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Guia prático sobre Diabetes Gestacional

Guia prático sobre Diabetes Gestacional

A diabetes gestacional é uma condição que afeta algumas mulheres durante a gravidez, caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue. Trata-se de uma alteração que pode trazer várias complicações para a saúde do bebê e da mãe, requerendo uma atenção especial e deve ser acompanhada por especialistas em Ginecologia e Obstetrícia.

De acordo com estudos populacionais das últimas décadas, a prevalência de diabetes gestacional pode variar de 1% a 37,7%, com uma média mundial de 16,2%. Atualmente, a estimativa é de que um em cada seis nascimentos aconteça em mulheres com a condição durante a gravidez, sendo que o Brasil é o quarto país com maiores taxas de diabetes na população adulta. No entanto, existem métodos e dicas que ajudam a evitar o problema.

Neste guia, abordaremos as principais informações sobre a diabetes gestacional. Assim, você terá um entendimento completo sobre essa condição e auxiliará futuras mamães e profissionais de saúde no manejo adequado. Vamos lá?

O que é a diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é uma condição metabólica que se desenvolve durante a gestação devido ao aumento da resistência insulínica — hormônio responsável pela regulação dos níveis de glicose no sangue — ou pela produção insuficiente de insulina. Isso leva a um aumento dos níveis da substância no sangue, o que pode ser prejudicial tanto para a mãe quanto para o bebê.

Isso ocorre porque, durante a gravidez, o corpo produz mais hormônios e passa por diversas modificações, como ganho de peso. Essas transformações fazem com que as células do corpo da gestante utilizem insulina de maneira menos eficaz. Assim, há um aumento da necessidade desse hormônio no organismo da gestante.

Em geral, o problema acontece com mais frequência em mulheres com histórico de diabetes, sobrepeso, hiperinsulinêmicas e resistência à insulina, assim como em mulheres magras com deficiência insulínica relativa ou que recorrem a medicamentos hipoglicemiantes.

É importante destacar, no entanto, que mulheres que já apresentam a condição e engravidam não devem ser consideradas portadoras de diabetes gestacional, porque o distúrbio é classificado como uma complicação específica da gravidez.

Quais são seus principais sintomas?

A diabetes gestacional pode não apresentar sintomas claros, o que a torna uma condição ardilosa. Porém, existem alguns sinais que podem servir de alerta e devem ser observados, tais como:

  • aumento da sede;
  • ganho de peso;
  • micção frequente;
  • aumento do apetite;
  • visão turva;
  • boca seca;
  • náuseas;
  • infecções urinárias frequentes;
  • cansaço excessivo.

Vale ressaltar que muitas dessas alterações são comuns no processo da gravidez em si, sendo necessário manter um acompanhamento pré-natal para realizar exames periódicos, diagnosticando e acompanhando o problema ao longo das semanas de gestação.

Quais são as possíveis causas e os fatores de risco?

Durante a gestação, o organismo da mulher faz várias adaptações na produção hormonal para possibilitar o desenvolvimento do bebê. A placenta, nesse caso, é uma fonte indispensável de muitos hormônios que afetam a ação da insulina, responsável por transportar a glicose dos alimentos até as células. Para compensar esta situação, o pâncreas da gestante aumenta a produção de insulina.

Em algumas mulheres gestantes, no entanto, esse procedimento não ocorre conforme o esperado, fazendo com que aconteça um aumento nos níveis de açúcar no sangue. Como resultado, temos um quadro de diabetes gestacional, um distúrbio que coloca em risco a saúde do bebê, já que passa a receber muita glicose através da circulação placentária.

Além disso, o pâncreas do bebê pode ficar sobrecarregado e ele acaba ganhando peso além do esperado — um processo conhecido como macrossomia fetal—, o que pode dificultar o parto e aumentar o risco de lesões no nascimento, além de estimular outras possíveis complicações que falaremos mais adiante.

Existem alguns fatores que elevam o risco de a gestante ter essa complicação, como:

  • idade avançada da mãe;
  • histórico familiar de diabetes;
  • excesso de peso antes da gravidez;
  • usar corticoides;
  • ganho excessivo de peso durante a gestação;
  • apresentar exames de sangue com glicose alterada em algum momento antes da gravidez;
  • histórico de diabetes em gestações anteriores;
  • gravidez anterior com feto nascido com mais de 4 kg;
  • histórico de aborto espontâneo sem causa esclarecida;
  • apresentar hipertensão arterial;
  • ter ou já ter tido em gestação anterior pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
  • possuir síndrome dos ovários policísticos.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da diabetes gestacional é feito por meio de testes de glicemia, que conseguem medir os níveis de glicose no sangue após a ingestão de uma solução açucarada. Os valores de referência da glicemia na gestação dependem do momento da coleta e do tipo de exame realizado. Conheça as referências:

  • exame de sangue em jejum de 8 horas: 92 mg/dL;
  • teste de tolerância oral à glicose (feito com a ingestão de 75 g de um líquido bastante doce chamado dextrosol): 92 mg/dL em jejum, 180 mg/dL uma hora após a ingestão, e 153 mg/dL duas horas depois da ingestão;
  • teste de glicemia em fita: 95 mg/dL em jejum, 140 mg/dL uma hora após a refeição, e 120 mg/dL duas horas depois da refeição.

Qualquer valor que esteja acima dos destacados anteriormente aponta a presença de diabetes na gravidez — com apenas uma alteração no valor durante a gestação é possível fechar o diagnóstico.

Para obtenção dos resultados, as gestantes são submetidas ao exame entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez. Se os resultados indicarem níveis elevados de glicose, o diagnóstico da condição é confirmado.

Além dos exames clínicos, é fundamental a realização de testes de ultrassom, já que alguns sinais, como feto maior que o esperado e mudança do volume do líquido amniótico, são indicativos de adversidades.

Geralmente, na 24ª semana de gravidez, o médico costuma solicitar o teste oral de tolerância à glicose, mais conhecido como curva glicêmica. No teste, a gestante ingere uma solução adocicada, sendo colhidas amostras de seu sangue a cada hora.

O que a diabetes gestacional pode causar para o bebê?

Sabemos que todos os nutrientes e substâncias que o feto necessita para se desenvolver de modo saudável são provenientes da mãe, por esse motivo, a saúde da mulher, o estilo de vida e os seus hábitos podem afetar diretamente o feto. Então, é fundamental tomar todos os cuidados nesta etapa, para evitar impactos para o bebê.

Diante disso, além de sobrecarregar os órgãos do feto e aumentar o risco de macrossomia fetal, a diabetes gestacional afeta o bebê no momento do seu nascimento. Isso porque, quando o cordão umbilical é cortado, é interrompido o fornecimento de açúcar da mãe para o bebê, o que faz com que aconteça uma queda significativa na quantidade de glicose da circulação, levando a um quadro de hipoglicemia neonatal.

Além disso, o excesso de insulina pode atrapalhar a absorção de cálcio, de potássio e de magnésio. A alteração também pode propiciar o surgimento da icterícia e do parto prematuro. Por isso, quando a diabetes gestacional não é devidamente tratada, existem maiores riscos de malformações fetais, abortos espontâneos e pré-eclâmpsia.

Por fim, a condição também pode afetar no parto, ocasionando um risco maior de rompimento prematuro das membranas amnióticas — quando acontece o vazamento de líquido amniótico antes do trabalho de parto — e parto prematuro, maior risco de parto cesárea, sobretudo nas ocorrências em que o bebê está acima do peso esperado ou em posição anormal, e maior risco de complicações do parto.

E as formas de prevenção?

Uma vez que a diabetes gestacional está relacionada a alterações hormonais ao longo da gravidez, ela nem sempre pode ser prevenida. Entretanto, é possível diminuir os riscos de desenvolver a doença.

Por esse motivo, a melhor maneira de prevenir a diabetes na gravidez é por meio de consultas com os profissionais responsáveis pelo cuidado, para promover um estilo de vida mais saudável.

Sendo assim, como o ganho de peso em excesso é uma das principais causas do distúrbio, adotar uma dieta equilibrada, com baixo consumo de carboidratos, e realizar atividades físicas são estratégias recomendadas para manter os níveis da glicose controlados. Isso também vale para evitar o diabetes tipo 2.

