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Colangite: novas diretrizes para tratamento e diagnóstico da doença

Colangite: novas diretrizes para tratamento e diagnóstico da doença

A colangite esclerosante primária é uma doença conhecida entre a comunidade médica já há algum tempo. No entanto, alguns aspectos relacionados ao tratamento e análise de sintomas e sinais que possibilitariam um diagnóstico correto ainda não estavam tão consolidados até então. Buscando uma mudança nesse âmbito, a Sociedade de Gastroenterologia Britânica (The British Society of Gastroenterology), em parceria com a UK-PBC, estabeleceu novas diretrizes para o tratamento e diagnóstico da doença, a partir dos estudos de Gideon M. Hirschfield e seus colegas da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. Neste artigo vamos contextualizar todas as informações importantes sobre o que é a colangite e as novas diretrizes publicadas. Além disso, mostraremos 5 pontos importantes que você, médico, não pode deixar de saber sobre as novas orientações. Confira!

O que é a colangite

Caracterizada por ser uma condição particularmente rara, afetando cerca de 30 pessoas a cada 1 milhão, a colangite esclerosante primária constitui uma doença hepática autoimune, afetando, principalmente, homens com média idade, mas podendo atingir pessoas de qualquer faixa etária. A fisiopatologia da doença ainda é desconhecida, mas estudos apontam fortemente para que esteja relacionada a uma desordem do sistema autoimune, com formação de autoanticorpos que atacam células do epitélio biliar ou mesmo do cólon, em certos casos. A doença se desenvolve quando os autoanticorpos lesionam cronicamente os tecidos envolvidos, provocando constantes cicatrizações na árvore biliar, com a formação de estreitamentos nas vias biliares intra e extra-hepáticas.

Os estreitamentos, quando muito intensos (estenoses dominantes), obstruem os vasos e diminuem o fluxo da bile, originando inflamações, infecções no local e nos canais relacionados, caracterizando a chamada colangite. Quando não tratada, a colangite pode evoluir para um estágio de cirrose, provocar a formação de cálculos ou desenvolver um colangiocarcinoma (tumores primários das vias hepáticas).

Informações sobre as novas diretrizes para tratamento e diagnóstico da doença

Publicado pela primeira vez no dia 28 de Março de 2018, depois de ficar em pendência de aprovação, as novas diretrizes para tratamento e diagnóstico da colangite esclerosante primária foram produzidas a partir das pesquisas realizadas por Gideon M. Hirschfield e sua equipe. Hirschfield trabalha atualmente no Instituto de Imunologia e Imunoterapia da Universidade de Birmingham, localizada no Reino Unido. Como um clínico e acadêmico com um interesse especial em hepatologia, desde 2012, quando chegou em Birmingham, tem focado suas pesquisas na genética autoimune de doenças do fígado.

Junto a sua equipe, Hirschfield produziu as diretrizes em consenso com a British Society of Gastroenterology e com a UK-PBC com o interesse de auxiliar os profissionais e da saúde, como gastroenterologistas e hepatologistas, que estão liderando o cuidado a pacientes com a doença. No entanto, como disse recentemente, Gideon M. Hirschfield adiciona que as diretrizes servirão de auxílio também para enfermeiros, médicos de primeiros cuidados e até mesmo para os pacientes, que terão mais consciência sobre a situação que estão enfrentando.

As diretrizes são essenciais para que a situação seja analisada no contexto apropriado e com as orientações necessárias. Muitos pontos foram analisados e alguns são imprescindíveis para que o paciente alcance os melhores resultados de forma segura e eficaz.

5 pontos essenciais sobre as novas diretrizes

As novas diretrizes estabelecidas contam com uma série de orientações imprescindíveis para melhor entendimento da doença em questão, contando com os avanços tecnológicos na área da medicina e com conhecimentos e técnicas apuradas. A seguir separamos os 5 pontos mais importantes que você, médico, deve saber sobre o assunto:

1. Avaliações de risco

As avaliações de risco devem levar em consideração tanto o grau da doença quanto seu nível de atividade, seja na base de referência como durante o processo de tratamento. Para tanto, a sociedade britânica sugere que uma bateria de exames hepáticos laboratoriais sejam realizados, como contagem de plaquetas e identificação dos níveis de bilirrubina. Além disso, exames de imagens e de reconhecimento devem estar associados, como raios-x e ultrassonografias, buscando sinais de cirrose, esplenomegalia e níveis de rigidez do fígado.

2. Quantidade de anticorpos específicos para diagnóstico

Para que o diagnóstico seja assertivo e extremamente preciso, uma das orientações propostas pelas novas diretrizes é a identificação da presença de anticorpos amitocondriados (> 1 em 40) ou anticorpos antinucleares. Sem outra explicação presente, tais anticorpos denotam resultados positivos para colangite, sendo mais que suficientes para o diagnóstico.

3. Acompanhamento vitalício sobre o paciente

Uma outra recomendação presente nas diretrizes propostas pela British Society of Gastroenterology/UK-PBC é a respeito do acompanhamento sobre os pacientes. Os médicos deverão efetuar acompanhamento vitalício e estruturado sobre os pacientes com colangite, de forma que passam a ser analisado os diferentes cursos e intensidades que a doença pode apresentar em pessoas variadas.

4. Uso do ácido obeticólico (OCA) em situações necessárias

Todo paciente deve ser administrado com ácido ursodesoxicólico (UDCA) por via oral em concentrações de 13 a 15 mg/kg/dia. Esse é o tratamento de primeira linha utilizado e, quando tolerante, deve ser efetuado por toda a vida. No entanto, em caso de pacientes que não apresentam resposta adequada ao tratamento com UDCA, ou mesmo para aqueles indivíduos que mostram-se intolerantes ao medicamento, a adição de ácido obeticólico (OCA) deve ser considerada, principalmente em pacientes que têm doença hepática avançada (ajustamento de dose necessário).

5. Recomendações auxiliares a pacientes e médicos

Outras recomendações essenciais referem-se ao suporte que pacientes e médicos devem ter em situações de tratamento e diagnóstico. Aos pacientes que possuem colangite esclerosante primária, recomenda-se que sejam oferecidas chances de procurar apoio em grupos de suporte a pacientes sempre que necessário. Já aos médicos, tanto os que estão em início de carreira, ou especialistas no setor, a recomendação é de que considerem usar técnicas ou ferramentas de auditoria auxiliadas por computador para documentar e melhorar a qualidade no cuidado aos pacientes, assim como para promover a troca de informações na própria comunidade médica.

Muito tem-se a descobrir sobre a colangite esclerosante primária e, com as novas diretrizes, grandes passos poderão ser dados em busca pela acuidade ao realizar um diagnóstico apropriado e na possibilidade de oferecer um tratamento o mais eficaz possível. Achou nosso post interessante? Para ter acesso a artigos sobre esse e muitos outros temas, assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo!