O médico do futuro

Autor(a)
Dr. Guilherme Carneiro Rodrigues

Médico Editor Afya Educação Médica. Médico Oftalmologista titulado pela AMB (Associação Médica Brasileira e pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). Formação em Oftalmologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF-UFRJ) com Fellowship Cirúrgico em Cirurgia de Catarata no CO SC (Cirurgia Ocular São Cristóvão - Grupo Opty).

Inovação digital, transformação tecnológica, tsunamis de petabytes de dados! Seria o médico do futuro um robô que integra todo o conhecimento da literatura médica, analisa os dados, atende o paciente remotamente e entrega um diagnóstico impecável e um tratamento infalível em dois femtossegundos, tudo isso enquanto bebe o oitavo expresso duplo da manhã, entre um paciente e outro?

Um super humano simbiótico, metade médico e metade Chat-GPT®?

Sim, sem dúvidas a profunda aplicação da tecnologia, inovação e diversificação na carreira médica são cruciais para formar o médico do futuro, que deve ser versátil e preparado para enfrentar uma variedade de desafios em um mundo em constante mudança, em todos os seus sentidos. A junção de diferentes subjetividades, valências pessoais, teóricas e práticas para formar um profissional médico é imprescindível!

A Medicina experimenta avanços em uma espiral ascendente, com ciclos de revolução como nunca vistos antes. Novos horizontes, como o Deep Learning e a Inteligência Artificial aplicados à prática clínica do dia a dia reformulam a gestão dos cuidados na saúde.

Para integrar a inovação, torna-se imprescindível uma formação médica que valorize a interdisciplinaridade e junção de diversas áreas do conhecimento, capacitando o médico a incorporar novas ferramentas e métodos na sua prática. Gestão, direito médico, pensamentos e posturas inovadoras, trabalhando a vulnerabilidade. Tornar-se vulnerável é abrir-se constantemente a novos aprendizados.

A diversificação, por sua vez, implica na habilidade de operar em diferentes especialidades e contextos de saúde, abrangendo desde a atenção primária, passando pela gestão médica até a Medicina de ponta e os infindáveis caminhos das subespecialidades.

Essa onda de inovações e novidades nos abre diversas e poderosas opções, porém pode nos fazer esquecer da ferramenta mais tecnológica, poderosa e imprescindível para o FUTURO da Medicina no Brasil e no mundo: A CADEIRA do seu consultório.

Podendo ser feita de cedro, marfim, folheada à ouro, num consultório no metro quadrado mais caro do País com o médico mais capacitado, atencioso e acolhedor que o dinheiro pode pagar, ou ser apenas uma caixa de madeira em alguma comunidade ribeirinha do Amazonas, junto a um exímio médico de família que atua com amor, força, resiliência e vigor na atenção primária; a cadeira será o seu recurso tecnológico mais poderoso!

Nela o paciente irá sentar-se para lhe contar as suas queixas, a sua dor, o motivo pelo qual ele procura a sua ajuda. Desde sintomas de uma leve gripe, até as manifestações mais severas de um câncer. É na cadeira onde o paciente vai pedir o seu ACOLHIMENTO!

Além da humanidade óbvia, os médicos do futuro devem ser incentivados a adotar uma mentalidade de crescimento, capacidade de aprender e a buscar oportunidades de desenvolvimento profissional ao longo de suas carreiras, em todas as áreas que se relacionam de alguma forma com sua especialidade de atuação. A educação médica continuada e o desenvolvimento de soft skills são vitais para a adaptação às exigências do ambiente de saúde contemporâneo.

Como médicos, podemos abranger diversas áreas de atuação além do consultório: ensino, tecnologia, startups, mundo corporativo e empresarial, gestão de cuidados, de hospitais e clínicas. As opções são infinitas! Para isso, a criação de ambientes inclusivos e diversificados é fundamental. Urge a necessidade de que a faculdade de Medicina e os serviços de pós-graduação e residência médica saibam reconhecer e valorizar as diferentes competências, bagagem de experiências e conhecimentos que cada aluno traz, aprimorando-as e moldando a nova formação médica.

Ainda assim, a ética médica precisa ser enfatizada constantemente. Não há software de I.A. algum que faça o paciente sentir-se bem cuidado. O médico do futuro deve equilibrar a paixão pela inovação, integração dos conhecimentos e novas tecnologias, com a responsabilidade de prover acolhimento e cuidados eticamente sólidos. Dessa forma, é possível construir uma medicina mais humanizada, tecnologicamente acolhedora, inovadora e diversificada!

Quem sabe um dia não conseguimos evoluir ainda mais para responder a ‘’pergunta de milhões: "Como eu posso ouvir melhor meu paciente?”

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