Além disso, buscar uma clínica especializada e realizar um acompanhamento médico também pode auxiliar na identificação dos riscos de a paciente desenvolver a diabetes gestacional, assim como conhecer todos os medicamentos ou suplementos atuais que a paciente faz o uso para poderem ser interrompidos ou alterados, se necessário.

Quando necessário, podem ser realizados ajustes na rotina da gestante antes mesmo de ela engravidar, assegurando, assim, uma gravidez saudável tanto para a mãe quanto para o bebê. Tudo isso ajuda a evitar a doença e se revela extremamente eficaz no tratamento.

Qual o melhor tratamento para a diabetes gestacional?

O tratamento da diabetes na gravidez consiste no controle dos níveis de glicose no sangue, requerendo um acompanhamento específico, com avaliações regulares da curva glicêmica.

Para manter as taxas de açúcar em ordem, os médicos recomendam atenção especial à dieta. O plano inicial consiste na prescrição de um cardápio que permita ganho adequado de peso conforme o estado nutricional da gestante, avaliado pelo índice de massa corporal. As refeições, nesse caso, precisam ser fracionadas ao longo do dia e as gorduras substituídas por frutas, verduras, legumes e alimentos integrais.

Além disso, a atividade física deve fazer parte da estratégia de manejo da diabetes na gravidez. Pacientes sedentárias precisam ser orientadas a iniciar um programa de caminhadas regulares ou exercícios equivalentes acompanhados por cerca de 30 minutos por dia. No caso das gestantes que já praticavam alguma atividade regularmente, podem mantê-la, evitando apenas as de alto impacto.

O acompanhamento pré-natal também é indispensável para garantir que a gestação transcorra de forma saudável e para identificar qualquer sinal de complicação. Consultas regulares com profissionais de saúde especializados ajudam a monitorar o desenvolvimento da gravidez e a saúde da mãe e do bebê.

Se os níveis de glicose continuarem subindo, mesmo diante de todos os cuidados apresentados, o médico pode indicar injeções de insulina para controlar a glicemia e um acompanhamento frequente dos níveis de glicose no sangue para entender se a doença está realmente relacionada apenas à gestação. Porém, em geral, o problema acaba logo após o parto.

É claro que a decisão quanto ao melhor tratamento dependerá de alguns critérios como: idade, saúde geral e histórico médico, gravidade da doença, tolerância a medicamentos, procedimentos ou terapias específicas e expectativas para a evolução da doença. Por isso, os profissionais de saúde são determinantes neste processo.

Quais os principais cuidados após a gestação?

Embora a tendência seja de que a diabetes desapareça após o parto, muitas mulheres que apresentam alterações durante a gravidez devem manter cuidados e monitoramento médico especializado mesmo depois do nascimento do bebê, uma vez que são consideradas pacientes com risco potencial para o surgimento de diabetes tipo 2.

Como dito, após o parto, a glicemia da mãe tende a se normalizar, mas podem surgir diversas consequências na saúde da mulher e do seu bebê, como as valvopatias, por exemplo.

Portanto, para o recém-nascido, o ideal é realizar a medição da glicose nos primeiros dias de vida e o retorno ao serviço de saúde. No caso da mãe, o exame da glicemia também deve ser repetido em laboratório, entre 6 e 8 semanas depois do parto. Esse procedimento precisa acontecer pelo menos uma vez ao ano.

É essencial que as mulheres que tenham tido diabetes gestacional adotem um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e acompanhamento médico regular, seguindo as principais dicas para tratar o problema e para prevenir o seu desenvolvimento futuro. A amamentação também pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da diabetes tipo 2, além de trazer diversas vantagens para a saúde do bebê.


O que achou do nosso guia sobre gravidez gestacional?

Como você pôde ver, a diabetes gestacional é uma condição que requer atenção e cuidados especiais durante a gravidez. Com informação e cuidados adequados, é possível controlar a glicemia e evitar complicações tanto durante a gestação quanto no pós-parto, assim como lidar de forma segura e responsável com o problema, proporcionando uma gravidez tranquila e saudável.

Neste guia completo, forneceremos as principais informações sobre a diabetes gestacional, a fim de preparar mulheres e profissionais de saúde para lidarem da melhor forma possível com essa condição durante a gravidez. Esperamos que tenha gostado e tirado suas principais dúvidas a respeito!

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