8 doenças comuns em crianças

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A infância é uma fase marcada pelo crescimento, desenvolvimento e aprendizado, mas as crianças também enfrentam desafios relacionados à saúde. Conhecer essas condições é fundamental para que pais, responsáveis e cuidadores possam agir de maneira proativa na promoção da saúde infantil.

De acordo com relatório da Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de indivíduos entre 0 e 14 anos representa, atualmente, 25% da população mundial. Assim, com aproximadamente 2 bilhões de crianças no mundo, distribuídas por diversas regiões, a saúde infantil torna-se uma preocupação global.

As condições de saúde variam, e os pequenos enfrentam desafios como resfriados, gripes e doenças mais sérias. É essencial compreender as principais doenças para adotar medidas preventivas e garantir o bem-estar dessa população.

Neste artigo, vamos explorar oito doenças comuns em crianças, oferecendo informações sobre causas, sintomas, fatores de risco, tratamentos e medidas preventivas.

1. Caxumba

A caxumba é causada pelo vírus Paramyxovírus, da família Paramyxoviridae. A infecção ocorre principalmente por meio de gotículas de saliva ou contato direto com objetos contaminados.

Sintomas

Os sintomas característicos incluem inchaço doloroso das glândulas salivares, febre, dor ao mastigar, fraqueza e, em alguns casos, dor no ouvido.

Fatores de risco

A falta de imunização adequada é um fator de risco significativo. Além disso, o contato próximo com pessoas infectadas e a participação em aglomerações aumentam o risco de contrair a doença.

Diagnóstico

O diagnóstico da caxumba é geralmente clínico, baseado nos sintomas e no exame físico. Em alguns casos, exames laboratoriais, como a detecção do vírus na saliva ou sangue, podem ser realizados para confirmar o diagnóstico.

Tratamento

O tratamento da caxumba é principalmente sintomático. Isso envolve repouso, analgésicos para aliviar a dor e reduzir a febre, e compressas frias ou quentes para aliviar o inchaço das glândulas salivares. Em casos mais graves, pode ser necessário tratamento hospitalar.

Prevenção

A prevenção eficaz do vírus Paramyxovírus ocorre por meio da cobertura vacinal. A vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola, é administrada geralmente na infância, com reforços em diferentes idades.

2. Sarampo

O sarampo é causado pelo vírus Morbillivirus, pertencente à família Paramyxoviridae. A transmissão ocorre pelo contato com secreções respiratórias de uma pessoa infectada, seja pelo ar, seja por contato direto.

Sintomas

Os sintomas característicos do sarampo incluem febre alta, manchas vermelhas na pele (exantema maculopapular), tosse, coriza e conjuntivite. A erupção cutânea geralmente se espalha do rosto para o resto do corpo.

Fatores de risco

A falta de imunização é o principal fator de risco para contrair o sarampo. Além disso, viagens para áreas com surtos aumentam significativamente a vulnerabilidade, especialmente em indivíduos não vacinados.

Diagnóstico

O diagnóstico do sarampo é principalmente clínico, baseado nos sintomas característicos. Exames de sangue podem ser realizados para confirmar a presença do vírus. A detecção de anticorpos específicos também pode apoiar o diagnóstico.

Tratamento

Não há tratamento específico para o sarampo. O suporte ao paciente inclui repouso, hidratação adequada e, em casos mais graves, cuidados hospitalares. Antibióticos podem ser prescritos se houver infecções secundárias.

Prevenção

A vacina tríplice viral é a principal medida de prevenção contra o sarampo. Ela é administrada em duas doses, geralmente na infância, proporcionando imunidade duradoura. Manter a imunização em dia contribui significativamente para a erradicação e controle da doença.

3. Catapora

A catapora é causada pelo vírus Varicela-zóster, da família Herpesviridae. A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com as lesões cutâneas de uma pessoa infectada ou pelo ar, ao tossir ou espirrar.

Sintomas

Os sintomas característicos da catapora incluem erupções cutâneas que se desenvolvem em manchas vermelhas e, subsequentemente, em bolhas cheias de líquido. A coceira é intensa, acompanhada de febre e mal-estar geral.

Fatores de risco

A falta de imunização é um fator de risco significativo para contrair catapora. Além disso, o contato próximo com pessoas infectadas aumenta consideravelmente os riscos de transmissão.

Diagnóstico

O diagnóstico da catapora é geralmente clínico, baseado nos sintomas característicos e na aparência das lesões. Em casos duvidosos, exames laboratoriais como a reação em cadeia da polimerase (PCR) podem ser realizados para confirmar a infecção.

