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14.5.2018
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Equipe Afya Educação Médica
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Atualmente, as questões referentes à identidade de gênero e sexualidade ainda são acompanhadas por muitos mitos, tabus e crenças, gerando dúvidas na esfera cotidiana, social e institucional. A desinformação sobre o tema, muitas vezes, faz com que pessoas transexuais se sintam excluídas e desrespeitadas perante a sociedade. E esse público, consequentemente, tem experiências drásticas e precárias, sendo afastados de seus direitos, inclusive dentro de consultórios médicos.
Logo, saber acolher e respeitar a identidade de gênero durante os atendimentos em clínicas e no setor de emergência é essencial para manter a ética e o profissionalismo dentro da área médica. Diante da importância do assunto, reunimos, neste post, as principais informações sobre como manter uma conduta e postura respeitosas no ambiente médico. Acompanhe!
De modo geral, a pessoa trans deve ser tratada de acordo com o gênero com o qual se identifica, não importa se ela nasceu com o sexo masculino ou feminino. Afinal, o que deve ser levado em consideração é o que ela deseja. Isso contribui também para que a consulta siga confortável e o paciente sinta-se mais à vontade.
Por isso, é preciso ter cuidado ao empregar os pronomes corretos no atendimento. Inclusive, quando o paciente está no processo de mudança de identidade e o tratamento hormonal é iniciado, fica ainda mais visível a mudança na fisionomia.
Hoje em dia, existe a possibilidade de alterar o nome de registro para o nome social, que é aquele que o paciente prefere ser chamado. Esse processo pode ser orientado por um advogado. Se o processo ainda não tiver sido concluído, o ideal é perguntar como o paciente prefere ser tratado.
A transexualidade é, portanto, o termo que se refere à identidade de gênero de uma pessoa. Uma pessoa trans (ou transexual) não se identifica com o gênero socialmente construído e o sexo biológico com o qual nasceu.
Um indivíduo que nasceu com o sexo feminino, mas se identifica como homem, pode buscar o procedimento de adequação sexual, que ocorre por meio de uma cirurgia. Atualmente, a medicina brasileira considera a cirurgia de redesignação sexual uma prática prescrita no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
Isso significa que a transexualidade, de acordo com a medicina, é um transtorno mental e psicológico, que precisa ser tratado com acompanhamento psiquiátrico. Em casos definitivos, o transtorno pode ser amenizado por meio da operação. Antes de optar pela cirurgia, o paciente passa por um tratamento psicológico intenso, que dura, mais ou menos, três anos. Assim, o psiquiatra pode dar um laudo preciso, confirmando o transtorno.
No entanto, cabe frisar que a Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) retirou dos seus diagnósticos os termos homossexualidade, travesti e transexualismo. Legitimou-se o termo "Transtorno de Identidade de Gênero" (TIG), que é considerado menos preconceituoso.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio do Parecer 8/13, a conduta a ser adotada no tratamento com terapia hormonal para transexuais e travestis deve ser feita desde a infância até a vida adulta. O mesmo Parecer orienta que, quando o TIG é confirmado, o tratamento deve ser iniciado na fase pré-púbere (antes da puberdade) para supressão da puberdade do sexo de nascimento.
O Parecer do órgão destaca que quando o procedimento é realizado antes da puberdade, transtornos psicológicos dos jovens podem ser evitados. Isso porque a terapia precoce, ou seja, antes dos 16 anos, evita o aparecimento das características sexuais do gênero com o qual não há identificação.
O documento destaca também que o diagnóstico do TIG requer a participação de uma equipe multiprofissional com pediatras, clínicos, endocrinologistas e profissionais da saúde mental. Tanto os adolescentes quanto os pré-adolescentes precisam receber todas as informações sobre os possíveis tratamentos, incluindo os riscos de cada estágio terapêutico para que o consentimento seja válido.
Nos casos de intervenções médico-cirúrgicas, os critérios descritos na Resolução CFM 1.652/02 devem ser seguidos. Eles incluem, no mínimo, dois anos de acompanhamento terapêutico antes da cirurgia, diagnóstico de transexualismo e maioridade.
É certo que o humanismo trouxe muitas formas de enxergar o ser humano. As essências, com o decorrer do tempo, passaram a ser ainda mais valorizadas, fazendo com que o ser humano se tornasse objeto de pesquisa na busca incessante pelo autoconhecimento. Sendo assim, o sexo, o gênero e a orientação sexual são termos que fazem mais sentido diante do contexto de identidade cultural e condição humana. No entanto, para saber lidar com todas as diferenças de modo ético e respeitoso, entender bem o significado de cada termo é essencial.
O sexo biológico de um ser humano é definido pelo órgão sexual que existe em cada corpo. Ou seja, é a combinação de cromossomos com a genitália. Desse modo, o sexo determina as características físicas do ser masculino e feminino.
A identidade de gênero, por sua vez, diz respeito ao modo como alguém se apresenta e se identifica — não só em relação a si mesmo, mas também diante da sociedade.
É comum que a identidade de gênero seja confundida com a orientação sexual. As travestis, por exemplo, são consideradas (de forma precipitada) homossexuais por portarem em seus corpos elementos vistos como femininos pela sociedade. No entanto, a travesti pode ter sua orientação sexual por homens e/ou mulheres. Logo, a orientação sexual diz respeito ao gênero pelo qual a pessoa se atrai.
Vamos a mais um exemplo: uma mulher transexual, ou seja, que sente que seu gênero é feminino, embora tenha nascido com o corpo masculino, pode ser lésbica — caso sinta atração por outras mulheres. As questões que envolvem a identidade de gênero estão ganhando um espaço cada vez maior no meio social. Saber como lidar com as diferenças e, principalmente, respeitá-las dentro dos ambientes é essencial para uma postura profissional ética e respeitosa no consultório.
E você, gostou de saber mais sobre identidade de gênero? Notou o quão importante é adotar uma conduta de respeito dentro do consultório? Então aproveite e assine a nossa newsletter para receber todas as atualizações diretamente em seu e-mail!