Conheça os principais medicamentos para TDAH e entenda por que a substância Atomoxetina é considerada inovadora.
Os medicamentos para TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) têm sido objeto de muitos estudos devido à crescente identificação de casos, visando tratamentos cada vez mais eficazes para essa condição. Nesse sentido, é muito importante conhecer os principais remédios utilizados, para entender seus efeitos na redução dos sintomas e conseguir proporcionar um melhor atendimento aos pacientes.
Neste artigo, abordamos o conceito de TDAH, sua manifestação em crianças e adultos, os principais medicamentos utilizados para a melhora dos sintomas relacionados e seus efeitos no organismo. Boa leitura!
O que é o TDAH?
O TDAH é uma condição que tem como principais características o déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade, que surgem na infância e podem permanecer durante a fase adulta.
Esse transtorno neurobiológico tem suas origens na genética, atingindo 5% a 8% da população mundial, havendo uma estimativa de que 70% das crianças com esse tipo de transtorno apresentem ao menos uma comorbidade.
Nesse sentido, é preciso observar que as pessoas com TDAH frequentemente apresentam outras alterações no neurodesenvolvimento, devido à existência de questões genéticas, sendo comum a associação com diversos tipos de transtorno, como o autismo, a dislexia e a síndrome de Tourette.
Quais são as características do TDAH?
Há três tipos de TDAH, entre eles podemos encontrar o desatento, hiperativo/impulsivo e o combinado. Cada um deles se caracteriza por um conjunto de sintomas comportamentais, conforme mostramos a seguir.
Desatento
A pessoa apresenta dificuldade extrema em focar, concluir tarefas e seguir instruções. Além disso, ela sofre com frequentes esquecimentos. Esse tipo de TDAH pode trazer alguns estigmas, levando a julgamentos equivocados, como se fosse uma pessoa preguiçosa ou desinteressada.
Hiperativo/impulsivo
As características principais desse tipo de TDAH são o comportamento excessivamente impulsivo e inquieto. São pessoas que podem ter dificuldade de pensar antes de executar uma tarefa, podendo, por isso, ser julgadas de maneira equivocada, como inconsequentes.
Sintomas combinados
Nesse caso, os sintomas de desatenção e hiperatividade-impulsividade predominam e o comportamento da pessoa oscila entre desatenção e hiperfoco.
Como os sintomas se manifestam em crianças e adultos?
Alguns dos sintomas que as crianças apresentam podem acompanhá-las até a fase adulta, mantendo-se ou apresentando algumas modificações, conforme comentamos a seguir.
Sintomas do TDAH em crianças e adolescentes:
As crianças e adolescentes podem apresentar sinais, como:
- agitação;
- dificuldade de se manter atenta em atividades longas, repetitivas ou que não sejam interessantes;
- distração fácil por estímulos do ambiente ou com seus próprios pensamentos;
- falar muito;
- inquietação;
- mexer em vários objetos;
- movimentação de mãos e pés;
- dificuldade para ficar quieto (sentado em uma cadeira, por exemplo);
- deslocar-se constantemente pelo ambiente.
Além desses sintomas, uma das principais queixas dos pais é que as crianças esquecem diversas coisas, como material escolar, recados dos professores, sobre o que estudaram para a prova, entre outras.
A impulsividade é um sintoma comum, que pode ser notado em algumas situações, como não conseguir esperar a vez em atividades e interromper as pessoas, por exemplo. Além disso, os pacientes apresentam dificuldade em se organizar e planejar.
O desempenho escolar pode parecer inferior ao esperado para a capacidade intelectual da criança, embora seja mais comum que os problemas escolares estejam mais relacionados com o comportamento do que com o rendimento. Outro aspecto a se destacar é que as meninas apresentam menos sintomas de hiperatividade e impulsividade, no entanto, são igualmente desatentas.
Sintomas do TDAH em adultos:
Segundo estimativas, aproximadamente 60% das crianças e adolescentes com TDAH terão na vida adulta alguns dos sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade, porém de maneira minimizada.
Em geral, os adultos com esse transtorno têm dificuldade em organizar e planejar atividades do dia a dia, principalmente em definir prioridades. Também enfrentam muito estresse por assumir diversos compromissos e não saber por onde começar.
Assim, com medo de não conseguir fazer tudo o que precisa, muitas vezes, as pessoas com TDAH deixam trabalhos incompletos ou interrompem o que estão fazendo e iniciam outra atividade, esquecendo de retornar ao que haviam começado.
Também sentem muita dificuldade para realizar tarefas sozinhos e precisam ser lembrados pelos outros. Esse é um aspecto que pode causar muitos problemas no ambiente de trabalho, assim como nos estudos ou em relacionamentos.
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Como é feito o diagnóstico e o tratamento?
