Tratamento para acne: últimos avanços e novidades

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A acne pode surgir tanto na adolescência quanto na vida adulta, impactando a vida das pessoas pela dor e desconforto e também pela afetação estética que causam. Graças aos avanços tecnológicos na área de Dermatologia estética, o tratamento para acne evoluiu significativamente nos últimos anos, oferecendo uma variedade de abordagens terapêuticas para quem lida com esse problema.

Há algumas décadas, as alternativas de combate à acne se limitavam a opções básicas, como produtos tópicos e antibióticos orais, que muitas vezes não proporcionavam resultados satisfatórios. Na atualidade, a comunidade médica conta com processos e equipamentos que podem ser adaptados a necessidades específicas de cada paciente.

Quer garantir um tratamento para acne mais eficaz para seus pacientes? Neste post, vamos abordar como ela pode se manifestar e quais são as novidades disponíveis para tratá-la!

Quais são os principais tipos de acne?

Na Dermatologia, a acne é dividida em diferentes tipos, que se distinguem a partir de suas características, grau de inflamação, potenciais causas e intensidade dos sintomas.

Essa patologia dérmica é frequentemente desencadeada por alterações hormonais, comuns durante a adolescência ou gestação, e estresse acentuado. Um elemento adicional que influencia no seu desenvolvimento é a ingestão de alimentos fontes de gordura, os quais podem obstruir os poros (folículos) da pele. Essa obstrução propicia a multiplicação de bactérias e aumenta a probabilidade de surgimento de espinhas e cravos.

A seguir, veja quais são os principais tipos de acne e como podem ser identificados.

Acne não inflamatória ou comedônia

Descrita cientificamente como não inflamatória ou comedônia, é a acne de grau 1, é o tipo mais recorrente. Surge na fase inicial da puberdade, em ambos os gêneros, sendo mais corriqueira a partir dos 15 anos.

Esse quadro se caracteriza pelo aparecimento de pequenos cravos, visíveis como pontos brancos na pele, denominados comedões fechados, ou pontos pretos, chamados de comedões abertos. As áreas afetadas incluem o nariz, a testa e as bochechas.

Nele, as acnes não são preenchidas de pus, por serem desencadeadas por alterações hormonais que comprometem o funcionamento das glândulas sebáceas, obstruindo os folículos pilosos.

A acne de grau 1 é tratada a partir de produtos tópicos, como loções e cremes, que eliminam e evitam novos cravos. Também pode ser prescrito o uso diário de sabonete com enxofre, que tem propriedades antibacterianas, e de ácido salicílico, que desobstrui os poros.

Acne pápulo-putulosa

A acne pápulo-putulosa, de grau 2, é uma espinha que gera elevação na pele, no formato arredondado, preenchida por pus, com tonalidade avermelhada, textura endurecida e dolorosa.

Ela é causada pela inflamação das glândulas sebáceas, provocada pela multiplicação de microorganismos na região afetada, sobretudo da bactéria Propionibacterium acnes. É importante orientar o paciente a não espremer a espinha para não a piorar.

É possível indicar antibióticos em comprimido para combater as bactérias, como minociclina e tetraciclina. Os antimicrobianos em gel, como o clindamicina e o benzoíla, também são eficazes para essa patologia.

Acne nódulo-cística

Classificada como de grau 3, a acne nódulo-cística pode ser chamada de espinha interna. Isso porque, se define pelo desenvolvimento de nódulos na parte interna da pele. Bastante dolorida, ela aparece no rosto, tórax e costas, podendo ser palpável.

Os seus fatores desencadeadores compreendem mudanças hormonais atreladas à adolescência e período menstrual. A acne de grau 3 não deve ser espremida, tendo em vista que pode causar inflamação na área, condição que intensifica a dor e eleva os riscos de infecção na pele.

Quando persiste por mais de uma semana, ela pode ser tratada com uso de antibióticos ou isotretinoína, que atua na redução da produção de sebo e contribui para a melhora do quadro inflamatório.

Acne conglobata

A acne conglobata, de grau 4, é considerada a versão mais rara e severa de acne nodulocística. Nela, surgem múltiplas lesões inflamadas e com pus, geralmente agrupadas em áreas próximas uma das outras, fator que pode ocasionar abscessos e fístulas na derme, capazes de deformá-la.

