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Como lidar com as emergências mais comuns no Pronto Atendimento

Como lidar com as emergências mais comuns no Pronto Atendimento

Os desafios de um Pronto Atendimento (PA) não são poucos, nem são fáceis de lidar, exigindo conhecimentos especializados, habilidades técnicas e competências essenciais dos profissionais envolvidos. Por isso, conhecer as emergências mais comuns ajuda a saber diferenciar casos mais graves e adotar metodologias para priorizar as urgências e agilizar o atendimento.

Neste artigo, falaremos sobre a rotina e os principais desafios de um PA hospitalar ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Também comentaremos sobre as emergências que mais ocorrem e como lidar com cada uma delas. Boa leitura!

Rotina e os principais desafios de um Pronto Atendimento

A rotina médica em hospitais é complexa devido às diferentes necessidades dos pacientes que exigem o gerenciamento de altas complexidades, como cirurgias de emergência e encaminhamento para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Também há demandas eletivas para procedimentos pré-agendados, bem como consultas com especialistas. Mas, é a gestão de pronto-socorro que geralmente se apresenta como o maior desafio no dia a dia hospitalar ou em Unidades de Pronto Atendimento (UPA).

Isso porque é o local que concentra diversas queixas de pacientes que procuram por atendimento com graus diferenciados de complexidade. Dessa forma, os médicos precisam lidar com situações que envolvem desde uma dor de garganta até condições mais graves, como sintomas de infarto ou derrame cerebral.

Devido a essas peculiaridades é que o PA é um setor considerado altamente delicado no atendimento à saúde, que precisa enfrentar os desafios de impor prioridades no atendimento, já que nem sempre a queixa de um paciente requer emergência.

Exemplo disso, é quando uma pessoa que apresenta apenas cefaleia, sem sinais de possíveis complicações. Nesse caso, ela não será tratada com prioridade em comparação às condições de outros que podem se queixar de dor no peito, que é um sinal de gravidade.

Motivos para a alta demanda em PAs

Um dos motivos para a alta demanda e complexidade de atendimento no PA se encontra na falta de estrutura para os serviços oferecidos pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Isso porque muitos dos pacientes que buscam o setor de emergência hospitalar apresentam condições que deveriam ser atendidas em Clínica Médica ou pelo médico da família. Dessa forma, engrossam o movimento nessas unidades.

Nesse sentido, há campanhas governamentais e iniciativas municipais, com o engajamento de instituições particulares e beneficentes, visando alertar os cidadãos sobre uma busca mais efetiva de atendimento de saúde. No entanto, não basta apenas informar. É necessário oferecer um atendimento de qualidade para impedir que o paciente busque o setor primário e não consiga uma consulta ou tenha seu agendamento marcado para meses depois. Esse fator dificulta um acompanhamento médico eficaz.

Por outro lado, a própria relação dos cidadãos com a saúde também impacta o fluxo de atendimento. Muitos pacientes não conseguem ter mais um médico de referência, com conhecimento do seu histórico de saúde, o que seria um ponto de contato ideal nesses momentos, auxiliando na distribuição da carga de atendimentos.

Dessa forma, quando há alguma condição de saúde que leva a pessoa a necessitar de atendimento médico, é no PA que ela busca apoio. Nesse sentido, é preciso pensar em soluções, como a aplicação de ferramentas de gestão do PA para uma triagem eficaz.

Outro aspecto a ser considerado é a necessidade de treinamento técnico dos profissionais que estão à frente dessa atividade. Além disso, a Medicina de Emergência exige habilidades que precisam ser desenvolvidas, como empatia, paciência e capacidade para tomar decisões ágeis em cenários mais complexos.

Emergências mais comuns no Pronto Atendimento

Conforme comentamos, no PA os profissionais de plantão precisam enfrentar diferentes emergências, desde as mais simples até as mais complexas. A seguir, detalhamos os casos mais comuns, seus sintomas e melhores práticas para atender cada caso.

Acidente Vascular Cerebral

No Acidente Vascular Cerebral (AVC), o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido ou reduzido, danificando as células cerebrais. Há dois tipos principais de AVC:

  • isquêmico — ocorre quando uma artéria que fornece sangue ao cérebro é bloqueada;
  • hemorrágico — acontece quando uma artéria no cérebro se rompe, causando sangramento.

Principais sintomas:

  • dificuldade para falar ou entender a fala;
  • dor de cabeça severa;
  • fraqueza ou paralisia em um lado do corpo;
  • perda de visão ou visão turva;
  • tontura ou perda de equilíbrio.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, que conseguem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral. Entre os mais utilizados para uma avaliação inicial, se encontra a tomografia computadorizada de crânio, que permite observar os sinais precoces de isquemia.