O diagnóstico clínico é realizado por um neurologista, psiquiatra ou neuropediatra, por meio de testes de rastreio clínico (questionários autoaplicáveis), cuja pontuação base indica a possibilidade de a pessoa ter ou não TDAH.
Esses testes são aplicados para checagem após apresentação de queixas relacionadas à desatenção, hiperatividade ou ambas, bem como à incapacidade para completar tarefas e facilidade em perder objetos, por exemplo.
Para os resultados positivos, o especialista em Neurologia solicita uma avaliação neuropsicológica, visando medir a capacidade de atenção, memória, flexibilidade mental e inibitória. Também é solicitado o exame de ultrassom transcraniano, um biomarcador que mostra se há um aumento da área da substância negra associada à intenção ou ao seu déficit a longo prazo.
Além disso, é realizada uma investigação para afastar a presença de outras patologias que levem a um eventual diagnóstico falso positivo. Isso porque, há diversas condições que podem apresentar sintomas semelhantes, como a epilepsia, a deficiência de vitaminas, os distúrbios do sono e o hipotireoidismo, por exemplo.
Muitas vezes, algumas pessoas se identificam com determinados sintomas do transtorno, o que é normal. No entanto, isso não significa que seja real. Para um diagnóstico correto, é preciso que um neurologista avalie as alterações funcionais que esses sinais causam.
Geralmente, as pessoas com TDAH podem ter dificuldades no convívio social e familiar, assim como no desempenho escolar ou profissional, com menor ou maior intensidade.
Tratamento do TDAH
Após a identificação do TDAH, o neurologista estuda quais podem ser as melhores indicações, considerando os principais medicamentos, classificados como: antidepressivos, estimulantes e inibidores de recaptação de noradrenalina.
Eles contêm substâncias que ajudam a melhorar a atenção, reduzir a impulsividade e controlar os sintomas, conforme comentamos a seguir:
Antidepressivos
Os antidepressivos se encontram entre os principais medicamentos para tratar os sintomas do TDAH. A substância mais utilizada é a bupropiona, por diminuir o sintoma da falta de atenção. Ela pode ser prescrita junto aos estimulantes. Seus possíveis efeitos colaterais podem incluir dispepsia, boca seca, ansiedade, insônia, náusea, tremores e tontura.
Já a vortioxetina é um antidepressivo pró-cognitivo utilizado para melhorar a cognição e os sintomas de déficits cognitivos associados à depressão e ansiedade, principalmente quando se manifestam fora do quadro de TDAH. Essa substância pode provocar náusea, irritabilidade no início do tratamento, assim como perda de apetite importante e vômitos.
Também podem ser indicados os medicamentos tricíclicos. Muitas vezes, são os primeiros a serem utilizados para tratar o TDAH, principalmente em crianças e pessoas que apresentam associação aos sintomas de ansiedade e depressão. Contudo, não tende a ser uma indicação que predomina entre os adultos, já que alguns dos seus efeitos colaterais podem incluir ganho de peso, riscos cardiovasculares e sonolência, por exemplo.
Estimulantes
Entre os estimulantes se encontram o metilfenidato e as anfetaminas, com diversas apresentações, sendo considerados medicamentos de primeira linha para o tratamento do TDAH. Isso porque eles conseguem reduzir cerca de 40% dos sintomas, variando conforme o paciente.
Os metilfenidatos podem ser de liberação imediata (duração de 4h), prolongada (até 12h) e modificada (entre 8h e 12h). Já as anfetaminas apresentam uma liberação prolongada (de 6h a 10h de duração).
Os efeitos colaterais podem incluir psicose em pessoas que tiveram um quadro prévio ou apresentam vulnerabilidade. Também podem ocorrer alterações cardiovasculares.
Inibidores de recaptação de noradrenalina
Os inibidores de recaptação de noradrenalina são normalmente indicados, após falha terapêutica de outros estimulantes, com melhora em torno de 30% dos sintomas.
Exemplo disso, é a atomoxetina, uma nova substância não estimulante, que age na fenda sináptica do neurônio, aumentando a quantidade de noradrenalina nas transmissões entre os neurônios. Isso leva a um efeito adrenérgico positivo no cérebro, interessante para o tratamento de TDAH.
Ao iniciar o uso, o paciente pode observar alguns efeitos colaterais toleráveis, tais como: diminuição do apetite, boca seca, sudorese e tontura, disfunção erétil, insônia, náusea, prisão de ventre, hesitação urinária e redução da libido.
Complementações ao tratamento
Além dos medicamentos, a psicoterapia é parte essencial e complementar ao tratamento medicamentoso do TDAH. Nesse sentido, a abordagem mais indicada é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que propõe mudanças comportamentais, desenvolvimento de hábitos mais saudáveis, bem como estratégias para lidar com os sintomas.
