Cefaleia atinge mais da metade da população mundial, diz estudo

Autor(a)

Um grupo de pesquisadores do departamento de neuromedicina da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega se reuniu para atualizar os dados de estudos epidemiológicos sobre cefaleia e descobriu que a prevalência da doença em todo o mundo é maior do que era estimado pelos dados pela iniciativa Global Burden Disease (GBD), que vinha servindo até então de referência para a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a revisão narrativa dos pesquisadores, a prevalência global estimada da cefaleia ativa foi de 52% - contra 35% divulgados pela GBD. Para chegar aos resultados, foram avaliados 357 estudos epidemiológicos publicados até 2020 e considerados fatores como tamanho da amostra, inclusão de diagnósticos prováveis, amostragem da subpopulação, pergunta de triagens e escopo da investigação.

A equipe também resumiu as estimativas de prevalência mundial para cefaleia incluindo dores de cabeça do tipo tensional, enxaqueca e dores de cabeça persistentes por mais de 15 dias. Outros dados levantados pela revisão, publicada pela revista científica The Journal of Headache and Pain, são referentes à prevalência de enxaquecas (14%) e dor de cabeça do tipo tensional (26%). Os pesquisadores observaram ainda a ocorrência de cefaleia em crianças com idade inferior a 10 anos – embora a maior parte dos estudos considerasse a população com idades entre 20 e 85 anos. 

Além de apoiar as conclusões do GBD sobre a alta prevalência de dores de cabeça em todo o mundo, a revisão narrativa deve contribuir para que os próximos trabalhos em torno do tema evitem disparidades metodológicas com o objetivo de reduzir as diferenças em resultados obtidos. Outro ponto importante levantado pelos pesquisadores é com relação à relevância de avaliar a ocorrência do problema em subgrupos indicados por idade e gênero, por exemplo, ao invés de apenas avaliar a prevalência – o que deve contribuir para investigações mais aprofundadas de causas e busca por soluções mais direcionadas.

Leia também: 7 sinais de AVC que todo médico precisa conhecer


Cefaleias e seus diferentes tipos: como elas afetam o paciente?

Recebe o nome de cefaleia qualquer tipo de dor de cabeça que provoque incômodo no paciente. A partir daí, as cefaleias são divididas entre primárias e secundárias. Abaixo, é possível conferir, resumidamente, alguns exemplos de como essas cefaleias são classificadas, segundo a Classificação Internacional das Cefaleias, traduzido pela Sociedade Brasileira de Cefaleias.

Cefaleias primárias

  • Migrânea (enxaqueca) – com ou sem aura;
  • Cefaleia do tipo tensional (CTT) – pode ser episódica frequente ou infrequente;
  • Cefaleias trigeminoautonômicas (CTAs) – incluem cefaleias em salvas, hemicranias e crises de cefaleia neuralgiforme unilateral;
  • Outras cefaleias primárias – relacionadas a tosse, frio, pressão externa etc.

Cefaleias secundárias

  • Cefaleia atribuída a trauma ou lesão cefálica/cervical
  • Cefaleia atribuída a transtorno vascular craniano/cervical
  • Cefaleia atribuída a transtorno intracraniano não vascular
  • Cefaleia atribuída à substância ou supressão
  • Cefaleia atribuída a infecção
  • Cefaleia atribuída a transtornos de homeostase
  • Cefaleia atribuída a transtornos do crânio, pescoço, olhos, orelhas, nariz, seios paranasais etc
  • Cefaleia atribuída a transtorno psiquiátrico

Veja algumas condutas a serem adotadas, de acordo com o Protocolo Nacional para Diagnóstico e Manejo das Cefaleias nas Unidades de Emergência do Brasil

Cefaleia aguda recorrente:

Cefaleia aguda não progressiva:

Em geral, as cefaleias persistentes tendem a ser incapacitantes e conhecer a classificação delas pode favorecer o planejamento da conduta a ser adotada com o paciente que passa pelo problema. As cefaleias primárias, sobretudo, podem exigir que além da adoção de terapia farmacológica o indivíduo faça mudanças de hábitos de vida, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Essas alterações no estilo de vida englobam cuidados com sono, alimentação, prática de atividade física, manejo do estresse, além da adoção do tratamento. Nesse sentido, sobretudo na Atenção Básica, contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar para alcançar melhores resultados pode ser essencial.


Gostou deste artigo? Compartilhe com outros colegas. E se você tem interesse em outros assuntos relacionados a este tema, aproveite para conhecer nossa Pós-graduação em Neurologia, com a qual você poderá aprender teoria e prática para o diagnóstico de doenças neurológicas, como as cefaleias. 

Saiba mais sobre a Pós-Graduação teórica e prática de Clínica em Dor.  

Os médicos que leram esse post, também leram:

Todos os Posts