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17.4.2018
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Equipe Afya Educação Médica
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Por mais cuidados que nós possamos tomar no nosso dia a dia, ser exposto a uma situação de acidente não é raro na vida de qualquer pessoa, sobretudo de alguém que atua na área da saúde, que lida com diferentes situações ao longo do dia.
Dentro desse contexto, saber como conduzir um protocolo de trauma é uma tarefa fundamental. Muita gente já ouviu falar desse protocolo, mas o fato é que até mesmo profissionais da medicina podem ter dúvidas sobre algum de seus itens ou fazer uma pequena confusão quanto à sua ordem adequada.
Você é um deles? Então, leia o conteúdo que preparamos e solucione seus questionamentos. Confira:
O protocolo de trauma, na verdade, é um conjunto de cuidados básicos extremamente importantes em algum evento acidental que visa garantir a sobrevivência dos envolvidos.
Por meio do mnemônico "ABCDE", o médico, acadêmico ou socorrista, pode manter um indivíduo acidentado a salvo até que chegue ao atendimento hospitalar, com mais recursos.
O mais interessante desse protocolo é justamente que até mesmo uma pessoa completamente leiga no assunto pode, por meio de um treinamento adequado, identificar e aplicar os padrões necessários para ajudar a garantir a sobrevivência em uma situação de emergência.
O protocolo de trauma foi desenvolvido por um médico ortopedista chamado Jim Styner, após um acidente com sua família. Depois de efetivamente vivenciar essa experiência, ele desenvolveu o Advanced Trauma Life Support (ATLS), como um guia para auxiliar e nortear qualquer pessoa que eventualmente esteja fazendo o papel de socorrista.
As autoridades médicas logo perceberam e corroboraram com o método, que tornou mais simples estabilizar os pacientes e deixá-los mais seguros até o transporte adequado ou qualquer outro tipo de intervenção. Como resultado, há uma redução clara dos índices de mortalidade e morbidade dessas vítimas.
O protocolo de trauma funciona por etapas, cada qual representada por uma das letras do ABCDE. Confira agora o que cada uma delas significa:
A letra A, no protocolo de trauma, quer dizer vias aéreas ou, do inglês, airways. Nessa etapa do atendimento, quem estiver prestando o socorro deve verificar se o acidentado está com suas vias aéreas pérvias, ou seja, desobstruídas e permitindo uma passagem adequada de ar, compatível com o que é necessário para sua sobrevivência.
É preciso, portanto, checar se não existe algum corpo estranho que esteja impedindo a respiração, bem como alguma fratura ou lesão na coluna cervical. Esse é um processo que se presta também a observar a presença de eventuais edemas ou sangramentos na cavidade oral e sons estranhos durante a respiração. Garantida a passagem, o colar cervical deve ser colocado para proteger a coluna cervical.
Já a letra B do protocolo de trauma diz respeito ao termo “breathing”, em inglês. Ou, na tradução para o português, respiração. Alguns minutos sem a presença de oxigênio já desencadeia um quadro de hipóxia, que pode lesar tecidos e trazer danos irreversíveis em qualquer sistema.
Nessa fase, a ideia primordial é que o socorrista possa verificar se o acidentado está respirando por conta própria e de maneira adequada. Para isso, é preciso observar o movimento do tórax e, se possível, realizar uma ausculta para descartar a presença de sons anormais (como crepitações, roncos etc.) e, assim, eliminar a chance de lesão torácica.
A letra C do “ABCDE” do protocolo de trauma refere-se à etapa que visa justamente observar a circulação sanguínea do paciente, com a adoção de possíveis medidas para conter sangramentos e hemorragias. Sob qualquer circunstância, é interessante minimizar os riscos de hipovolemia, que é a diminuição do volume de sangue circulante.
A perfusão da sua pele também é fundamental, pois palidez excessiva ou lábios e extremidades arroxeadas podem indicar que o sangue não está chegando nessas regiões. Outros fatores a analisar são a amplitude do pulso e a frequência cardíaca, a pressão arterial e a presença de suor excessivo.
A letra D é a primeira da palavra inglesa disability, que pode ser traduzida como incapacidade. Nessa etapa, quem está prestando o socorro deve realizar um exame neurológico sumário, que servirá para analisar, ainda que de maneira mais superficial, qual é o nível de consciência do acidentado no momento.
Posteriormente, o médico ou socorrista profissional deve realizar o exame adequado para a classificação na Escala de Glasgow, que indicará a necessidade ou não de intubação e até mesmo do encaminhamento para cirurgia ou uma UTI.
Para essa checagem, usa-se outro conjunto de letras para facilitar a lembrança: o método AVDI. As letras querem dizer, respectivamente, alerta, resposta aos estímulos verbais, resposta aos estímulos dolorosos ou inconsciente ao estímulo.
A letra E é a inicial de "exposure" ou, em português, exposição. Nessa fase, o socorrista deve redobrar sua atenção ao exame visual, pois, para impedir novos traumas ou a piora dos já existentes, é preciso despir o acidentado para facilitar a ação e para uma melhor observação.
Deve-se, portanto, retirar as roupas sem que isso movimente o paciente, cortando-as ou abrindo-as, se possível. É fundamental notar que, durante esses procedimentos, não é raro que a temperatura do corpo acabe abaixando, o que poderia deixar os acidentados mais suscetíveis à hipotermia, e você não pode permitir que isso ocorra.
Dentro desse contexto, use o que puder e, antes da remoção das vítimas para o atendimento, garanta que a temperatura esteja estável. Uma manta térmica é sempre a melhor opção, embora muitas vezes só seja possível utilizá-la com a chegada da ambulância.
Essas são as etapas do protocolo de trauma. A premissa do programa ATLS é tratar a maior ameaça à vida primeiro, defendendo que a falta de um diagnóstico e da história pregressa são fatores que não podem prejudicar a aplicação do tratamento para a lesão que traz risco à vida.
O conhecimento adequado é fundamental para qualquer profissional de saúde, especialmente os médicos, que durante situações de trauma e emergência necessitam de agilidade e conhecimento técnico para estabilizar os pacientes.
E, então, gostou deste conteúdo? Então, não deixe de conferir também o nosso artigo com dicas para melhorar as suas prescrições médicas!