Tratamento

O tratamento da catapora é principalmente sintomático, com ênfase no alívio da coceira e desconforto. Antivirais podem ser prescritos em certos casos, especialmente em pacientes de alto risco. Manter a pele limpa e cortar as unhas curtas ajuda a prevenir infecções secundárias causadas pela coceira excessiva.

Prevenção

A vacinação é fundamental na prevenção da catapora. A vacina varicela-zóster é geralmente administrada em duas doses durante a infância, proporcionando imunidade duradoura e reduzindo a gravidade da doença em casos de infecção.

4. Rubéola

A rubéola é causada pelo vírus Rubivirus, pertencente à família Togaviridae. A transmissão ocorre principalmente por meio de gotículas respiratórias liberadas quando uma pessoa infectada tem tosse ou espirra. O vírus pode permanecer no ambiente por um curto período.

Sintomas

Os sintomas da rubéola podem incluir inchaço dos gânglios linfáticos, manchas avermelhadas na pele (exantema), febre baixa e, em alguns casos, dores articulares. É frequentemente uma doença leve e, em alguns casos, pode até ser assintomática.

Fatores de risco            

O principal fator de risco associado à rubéola é a complicação que pode ocorrer se uma mulher grávida, não imunizada, contrair a infecção. Isso aumenta significativamente o risco de defeitos congênitos no feto, resultando na síndrome da rubéola congênita.

Diagnóstico

O diagnóstico da rubéola é geralmente clínico, com base nos sintomas apresentados pelo paciente. Exames de sangue também são frequentemente realizados para detectar a presença de anticorpos específicos, confirmando a infecção.

Tratamento

Não há tratamento específico para a rubéola, e a infecção geralmente se resolve por conta própria. O tratamento visa aliviar os sintomas, como febre e desconforto.

Prevenção

A prevenção é crucial, especialmente para mulheres em idade fértil, por meio da vacinação. A vacina tríplice viral, que inclui proteção contra a rubéola, é uma medida eficaz na prevenção da infecção e suas complicações.

5. Meningite

A meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, incluindo vírus, bactérias, fungos ou parasitas. Entre as causas mais comuns, destacam-se as bactérias Neisseria meningitidis e os vírus do grupo enterovírus. A transmissão ocorre geralmente por meio de gotículas respiratórias ou contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada.

Sintomas

Os sintomas típicos da meningite incluem febre, rigidez no pescoço, dor de cabeça intensa e, em casos graves, convulsões. Além disso, pode haver sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental. Os sintomas podem se desenvolver rapidamente e exigem atenção pediátrica urgente.

Fatores de risco

Os fatores de risco para contrair meningite incluem a exposição a pessoas infectadas, falta de imunização, condições que comprometem o sistema imunológico, como HIV/AIDS, e aglomerações, como em dormitórios ou acampamentos.

Diagnóstico

O diagnóstico de meningite se baseia, principalmente, na análise do líquido cefalorraquidiano, obtido por meio de uma punção lombar. Além disso, exames de sangue e exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM), também podem ser realizados para avaliar a extensão da infecção.

Tratamento

O tratamento da meningite varia conforme a causa. Para a meningite bacteriana, antibióticos são essenciais e devem ser administrados rapidamente. No caso da meningite viral, o tratamento é principalmente de suporte, focado no alívio dos sintomas.

Prevenção

A prevenção da meningite é possível por meio da vacinação. Vacinas específicas estão disponíveis para prevenir a meningite bacteriana causada por Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae.

Além disso, a vacina contra o vírus do sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral) também oferece proteção contra algumas formas de meningite viral. É fundamental seguir o calendário de vacinação recomendado, especialmente em grupos de maior risco, como crianças e adolescentes.

6. Coqueluche

A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, uma bactéria que afeta as vias aéreas. A transmissão ocorre principalmente por meio de gotículas respiratórias liberadas ao tossir ou espirrar.

Sintomas

A doença geralmente inicia com sintomas semelhantes aos do resfriado, como coriza, tosse leve e febre. Entretanto, evolui para uma tosse intensa, muitas vezes acompanhada por um som característico ao inspirar, conhecido como "tosse convulsa". Em bebês, a tosse pode ser menos evidente, mas episódios de apneia (pausa na respiração) podem ocorrer.

Fatores de risco

Bebês não vacinados são particularmente vulneráveis à coqueluche, pois ainda não desenvolveram imunidade. Além disso, a imunidade conferida pela vacinação diminui ao longo do tempo, aumentando o risco em adolescentes e adultos não revacinados.

