a compreensão do funcionamento da terapia ABA (Applied Behavior Analysis), ou Análise do Comportamento Aplicada, em português, que consiste em trabalhar os impactos da condição da criança com espectro autista em condições reais. Entre os resultados buscados pela terapia ABA estão:
O diagnóstico precoce está entre as maiores evoluções para o desfecho final do paciente com TEA, principalmente as severas. “Quanto mais precoce for a introdução desse tratamento, melhor será o desfecho final para comunicação, socialização. Então esse é o grande avanço da medicina atual”, afirma a neuropediatra.
O emprego dessa intervenção precoce pode contribuir também para melhorar a expectativa de vida da criança com espectro autista, uma vez que favorece um melhor desenvolvimento e interação social, o que pode evitar comorbidades, conforme explica a Dra. Fraga “a longevidade da criança com TEA muda de acordo com a apresentação de comorbidades, principalmente as psiquiátricas. O índice de suicídio e depressão nessas crianças é muito comum, assim como o TDHA, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. E isso tudo piora muito o prognóstico final”.
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