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19.7.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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A escolha de se especializar em uma área da Medicina é uma etapa de suma importância para o médico, pois permite o desenvolvimento de habilidades específicas e a abertura de novas oportunidades de atuação. Nesse sentido, a carreira de hepatologista, que cuida das doenças no fígado, vesícula biliar e demais órgãos relacionados, desperta grande interesse na área da saúde, o que se deve à sua relevância clínica.
A Hepatologia é uma subespecialidade da área de Gastroenterologia, que, de acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2023, feito pela Universidade de São Paulo (USP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), possui apenas 5.502 médicos especialistas no Brasil.
Em contrapartida, um outro estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA) sobre as tendências e projeções do câncer no fígado e nas vias biliares revelou que os tumores nessas regiões são classificados como o sétimo tipo de câncer mais comum e a segunda principal causa de morte por essa doença globalmente.
Portanto, pode-se dizer que há uma alta demanda pelo atendimento por hepatologistas. Quer entender mais sobre essa área de atuação? Neste post, vamos abordar tudo o que você precisa saber sobre a especialidade. Confira!
O hepatologista é o médico especialista nos cuidados com o fígado e a vesícula biliar, a árvore biliar e o pâncreas, que atua desde a prevenção até a prescrição e o acompanhamento do tratamento de doenças.
Esse profissional possui conhecimentos aprofundados sobre as condições que podem afetar o fígado e órgãos associados, como hepatites virais, doenças metabólicas do fígado, cirrose e tumores hepáticos.
Vale ressaltar que a Hepatologia é considerada uma subcategoria da Gastroenterologia, o que se deve à sua relação com o sistema digestivo. Tanto o hepatologista quanto o gastroenterologista exercem atividades voltadas ao estudo e tratamento de patologias relacionadas à saúde digestiva e gastrointestinal.
Ao se especializar em Hepatologia você poderá atuar em clínicas, hospitais públicos ou privados, ou ainda em consultórios próprios. Na sua rotina de trabalho também é possível realizar plantões, mas essa demanda acontece conforme a carga horária de cada médico, bem como as normas definidas por seu local de trabalho.
Nos plantões, é comum que o hepatologista tenha que atender quadros graves e urgentes envolvendo doenças inflamatórias, cirrose descompensada, vômito intenso, dores na região do fígado e sinais de icterícia.
O hepatologista pode realizar e analisar exames, como ultrassonografia, endoscopia, colonoscopia e biópsia hepática, a fim de investigar os sintomas relatados pelos pacientes.
Os profissionais que optam por trabalhar em consultórios devem ter conhecimentos sobre psicofarmacologia e nutrição, uma vez que muitas doenças hepáticas estão interligadas a aspectos psicológicos e dietéticos. Cabe a eles administrar diferentes medicamentos para um mesmo paciente e orientar sobre a nutrição adequada para cada condição.
Além da atuação clínica, também pode fazer parte da rotina dos hepatologistas a realização de cirurgias, o que requer muitas horas de dedicação para os procedimentos mais delicados.
O campo de atuação para os profissionais de Hepatologia é bastante amplo, permitindo que apliquem os seus conhecimentos por meio de diferentes atividades. Descubra, a seguir, em quais áreas você pode trabalhar ao se tornar um hepatologista.
Na consulta e atendimento médico, o hepatologista busca investigar, avaliar e tratar pacientes que sofrem de doenças hepáticas. Esse processo compreende revisar o histórico médico do paciente, realizar exames físicos, solicitar exames laboratoriais e de imagem, além de prescrever tratamentos adequados.
É função do hepatologista analisar e interpretar resultados de exames, como marcadores virais, testes de função hepática, ressonância magnética e ultrassonografia do fígado. A partir desses resultados, o profissional faz diagnósticos e cria planos de tratamento personalizados para o quadro apresentado pelo paciente.
As doenças hepáticas, como hepatites crônicas e cirrose, podem apresentar distintos níveis de gravidade. Por isso, o hepatologista também atua no acompanhamento e gestão de casos, monitora o progresso da doença, ajusta medicações quando necessário, realiza exames de rotina e fornece suporte contínuo para a qualidade de vida dos pacientes.
Há casos nos quais é necessário realizar procedimentos intervencionistas, como inserção de cateteres biliares e realização de paracenteses (drenagem de líquido abdominal). Sendo assim, o hepatologista verifica a necessidade desse tipo de procedimento e o realiza.
No seu dia a dia, o hepatologista frequentemente participa de reuniões clínicas multidisciplinares para discutir casos complexos com outros profissionais de saúde, como radiologistas, cirurgiões hepáticos, oncologistas e patologistas, para obter informações e opiniões adicionais e, assim, planejar os cuidados ideais para a pessoa doente.
O hepatologista também pode contribuir para a atualização científica sobre doenças hepáticas, pesquisando novas terapias e tratamentos, métodos de diagnósticos e práticas de prevenção, por exemplo. Para isso, participa desde conferências até pesquisas laboratoriais.
Os médicos especialistas em Hepatologia estão qualificados para diagnosticar uma ampla gama de condições hepáticas. Acompanhe alguns dos diagnósticos que podem ser feitos por eles.
As hepatites virais são classificadas em hepatite A, hepatite B, hepatite C, hepatite D e hepatite E, que podem ser diagnosticadas a partir de exames de sangue capazes de detectar anticorpos ou material genético do vírus.
Causada por consumo excessivo de álcool, hepatite viral crônica, esteatose hepática, hepatite autoimune e construção crônica das vias biliares, a cirrose hepática se caracteriza por lesões crônicas no fígado. O profissional de Hepatologia pode diagnosticá-la por meio de tomografia computadorizada, ultrassonografia, testes de função hepática e ressonância magnética.
Também chamada de doença hepática gordurosa não alcoólica, a esteatose hepática consiste no acúmulo de gordura no fígado. A doença pode ser diagnosticada com base em exames de imagens, como ultrassonografia, que evidenciam a presença de gordura no órgão.
Entre as doenças autoimunes do fígado estão a colangite biliar primária, colangite esclerosante primária e hepatite autoimune, que podem ser investigadas pelo hepatologista com a solicitação de exames de sangue para a identificação de anticorpos específicos.
Por fim, o hepatologista também está apto a diagnosticar os tumores hepáticos, como colangicarcinoma e carcinoma hepatocelular, o que pode envolver ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética ou biópsia hepática.
Para o diagnóstico ou intervenção de um quadro grave, existem diversos procedimentos que são realizados por um médico hepatologista. Conheça os principais deles.
Normalmente, a biópsia hepática é solicitada para o diagnóstico de tumores hepáticos, hepatites crônicas e cirrose. Trata-se da coleta de uma pequena amostra do tecido hepático para que seja avaliada em microscópio. Ela pode ser feita durante uma cirurgia ou por meio de uma agulha inserida através da pele.
A paracentese consiste na drenagem de líquido acumulado na cavidade abdominal (ascite) a partir da inserção de cateter ou agulha. O procedimento é feito com a finalidade de aliviar o desconforto, melhorar a respiração e ajudar no diagnóstico de eventuais complicações da cirrose hepática.
Com a colangiopancreatografia retrógada endoscópica (CPRE) é possível visualizar as vias biliares e o pâncreas. No geral, o hepatologista realiza esse procedimento para diagnosticar e tratar condições como cálculos biliares, lesões pancreáticas e obstruções das vias biliares.
O papel do hepatologista não se restringe ao diagnóstico de doenças do sistema hepatobiliar, tendo em vista que os seus conhecimentos são imprescindíveis para a definição de um tratamento adequado às condições de cada paciente. Veja quais são os tratamentos mais comuns realizados por hepatologistas.
Em casos de doenças hepáticas crônicas, o hepatologista é responsável por gerenciá-las. Isso significa que ele atua na prescrição de medicamentos antivirais para promover o controle da replicação viração, medicamentos para reduzir a inflamação do fígado e dá suporte para que o paciente adote um estilo de vida mais saudável.