Diagnóstico

O diagnóstico da coqueluche envolve uma avaliação clínica cuidadosa, considerando os sintomas apresentados. Em alguns casos, o médico pode solicitar testes laboratoriais, como a PCR (reação em cadeia da polimerase), para confirmar a presença da bactéria.

Tratamento

O tratamento da coqueluche geralmente envolve o uso de antibióticos, como a azitromicina, para reduzir a gravidade dos sintomas e diminuir a transmissão da bactéria. O tratamento é mais eficaz quando administrado nas fases iniciais da doença. Além do tratamento, a prevenção por meio da vacinação é crucial.

Prevenção

A vacinação é a medida mais eficaz para prevenir a coqueluche. A vacina contra a coqueluche faz parte das vacinas combinadas administradas na infância, como a DTPa (contra difteria, tétano e coqueluche acelular). Reforços são recomendados na adolescência e na idade adulta para manter a imunidade. As gestantes também são aconselhadas a receber a vacina para proteger os recém-nascidos.

7. Resfriado e gripe

Ambas são infecções respiratórias causadas por diferentes vírus. O resfriado comum pode ser desencadeado por vários tipos de vírus, incluindo rinovírus, enquanto a gripe é causada pelo vírus influenza.

Sintomas

Os sintomas do resfriado comum incluem congestão nasal, dor de garganta e tosse. Já a gripe apresenta sintomas mais intensos, como febre, fadiga, dores musculares e dores nas articulações.

Fatores de risco

Crianças, idosos e pessoas com condições médicas subjacentes, como doenças cardíacas ou pulmonares, diabetes e sistema imunológico enfraquecido, têm maior risco de complicações, especialmente em casos de gripe.

Diagnóstico

O diagnóstico muitas vezes é clínico, baseado nos sintomas apresentados. No entanto, em situações específicas, especialmente para a gripe, testes laboratoriais, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), podem confirmar a presença do vírus.

Tratamento

O tratamento para o resfriado comum e a gripe é, principalmente, focado no alívio dos sintomas. Isso envolve descanso, ingestão adequada de líquidos e o uso de medicamentos para aliviar desconfortos, como analgésicos e antitérmicos. Em situações de gripe mais intensa, antivirais podem ser recomendados em alguns casos para diminuir a gravidade da doença.

Prevenção

A prevenção é fundamental, especialmente para a gripe. A vacinação anual contra a gripe é recomendada, pois ajuda a prevenir a infecção e reduzir a gravidade dos sintomas em caso de contágio. Medidas de higiene, como lavagem frequente das mãos e evitar contato próximo com pessoas doentes, são essenciais para prevenir ambas as infecções.

8. Infecções de ouvido e garganta

Essas infecções são frequentemente causadas por bactérias ou vírus. Na faringite estreptocócica, o Streptococcus pyogenes é uma causa comum, enquanto as infecções de ouvido podem ser provocadas por diferentes bactérias, como Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae, ou vírus, como o vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus.

Sintomas

Dor intensa, irritação e dificuldade ao engolir são comuns na faringite estreptocócica. Já as infecções de ouvido podem causar dor no ouvido, perda de audição temporária e febre.

Fatores de risco

Crianças, especialmente aquelas que frequentam creches, estão mais suscetíveis a infecções de ouvido e garganta. A exposição ao fumo passivo também aumenta o risco.

Diagnóstico

O diagnóstico envolve um exame clínico detalhado. Na faringite estreptocócica, a garganta pode ser raspada para análise laboratorial, enquanto infecções de ouvido são diagnosticadas com um otoscópio, um instrumento que permite a visualização do canal auditivo e do tímpano.

Tratamento

Antibióticos são frequentemente prescritos para infecções bacterianas, como a faringite estreptocócica. Já infecções virais são tratadas de forma sintomática, com repouso e analgésicos. Em casos crônicos de infecções de ouvido, pode-se considerar a cirurgia para drenagem do ouvido, especialmente em casos de otites recorrentes.

Prevenção

A prevenção inclui medidas como lavagem regular das mãos, especialmente em ambientes com grande circulação de pessoas.

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A saúde infantil é uma responsabilidade compartilhada entre pais, cuidadores e profissionais de saúde. Conhecer as doenças comuns em crianças é o primeiro passo para proteger os pequenos e promover seu bem-estar.

A vacinação, as práticas de higiene e a atenção aos sintomas são fundamentais para criar um ambiente saudável e garantir um futuro robusto para as próximas gerações. Para mais informações sobre a saúde infantil e cuidados médicos, siga as diretrizes de organizações de saúde confiáveis.

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