A sua origem requer uma combinação de elementos, como o processo de hiperqueratização dos folículos pilosos, quando as células produzem queratina de forma descontrolada, e aumento na secreção de sebo, motivada por variações hormonais, e inflamação gerada pela bactéria Cutibacterium acnes.

Por ser mais grave, a acne de grau 4 requer a prescrição de medicamentos mais potentes, como o Roacutan.

Acne fulminante

Também definida como incomum, a acne fulminante, de grau 5, se manifesta por meio de nódulos inflamatórios, que aparecem bruscamente. Sensível e dolorosa ao toque, costuma ser acompanhada por úlceras com sangramento.

Além disso, a doença de pele pode provocar febre, mal-estar, e dor nas articulações, como quadril, joelho e pelve. Essa forma de acne é mais recorrente no público masculino e acomete o rosto, costas e peito.

A comunidade científica ainda não conhece as causas exatas da acne de grau 5. Todavia, há indícios de que pode estar relacionada a genética, níveis altos de testosterona e uso de dosagem elevada de isotretinoína.

O tratamento recomendado depende da gravidade e características das lesões, podendo englobar desde produtos tópicos, medicação oral ou cirurgia.

Acne vulgar

Queixa frequente nos consultórios de Dermatologia, a acne vulgar inclui o padrão inflamatório e não-inflamatório. Pode ser reconhecida pela formação de pápulas, nódulos, ou cistos na derme, que afetam o rosto, costas, tronco e a parte superior dos braços.

A avaliação da particularidade e gravidade do distúrbio é fundamental para a prescrição do tratamento, que pode abranger medicamentos em comprimidos ou tópicos.

Acne neonatal

A acne também pode afetar os recém-nascidos, o que é chamado cientificamente de acne neonatal, que consiste em espinhas e cravos que aparecem na face de bebês em decorrência da troca de hormônios entre a mãe e a criança ao longo da gestação.

Em formato de bolinha, ela se manifesta não só no rosto, mas também nas costas e testa do paciente. Uma das particularidades dessa modalidade de acne é que, geralmente, não exige intervenção médica, uma vez que costuma desaparecer naturalmente após 3 meses de vida.

Contudo, os pais devem ser orientados a manter a pele da criança sempre limpa, higienizando-a com água e sabonete de pH neutro.

Acne medicamentosa

Como o próprio nome sugere, a acne medicamentosa é resultado do uso de determinados medicamentos, como uso excessivo e prolongado de vitamina B, anticoncepcionais, cortisona e tratamentos hormonais.

Diante do seu surgimento, é necessário alterar a dose, substituir ou suspender o uso da medicação.

Como a acne era tratada antigamente?

Décadas atrás, o tratamento da acne quase sempre envolvia uma abordagem limitada e menos sofisticada em comparação com as opções disponíveis hoje. Em muitos casos, os produtos tópicos eram a principal intervenção, como loções, cremes e géis contendo ingredientes como peróxido de benzoíla, ácido salicílico ou enxofre. Esses produtos eram destinados a limpar os poros, reduzir a oleosidade e combater a proliferação bacteriana na pele, ajudando a prevenir o surgimento de novas lesões.

Além dos tratamentos tópicos, os antibióticos orais eram prescritos para casos mais graves de acne. Antibióticos como tetraciclina, eritromicina ou minociclina eram frequentemente utilizados para combater as bactérias associadas à acne e reduzir a inflamação na derme.

No entanto, atualmente sabe-se que uso prolongado de antibióticos pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana e outros efeitos colaterais adversos, o que limitava sua eficácia a longo prazo.

Procedimentos dermatológicos, como peelings químicos, terapias a laser, peeling ou drenagem de comedões, embora menos comuns, também eram reservados para quadros mais severos de acne ou para pacientes que não respondiam aos tratamentos convencionais.

Quais são os novos tratamentos para acne?

Nos últimos anos, a tecnologia se consolidou como uma poderosa aliada da Dermatologia, possibilitando o desenvolvimento de métodos mais avançados, acessíveis e eficientes para tratar os diversos tipos de acne. Conheça, a seguir, quais são as principais novidades e potenciais tratamentos quando o assunto é acne.

ADVA Light

A ADVA Light, novidade para tratar acne, já está sendo utilizada pelos dermatologistas brasileiros. A técnica consiste na projeção de um laser de luz amarela capaz de combater espinhas e demais condições que afetam a pele, como rosácea, melasma e psoríase.