A cirrose pode gerar uma série de complicações, como a ascite, a encefalopatia hepática (deterioração cerebral desencadeada pela disfunção do fígado) e as varizes esofágicas (dilatação das veias do esôfago , que podem levar sangramento).
Para tratar essas complicações, o profissional de hepatologia prescreve medicamentos diuréticos e, para redução da carga de amônia no cérebro, realiza procedimentos de drenagem de líquido abdominal e de controle do sangramento das varizes esofágicas.
Diante de quadros de hepatite B ou C, os hepatologistas prescrevem terapia antiviral específica para impedir a replicação do vírus, retardar ou interromper a evolução da doença.
As pessoas com doenças hepáticas avançadas, que não podem ser tratadas efetivamente por outros métodos, são encaminhadas para a avaliação de um transplante de fígado. Nesse cenário, o hepatologista pode atuar no processo de seleção, acompanhamento pré e pós-transplante, além de administrar a imunossupressão após o procedimento.
Você tem interesse em ser Hepatologista, mas ainda tem dúvidas sobre essa área? Por se tratar de uma subespecialidade da Gastroenterologia, a Hepatologia amplia as suas oportunidades no mercado de trabalho, já que você pode trabalhar tanto na especialização maior quanto na subespecialização.
Uma grande vantagem a ser destacada na carreira como hepatologista é o baixo número de profissionais especializados nesse segmento no Brasil. Por outro lado, apenas as hepatites virais B e C acometem 325 milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo responsáveis por 1,4 milhões de óbitos por ano, sendo dados informados pelo Ministério da Saúde. Esse panorama evidencia uma grande demanda por profissionais de Hepatologia.
Durante a prática clínica, como o diagnóstico e tratamento de doenças do fígado, o hepatologista pode realizar procedimentos de alta complexidade, como o transplante do órgão ou a remoção de gordura hepática. Quanto mais complexas são as suas atividades, mais valorizado e bem remunerado será o profissional.
As oportunidades no mercado de trabalho para hepatologistas estão disponíveis em hospitais, clínicas, consultórios particulares e laboratórios. A remuneração desse profissional depende do local em que trabalha, do nível de complexidade de suas atividades e da sua carga horária.
A média salarial para essa área no Brasil é de R$ 6.105,39, para uma jornada de trabalho de 19 horas por semana. No entanto, a remuneração desses especialistas pode chegar até R$ 11.841,35, sem considerar abonos e adicionais.
A capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, oferece o maior teto salarial do país, cujo valor é de R$ 14.404,61 para 19 horas semanais. Enquanto no Ceará, mais especificamente na capital, Fortaleza, há maior oferta de emprego, com média salarial de R$ 8.454,91.
É possível aumentar os seus rendimentos a partir da conciliação entre o trabalho clínico e demais atividades, como realização de exames complexos, prática cirúrgica, e pesquisas de medicamentos. Também existe a possibilidade de abrir o seu próprio consultório e se tornar referência na área.
Além disso, aqueles profissionais que têm afinidade com o setor da educação podem lecionar em cursos de formação de hepatologistas. Ao seguir a carreira acadêmica, você também ganha prestígio profissional, fator que pode aumentar a sua valorização e remuneração na prática clínica.
O hepatologista desempenha um papel de extrema relevância na Medicina, trabalhando desde com a prevenção até com o tratamento de doenças que atingem fígado, um dos principais órgãos do corpo humano.
Para ingressar nessa área, o primeiro passo é se especializar em Gastroenterologia e posteriormente se subespecializar em Hepatologia. Essa formação traz uma perspectiva de carreira animadora, com possibilidade de crescimento e reconhecimento profissional e bons rendimentos financeiros.
A pós-graduação em Gastroenterologia permite ao profissional da saúde adquirir conhecimentos e habilidades avançadas e ter acesso a tecnologias diagnósticas e terapêuticas de ponta, podendo oferecer cuidados individualizados e abrangentes para condições hepáticas. Após a formação e cumpridos os demais requisitos previstos pela Sociedade Brasileira de Hepatologia é possível realizar a prova de título para obter o RQE.
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