Eventualmente, pode ser indicada, ainda, algumas práticas naturais concomitantes ao tratamento medicamentoso e psicoterápico. As mais utilizadas são a meditação, a yoga e a acupuntura, que ajudam a gerenciar a agitação e melhorar a concentração.
Quando há transtornos de fala e ou de escrita, o tratamento do TDAH pode incluir sessões de Fonoaudiologia, além da orientação aos pais e professores e ensino de técnicas específicas para os pacientes.
A propósito, os tratamentos complementares foram objeto de uma tese defendida na USP, que analisou seis estudos, demonstrando a importância da abordagem integrada, com a utilização de medicamentos e intervenções não farmacológicas para tratar o TDAH.
Quais são os principais medicamentos utilizados para tratar o TDAH?
A seguir, comentamos sobre os principais medicamentos adotados para esse tipo de transtorno e como cada um deles age no controle dos sintomas.
Venvanse
O Venvanse tem como substância ativa a Lisdexanfetamina, um psicoestimulante, adotado como uma das primeiras escolhas de medicamentos para TDAH. Esse remédio é comercializado por farmácias na forma de comprimidos de 30, 50 e 70 mg.
Essa substância é mais potente que o metilfenidato, com um efeito aproximado de 13 horas, podendo ser usada a partir dos 6 anos.
Atentah
Esse é o primeiro medicamento não estimulante que obteve autorização do FDA para o tratamento de TDAH. Trata-se de uma nova opção de remédio não estimulante, que age de maneira diferente no cérebro, sem causar dependência. A atomoxetina, sua substância ativa, foi introduzida no Brasil em 2023, sendo indicada para o tratamento do TDAH em crianças com mais de 6 anos, adolescentes e adultos.
O medicamento atua diretamente no funcionamento deficitário do córtex pré-frontal, principal área relacionada aos sintomas do TDAH, como desatenção, hiperatividade e impulsividade. Sua ação inibe seletivamente a recaptação da norepinefrina, ajudando a aumentar a atenção e reduzir a impulsividade.
Concerta, Ritalina ou Ritalina LA
O Concerta, assim como a Ritalina são elaborados com o Cloridrato de Metilfenidato, um psicoestimulante e um dos remédios mais utilizados para o tratamento do TDAH, sendo indicado para os períodos em que os sintomas podem ser mais prejudiciais para a pessoa, como nos horários de estudo ou de trabalho.
Ele é comercializado por farmácias ou drogarias na forma de liberação prolongada, ou de comprimidos simples, sendo indicado para os pacientes acima de 6 anos.
Intuniv
Indicado para o tratamento do TDAH em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, o medicamento Intuniv, cuja substância ativa é a guanfacine, ajuda a controlar a hiperatividade e a impulsividade.
Normalmente, esse medicamento é recomendado pelo médico para crianças ou adolescentes que não podem usar ou não toleram os remédios estimulantes, ou o seu uso não foi eficaz.
Esse medicamento é encontrado somente na forma de comprimidos.
Imipra
Esse medicamento é elaborado com a substância imipramina, um antidepressivo que pode ser usado a partir dos 5 anos. Embora sua indicação oficial para o tratamento do TDAH não conste na bula, é normalmente utilizado quando os efeitos de psicoestimulantes não são satisfatórios.
Pamelor
Esse medicamento utiliza a nortriptilina, um antidepressivo, com efeito semelhante à imipramina, podendo ser indicado para o TDAH em alguns casos.
Embora não tenha indicação oficial para o tratamento do TDAH, essa substância é adotada quando outros medicamentos não conseguiram melhorar os sintomas. Entretanto, o Pamelor não é um medicamento indicado para crianças.
Risperidon
Esse medicamento tem como base a risperidona, substância com efeito antipsicótico. Embora seja administrada nos casos de esquizofrenia, irritabilidade associada ao transtorno autista e doença de Alzheimer, também pode ser indicada para o TDAH.
Isso porque é um medicamento que pode ajudar a reduzir os sintomas de alterações do humor, em complementação a outros remédios. A substância também pode ser encontrada com outros nomes comerciais, como: Risleptic, Ripevil, Riss, Risperdal, Riss, Risperdal, Consta, Zargus, Respidon, Viverdal, Risperidona Consta, Zargus, Respidon, e Risperidona.
Como vimos, há diversos medicamentos para TDAH que podem ser utilizados para tratar os seus sintomas, tanto em crianças como em adultos. Entre eles, destaca-se o Atentah, elaborado com a substância atomoxetina, um novo remédio, com um efeito não estimulante. Esperamos que as informações trazidas neste artigo tenham contribuído, de fato, para a ampliação dos seus conhecimentos sobre o tema abordado.
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