Melhores práticas a serem adotadas

Os primeiros cuidados de emergência incluem:

  • checagem dos sinais vitais, como temperatura e pressão arterial;
  • verificação da glicemia;
  • acesso venoso no braço que não estiver paralisado;
  • oferta de oxigênio, caso seja necessário;
  • identificação do horário de início dos sintomas por meio de um questionário ao paciente ou seu acompanhante.

Lesões traumáticas

O trauma e politrauma corporal são condições muito comuns em atendimentos de emergência e podem variar desde as menores, como contusões e cortes, até mais graves, como lesões cerebrais traumáticas, fraturas ósseas e lesões na medula espinhal.

Em geral, elas ocorrem por diversos fatores como:

  • acidentes automobilísticos;
  • ferimentos esportivos;
  • quedas;
  • violência, entre outros fatores.

Principais sintomas:

  • dificuldade para respirar;
  • dor;
  • inchaço;
  • perda de sensibilidade ou movimento em uma área do corpo;
  • vermelhidão.

Melhores práticas a serem adotadas

Nestes casos, é preciso seguir uma linha de protocolo de trauma para o atendimento ser realizado de maneira correta. No entanto, os principais passos para atender esses casos, são:

  • checagem de sinais vitais e entrevista ampla — com o paciente, familiares ou terceiros;
  • avaliação complementar — de glicemia capilar;
  • exame da cabeça aos pés, frente e dorso — visando localizar ferimentos, afundamentos, sangramentos, hematomas, desvios, alterações na cor da mucosa ou da pele, instabilidades, alterações de motricidade, assimetrias e sensibilidade.

Cefaleia

A cefaleia é um dos sintomas mais comuns de queixas no PA, correspondendo ao quarto motivo mais frequente de consulta nas unidades de urgência.

Melhores práticas a serem adotadas

Conforme o Protocolo Nacional para Diagnóstico e Manejo das Cefaleias nas unidades de Urgência do Brasil, elaborado pela Academia Brasileira de Neurologia, no contexto de urgência, o atendimento deve objetivar o alívio da dor, bem como a exclusão de cefaleias secundárias.

Infecções em vias aéreas superiores

As infecções das vias aéreas superiores (IVAS), comuns na emergência, são geralmente causadas por vírus, embora possam ser provocadas por bactérias em casos mais graves.

Mais incidentes no inverno, elas afetam as estruturas respiratórias superiores, envolvendo os seios da face, o nariz, a garganta e a laringe.

Sintomas

Os sintomas mais comuns em queixas de pacientes, são:

  • congestão nasal;
  • coriza;
  • dor de cabeça;
  • dor de garganta;
  • dor de ouvido;
  • febre baixa;
  • tosse.

Melhores práticas a serem adotadas

O tratamento dessas infecções depende da causa. Se for viral, é geralmente direcionado para o alívio dos sintomas, com analgésicos, antitérmicos e descongestionantes. Em casos de infecção bacteriana, pode ser necessário o uso de antibióticos.

Infecções do trato urinário

As Infecções do Trato Urinário (ITUs) podem afetar qualquer parte do sistema urinário, ou seja, rins, bexiga, ureteres e uretra. A maioria é causada por bactérias, como Escherichia coli. Contudo, podem ser provocadas também por fungos, parasitas e vírus.

Essas infecções são mais comuns em mulheres, devido à sua anatomia, que facilita a entrada de bactérias na uretra, alcançando a bexiga. Também são mais comuns em pessoas idosas e pacientes que apresentam condições que afetam o sistema imunológico, como o diabetes.

Sintomas

Os sintomas das ITUs são:

  • disúria;
  • dor na parte inferior do abdome;
  • polaciúria;
  • urina turva ou com odor forte.

Nos casos mais graves, a infecção pode alcançar os rins, provocando dor nas costas, febre e calafrios.

Melhores práticas a serem adotadas

É de extrema importância realizar um tratamento precoce, nas primeiras 72 horas, contadas a partir do início dos sintomas, para prevenir dano renal.

O internamento é indicado para os seguintes casos:

  • bebês menores de 2 meses;
  • falha de tratamento ambulatorial;
  • paciente imunocomprometido;
  • quadro clínico de bacteremia em potencial ou sepse de foco urinário;
  • vômitos ou incapacidade de tolerar medicação por via oral.

Devido ao grande movimento em PAs, todas as emergências citadas acima, são classificadas para efeito de prioridade no atendimento.

Identificação e classificação das urgências

No Brasil, a maioria das instituições de saúde trabalha com o Protocolo de Manchester, um método de classificação utilizado para estabelecer prioridades nos atendimentos de emergência. Ele foi criado no início da década de 1990, e implantado inicialmente em hospitais do Reino Unido.

