Construindo redes sólidas na carreira médica

Autor(a)
Dr. Ricardo Moraes

Professor na Afya Educacional Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Vassouras (2005), possui Titulo de Especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Especialização em Coronariopatias Agudas pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, TEDX speaker, MBA em metaverso, além de ser professor na Afya Educacional sobre temas de tecnologia na saúde, metaverso e mercado médico.

A jornada na Medicina não se trata apenas de adquirir conhecimento clínico; ela também demanda o cultivo de relacionamentos significativos com colegas de profissão.

Um atributo chave dos líderes médicos bem-sucedidos é sua capacidade de construir e gerenciar uma rede de contatos pessoais. O networking é uma ferramenta poderosa para médicos em formação, permitindo não apenas o intercâmbio de conhecimento, mas também o desenvolvimento de oportunidades profissionais e a construção de uma comunidade de apoio.

O networking é definido como uma pessoa ou instituição que desenvolve conscientemente interações e relacionamentos ao longo do tempo1, também trata de construir reputações e promover capital social. É um comportamento ativo e proposital que melhora a tomada de decisões e a aquisição de informações.

Principais pontos para fortalecer relacionamentos médicos:

1. Colaboração sobre competição:

A cultura médica muitas vezes é associada à competição, mas a colaboração é um diferencial valioso. Ao colaborar com colegas, seja em projetos de pesquisa, discussões de casos clínicos ou até mesmo dividindo experiências de estágio, há um enriquecimento mútuo. Isso não apenas amplia o conhecimento, mas também fortalece laços profissionais e possibilita a construção de uma rede confiável de apoio.

2. Eventos e conferências médicas:

Participar de eventos médicos é uma oportunidade para absorver novos conhecimentos e estabelecer conexões valiosas. Nessas ocasiões, é importante não apenas assistir às palestras, mas também interagir com outros participantes. Essas interações informais muitas vezes levam a discussões produtivas, parcerias de pesquisa e até mesmo amizades duradouras.

3. Redes sociais e plataformas online:

As redes sociais oferecem um espaço digital para médicos se conectarem globalmente. Participar de grupos profissionais, compartilhar artigos relevantes e participar de discussões pode expandir sua visibilidade e conectar você a profissionais com interesses similares. Além disso, plataformas específicas para a área médica oferecem oportunidades para compartilhar conhecimento e resolver desafios clínicos juntos.

4. Mentoria e orientação:

Buscar mentores na área médica pode proporcionar orientação valiosa. Ao observar e aprender com profissionais experientes, você pode adquirir não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades essenciais para lidar com situações complexas. Essas relações mentor-mentorado muitas vezes se transformam em laços profissionais e apoio ao longo da carreira.

5. Ética e respeito profissional:

Manter altos padrões éticos é fundamental no mundo da Medicina. Ao interagir com colegas, demonstrar respeito mútuo, confidencialidade e uma postura ética fortalece a confiança entre profissionais. Esses valores são a base para relacionamentos duradouros e parcerias de sucesso.

Cultivando relacionamentos na Medicina

Um estudo publicado recentemente2, sugere que a construção de redes de médicos em torno de casos clínicos compartilhados de cuidados é a alternativa mais viável na construção dessas redes de relacionamento que, baseadas em episódios de desafio do cuidado do mesmo paciente, enfatizaram laços entre médicos de cuidados primários e especialistas médicos, com parcerias mais propensas a reaparecer no futuro e pareciam ter uma estrutura de comunidade mais fluida.

Esses resultados têm implicações para melhorar a entrega de cuidados de saúde e a coordenação entre médicos, pois sugerem que as redes baseadas em episódios podem facilitar uma melhor comunicação e colaboração entre os pares, o que pode levar a melhores resultados para os pacientes. Além disso, a abordagem baseada em episódios poderia ajudar a identificar oportunidades para a coordenação de cuidados e reduzir a fragmentação dos cuidados. Diante disso, o maior benefício deste relacionamento entre os médicos é o cuidado do paciente.

Esse relacionamento entre os profissionais, pode ser estruturado no cuidado do paciente no modelo de referência e contrarreferência. Um estudo do departamento de Ciência Computacional americano3 investigou padrões de milhões de caminhos de referência na rede de referência, validados por testes estatísticos. A criação de modelos de classificação e regressão eficazes derivados de recursos de caminhos de referência e redes de referência que distinguem o status de ensino de um hospital e os resultados do tratamento do paciente.

A capacidade de prever o tratamento que um paciente recebe e os resultados médicos após o tratamento usando medidas resumidas do caminho de referência. Sendo implicações importantes para melhorar o atendimento cardiovascular nos EUA e podem ser aplicáveis a outras áreas da Medicina. Correlacionando ao cenário brasileiro, em que o networking entre médicos encurta a jornada do paciente para o melhor cuidado, acesso a um especialista de um serviço terciário e/ou quaternário de saúde e, a contrarreferência para o paciente para o serviço de origem após o cuidado específico.

Investir na construção de redes de relacionamento na Medicina não é apenas uma estratégia de carreira, mas também uma forma de enriquecer sua prática médica. Através do compartilhamento de conhecimento, colaboração e respeito mútuo, os médicos em formação podem não só construir uma base sólida para sua carreira, mas também contribuir para avanços significativos na área da saúde.

Referências Bibliográficas:  

  1. Saifee DH, Hudnall M, Raja U. Physician Gender, Patient Risk, and Web-Based Reviews: Longitudinal Study of the Relationship Between Physicians' Gender and Their Web-Based Reviews. J Med Internet Res. 2022 Apr 8;24(4):e31659.
  1. Onnela, JP., O’Malley, A.J., Keating, N.L. et al. Comparison of physician networks constructed from thresholded ties versus shared clinical episodes. Appl Netw Sci 3, 28 (2018).
  1. An, C., O’Malley, A.J. & Rockmore, D.N. Referral paths in the U.S. physician network. Appl Netw Sci 3, 20 (2018).

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