A energia liberada pelo dispositivo é absorvida por áreas de pigmentação, como vasos sanguíneos, manchas escuras e regiões avermelhadas da derme. Após absorver a energia, esses locais passam por um processo de lesão controlada.

Esse dano induz a substituição do tecido manchado, juntamente com os vasos sanguíneos e manchas vermelhas, por uma pele renovada e uniforme, sem irregularidades.

A terapia com laser é indicada para o tratamento de acne vulgar, ajudando não só no combate do mecanismo da patologia em si, mas também na diminuição da inflamação e cicatrizes causadas por ela.

Uma das suas principais vantagens em relação a outras abordagens é tratar de forma mais profunda e específica, assegurando uma penetração maior na pele, o que gera resultados mais satisfatórios. Outro ponto positivo da prática é ser menos dolorida, o que deixa o procedimento mais confortável para o paciente.

Clascoterona

A clascoterona tem sido bastante celebrada entre os dermatologistas como um medicamento que pode revolucionar o tratamento da acne. De uso tópico, a substância atua de maneira hormonal, se destacando por acarretar efeitos colaterais leves.

O medicamento age como um antiandrogênio, o que significa que bloqueia os efeitos dos hormônios androgênicos na pele. Estes hormônios, como a testosterona, são responsáveis por estimular as glândulas sebáceas, levando à produção de óleo em excesso na derme. O resultado disso é a obstrução dos poros que ocasiona o aparecimento da acne.

Nesse sentido, a clascoterona ajuda a reduzir a produção de óleo pela pele, o que pode ajudar a prevenir a formação de cravos, espinhas e lesões inflamatórias associadas à patologia dérmica.

Diferentemente de outros antiandrogênicos, esse medicamento não causa feminização, nem inibe a libido no público masculino, o que o torna seguro para homens. As suas reações adversas compreendem descamação, eritema (vermelhidão), xerose cutânea (pele seca), e prurido.

Em 2020, a substância foi liberada nos Estados Unidos para tratar acne vulgar em pessoas maiores de 12 anos. No Brasil, a droga está em etapa de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e em breve estará disponível nas farmácias.

Modificação de bactérias existentes na pele

A maioria dos casos de acne é desencadeada pela Cutibacterium, bactéria presente na pele humana cujo principal alimento são as células que produzem sebo. Com base nesse conhecimento, médicos dermatologistas e bioengenheiros da Universidade da Espanha, resolveram modificar a genética dessa bactéria, dando a ela a função de produzir e secretar moléculas capazes de tratar a acne.

Após modificada, ela é devolvida para a pele para se proliferar entre os demais microrganismos, com a função de secretar isotretinoína, medicamento proveniente da vitamina A, que combate as formas graves de acne e resistentes a outras abordagens terapêuticas.

Até o momento o procedimento foi testado em camundongos e gerou resultados positivos. O próximo passo para os especialistas é testá-lo em seres humanos, há também a expectativa de aplicá-lo no tratamento de mais patologias dérmicas.

Nanotecnologia para direcionamento de substância antibacteriana

Buscando aumentar a eficácia e velocidade na eliminação da acne, cientistas da Austrália utilizaram nanopartículas para direcionar Narasin, uma substância antibacteriana, diretamente para a pilossebácea, que é o núcleo da acne.

O antibiótico foi incorporado em nanopartículas macias, com dimensões 50 mil vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo. O teste foi aplicado em uma orelha de porco e possibilitou uma eficácia 100 vezes superior aos tratamentos convencionais para acne.

Vale ressaltar que o Narasin é um produto utilizado no controle de infecções em frangos e perus, e esta foi a primeira vez que foi testado como uma alternativa para tratar a pele humana. Sua aplicação concentrada diminui significativamente a possibilidade de o organismo se tornar resistente à bactéria Cutibacterium acnes.

A pesquisa continua em etapa inicial, mas trouxe resultados empolgantes, devendo se estender para testes em pessoas.

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A acne impacta a autoestima das pessoas, causando constrangimento e afetando sua confiança. Sendo assim, tratá-la é fundamental para melhorar a saúde da pele, promover bem-estar emocional e qualidade de vida.

Ao se manterem atualizados sobre tratamento para acne, os dermatologistas podem proporcionar aos seus pacientes soluções mais eficazes e personalizadas, garantindo assim uma abordagem mais assertiva para cada caso. A familiarização com as novas técnicas e equipamentos também aumenta a confiança e credibilidade do seu trabalho, contribuindo para uma experiência de cuidado positiva.

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