Com base nele, quem chega ao PA é identificado por cores, conforme a urgência de atendimento, ressaltando o nível de risco de cada quadro clínico, conforme segue:

  • cor vermelha — devem ser atendidos imediatamente;
  • cor laranja — exigem atenção, e precisam ser atendidos no prazo máximo de 10 minutos, aproximadamente;
  • cor amarela — casos não imediatos, em que a espera pode chegar a 60 minutos;
  • cor verde — pacientes com pouca urgência, com espera estimada em 2 horas;
  • cor azul — quadros simples de saúde, com espera de até 4 horas.

Embora esse protocolo se apresente como um método eficaz, divide experiências com outras formas de classificação. Um deles, o Fast Track, é uma ferramenta que permite tornar mais rápido o fluxo de triagem, acolhimento e atendimento em instituições de saúde. Ele se fundamenta na necessidade de acelerar processos médicos, garantindo agilidade para atender aos pacientes.

Contudo, para o seu pleno funcionamento, é necessária uma avaliação criteriosa por parte dos médicos. Na prática, o Fast Track alivia a demanda no PA ao prever um espaço separado, para o qual são encaminhados pacientes com menor complexidade. Nele, todos são atendidos com maior rapidez, já que as queixas são simples, prevendo também protocolos mais fáceis de gerenciar.

Dessa forma, é possível acelerar o atendimento a partir da verificação de que o problema de saúde não exige internação ou intervenções invasivas. A ideia é proporcionar eficiência no tratamento do paciente, mas sem renunciar à segurança, qualidade e atendimento especializado.

Outras classificações

Além do Protocolo Manchester e da classificação Fast Track, há também Australasian Triage Scale, a Canadian Triage and Acuity Scale e a Emergency Severity Index, conforme comentamos a seguir.

Australasian Triage Scale

Considera prioridades estabelecidas na década de 1970. Com ela, a triagem é realizada a partir de fatores clínicos e comportamentais do paciente, identificados da seguinte forma:

  • Categoria 1 — imediata ameaça à vida;
  • Categoria 2 — iminente ameaça à vida;
  • Categoria 3 — potencial ameaça à vida;
  • Categoria 4 — casos potencialmente sérios;
  • Categoria 5 — casos menos urgentes.

Canadian Triage and Acuity Scale

Estabelece um nexo entre sintomas e diagnósticos, tendo como base a International Classification of Diseases, escala utilizada por médicos para catalogar as doenças. As categorias incluem:

  • nível 1 (azul) — reanimação: atendimento imediato;
  • nível 2 (vermelho) — emergente, para atendimento no máximo em 15 minutos;
  • nível 3 (amarelo) — urgente, atendimento em 30 minutos;
  • nível 4 (verde) — menos urgente, pode aguardar até 60 minutos;
  • nível 5 (branco) — não urgente, com espera de até 120 minutos.

Emergency Severity Index

Identifica os casos que devem ser priorizados por meio de um fluxograma, sem especificar o tempo de espera. As categorias envolvem:

  • emergência (alto risco de morte);
  • urgência;
  • sintomas de doenças agudas, com possível risco a órgãos e sistemas;
  • queixas crônicas menos graves;
  • pacientes estáveis.

Importância da classificação para o atendimento

A classificação hospitalar evita que os pacientes mais graves tenham que esperar mais tempo em relação aos casos mais leves. Com isso, é possível evitar o agravamento do quadro de saúde e até o falecimento de pessoas na fila de espera.

Esse tipo de triagem também evita o congestionamento de pacientes nas salas de emergência hospitalar, e permite às pessoas que estão aguardando saber quanto tempo precisarão esperar para serem atendidas.

No entanto, é importante observar que os profissionais de saúde responsáveis pelas triagem e pelo pré-atendimento médico precisam ficar atentos, tanto em relação ao grau de sofrimento físico quanto ao psíquico, que os pacientes podem apresentar.

Isso porque, pode acontecer de uma pessoa chegar ao PA muito angustiada, mas sem sinais visíveis de problemas físicos, e necessitar de um atendimento mais urgente, com maior grau de risco.

Profissional responsável pela classificação

Normalmente, o profissional encarregado de classificar o risco dos pacientes em instituições de saúde é um enfermeiro habilitado. Contudo, outros profissionais do setor podem exercer essa função, como médicos, dependendo do regulamento interno.

Nas chamadas emergenciais para o SAMU, por exemplo, o médico regulador, que trabalha junto à Central de Regulação de Urgências, é o responsável por orientar as vítimas e direcionar o pré-atendimento nos primeiros socorros.

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Conforme mostramos ao longo deste artigo, os desafios são diversos e exigem muita capacitação técnica e preparo emocional para atender com qualidade e eficiência os pacientes. Esperamos que as informações que trouxemos neste texto sirvam para ampliar e aprofundar os conhecimentos sobre as emergências mais comuns e te ajude a evitar alguns erros no pronto atendimento.

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