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Transtorno dissociativo de identidade: entenda como ele se manifesta

Transtorno dissociativo de identidade: entenda como ele se manifesta

No cenário atual da saúde mental mundial, estamos cada vez mais conscientes da complexidade dos transtornos de personalidade, dentre os quais se destaca o transtorno dissociativo de identidade (TDI), uma complexa e rara condição.

No Brasil, a conscientização sobre transtornos dissociativos está em crescimento, mas enfrenta desafios de diagnóstico preciso e acesso a tratamentos especializados. Entender o TDI de maneira holística e empática é fundamental para promover a conscientização e oferecer suporte adequado a todos que enfrentam esse desafio.

Vamos explorar mais a fundo como o TDI se manifesta e entender o papel do médico no diagnóstico e tratamento dessa condição. Boa leitura!

O que é o transtorno dissociativo de identidade?

O transtorno dissociativo de identidade é uma condição psiquiátrica complexa, anteriormente denominada transtorno de personalidade múltipla, em que diferentes identidades, ou estados de personalidade, coexistem na mesma pessoa.

Essas identidades alternativas, também chamadas de alter egos ou partes dissociativas, podem variar significativamente em termos de comportamento, temperamento, habilidades e até mesmo idade. Cada identidade pode ter sua própria história, memórias, habilidades e percepção do mundo, além de assumir o controle do comportamento do indivíduo enquanto se manifesta.

Como ele se manifesta?

A pessoa com TDI pode alternar entre diferentes identidades em resposta a gatilhos específicos ou de forma espontânea, muitas vezes sem estar consciente ou se lembrar do que aconteceu quando uma identidade específica estava no controle. Além disso, a alternância entre os alter egos pode vir com altos e baixos emocionais, traços típicos do transtorno de personalidade borderline e também do transtorno bipolar, mas as condições não devem ser confundidas. No TDI essas mudanças repentinas podem estar acompanhadas por lapsos de memória para eventos importantes da vida diária ou experiências traumáticas.

As manifestações das identidades podem ser classificadas em tipos possessivos e não possessivos. No tipo possessivo, as identidades parecem tomar o controle de forma mais evidente e externa, resultando em mudanças visíveis no comportamento, linguagem, preferências e até mesmo habilidades da pessoa afetada.

Por outro lado, no tipo não possessivo, a pessoa pode sentir uma desconexão consigo mesma, como se estivesse observando seu próprio comportamento de uma perspectiva externa, levando a mudanças súbitas e desconcertantes no modo de agir, pensar ou sentir. Essas experiências podem ser desconcertantes e causar confusão emocional e desconforto.

Quais são os principais sintomas?

Os sintomas podem variar em gravidade e frequência dependendo do indivíduo afetado e das circunstâncias envolvidas. Além das mudanças de identidade, existem outras características comuns do TDI que apresentamos a seguir.

Amnésia dissociativa

Trata-se da incapacidade de recordar informações pessoais importantes que não podem ser atribuídas a esquecimento comum. Também envolve esquecimento de eventos recentes ou passados que ocorreram durante períodos nos quais uma identidade dissociada assumiu o controle.

Depressão

A depressão associada ao TDI pode ser caracterizada por sentimentos persistentes de tristeza, desesperança e falta de interesse em atividades anteriormente apreciadas, com alterações no sono, apetite e níveis de energia.

Ansiedade

Se manifesta por preocupação excessiva, tensão, medos irracionais, ataques de pânico e sintomas físicos como palpitações, sudorese e falta de ar.

Comportamento suicida

Sentimentos intensos de desesperança e desamparo, ideação suicida, planos ou tentativas de se machucar são sinais de comportamento suicida no TDI.

Automutilação

É frequente a busca de alívio emocional por meio da automutilação, envolvendo comportamentos repetitivos de se machucar deliberadamente, como cortes, queimaduras ou socos.

Alucinações auditivas ou visuais

Os indivíduos podem ter a percepção de sons ou visões que não são reais, muitas vezes relacionadas às identidades dissociadas, envolvendo experiências sensoriais que parecem provenientes de fora da própria pessoa.

Como o TDI é diagnosticado?

O diagnóstico do transtorno dissociativo de identidade requer uma avaliação minuciosa realizada por um profissional de saúde mental qualificado. A seguir estão os passos e critérios principais utilizados no diagnóstico.

Entrevista psiquiátrica completa

O médico psiquiatra realiza uma entrevista detalhada para entender os sintomas relatados pela pessoa, incluindo mudanças de identidade, lapsos de memória e outros sintomas associados ao TDI.

Critérios do DSM-5

O diagnóstico é baseado nos critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que incluem:

  • presença de duas ou mais identidades, ou estados de personalidade distintos;
  • amnésia dissociativa, ou seja, lapsos de memória para eventos pessoais importantes;
  • impacto significativo desses sintomas na vida diária, como dificuldades sociais, profissionais ou emocionais.

Descartar outros transtornos

O médico também descarta outras condições médicas ou psiquiátricas que possam estar causando sintomas semelhantes, incluindo outros transtornos de personalidade, como o borderline e antissocial.

Avaliação contínua

O diagnóstico muitas vezes requer avaliações ao longo do tempo para observar a consistência dos sintomas e sua gravidade.

Questionários específicos

Em alguns casos, questionários e escalas de avaliação específicos podem ser usados para auxiliar no diagnóstico.

Quais são os fatores de risco para o TDI?

Compreender os fatores de risco associados ao TDI pode ajudar a contextualizar como essa condição se desenvolve e quem está mais suscetível a desenvolvê-la.

Um dos principais fatores de risco para o transtorno é a exposição a estresse extremo ou trauma durante a infância, como abuso grave — físico, sexual ou emocional. Além do abuso, eventos traumáticos como a perda de um dos pais, doenças graves ou outros estresses significativos também podem contribuir para o desenvolvimento do TDI.

Durante a infância, quando a identidade pessoal está em desenvolvimento, experiências traumáticas podem interferir na capacidade da criança de integrar suas experiências em uma identidade coesa e unificada. Isso pode levar a uma fragmentação da identidade à medida que a criança busca escapar do trauma emocional.

Como é o tratamento deste tipo de transtorno?

O tratamento do TDI é complexo e geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, composta por profissionais experientes e familiarizados com o manejo desse transtorno complexo. Veja, a seguir, o que geralmente compõe o tratamento da condição.

Psicoterapia

A psicoterapia é o pilar central do tratamento do TDI. Geralmente, a terapia é de longo prazo e focada em ajudar a pessoa a integrar suas diferentes identidades ou a facilitar uma comunicação mais harmoniosa entre elas.

Além disso, abordagens terapêuticas como terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia focada na integração das identidades e terapia de apoio são comumente utilizadas. O objetivo é promover a coesão e a colaboração entre as diferentes partes da personalidade.

Medicação

Embora não exista um medicamento específico para tratar o TDI, algumas medicações podem ser prescritas para controlar os sintomas associados, como depressão, ansiedade ou impulsividade. Nesse sentido, antidepressivos, estabilizadores de humor ou medicamentos ansiolíticos podem ser utilizados com base nas necessidades individuais da pessoa.

Técnicas especiais

Em certos casos, técnicas terapêuticas especializadas são empregadas para auxiliar na comunicação entre as identidades e na gestão das mudanças de estado. A hipnose, por exemplo, pode ser utilizada para acessar memórias reprimidas ou facilitar o diálogo entre as partes dissociadas da personalidade.

Acompanhamento contínuo

O tratamento do TDI requer acompanhamento regular por profissionais de saúde mental especializados. O progresso é monitorado ao longo do tempo para ajustar a abordagem terapêutica conforme necessário.

O que pode ser feito para aumentar a qualidade de vida do paciente?

Embora o transtorno dissociativo de identidade seja crônico e potencialmente debilitante, muitas pessoas podem levar vidas produtivas com o tratamento adequado.

O apoio psicoterapêutico contínuo é fundamental para aumentar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse contexto, as terapias que visam promover a compreensão e a harmonia entre as diferentes partes da personalidade podem ajudar a reduzir os sintomas e promover uma melhor adaptação às demandas diárias.

Adicionalmente, a educação e conscientização sobre o TDI são essenciais tanto para os pacientes quanto para as pessoas de seu convívio próximo. O apoio social também desempenha um papel significativo na qualidade de vida, oferecendo uma rede de suporte emocional e prático para enfrentar os desafios associados ao transtorno.

O transtorno dissociativo de identidade é uma condição psiquiátrica complexa

Por isso, requer abordagens terapêuticas específicas para melhorar a integração e o funcionamento das diferentes identidades. Com o tratamento adequado e o suporte contínuo, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas por essa condição.

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