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18.11.2020
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Equipe Afya Educação Médica
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A pandemia do Coronavírus está tirando o sono dos brasileiros. Uma pesquisa realizada com 780 brasileiros durante os primeiros meses da quarentena mostrou que quase metade deles não estavam dormindo tão bem quanto antes da pandemia, pelo menos 44% dos entrevistados afirmavam estar com dificuldades para dormir. Fatores como alterações na rotina e hábitos sociais têm impactos psicológicos relevantes que se traduzem em períodos de ansiedade, depressão, estresse e desencadeiam diversos transtornos do sono. Esses distúrbios, se não tratados, retroalimentam problemas como ansiedade, depressão, estresse e formam um perigoso ciclo vicioso.
O sono é um comportamento natural do corpo humano em que ocorre uma incapacidade temporária de perceber e responder ao ambiente. Durante o sono o indivíduo faz movimentos involuntários, ocorre hipotonia ou atonia muscular, amnésia para fatos ocorridos durante o descanso. Há ainda ocorrência de obediência ao ritmo circadiano e percepções ambientais, como ciclo claro-escuro, alterações de apetite ao longo do dia, mudanças na temperatura do ambiente e horários sociais. Durante esse período de descanso o corpo humano passa por muitos processos complexos que são regulados por mecanismos fisiológicos.
Quando normal, nosso sono é constituído pela alternância entre estágios REM (Rapid Eye Movement) e não-REM. No estágio REM a musculatura voluntária apresenta atonia intensa, alterações nos movimentos oculares e no diafragma. Nessa fase, chamada de sono profundo, os sonhos acontecem e o indivíduo apresenta mais dificuldade em ser despertado. Durante a fase não-REM o indivíduo apresenta movimentos oculares lentos e hipotonia muscular, contudo, sem ocorrência de sonhos ou apenas poucos deles, raramente recordáveis.
Um dos tipos mais comuns de transtorno do sono, a insônia atinge em torno de 35% das pessoas no mundo em algum momento da vida, sendo que 10% delas com frequência. Pode impactar tanto a quantidade de sono do indivíduo - dificuldade em iniciar ou se manter dormindo - quanto a qualidade do sono, quando o paciente tem uma incapacidade em ter um sono reparador, causando cansaço ao longo do dia. Os sintomas mais comuns da insônia incluem:
O diagnóstico é feito de modo clínico por meio de anamnese detalhada e, em alguns casos, polissonografia para descartar outros problemas do sono.
Também chamada de apneia do sono, ocorre quando há uma diminuição da respiração por um período de 10 segundos ou mais durante o sono. Pode ser classificada como:
Os distúrbios respiratórios do sono podem ser diagnosticados com um exame de polissonografia.
O principal distúrbio de hipersonolência é a narcolepsia, uma síndrome rara, que atinge entre 0,02 a 0,16% da população e que têm início, em geral, entre a primeira década de vida e os 50 anos do paciente. A principal característica da narcolepsia são os episódios de sonolência incontrolável e excessiva. Os critérios diagnósticos da American Academy of Sleep Medicine (AASM) dividem a narcolepsia entre tipos 1 e 2. Para diagnosticar o exame de Múltiplos Testes de Latência do Sono (MTLSs), em que são realizadas análises de 5 cochilos diurnos por 20 minutos, e também uma polissonografia de noite inteira.
Circadiano significa “cerca de 1 dia”. Diversas reações e atividades do nosso organismo dependem desse ciclo (que se repete a cada 24 ou 25 horas): ritmo de sono-vigília, de temperatura corpórea, alimentação, secreção hormonal, homeostase da glicose e regulação do ciclo celular. Os principais transtornos do ritmo circadiano são:
O diagnóstico é feito por meio da história do paciente e do controle diário do sono. Em alguns casos, a polissonografia pode ser usada como exame complementar.
As parassonias estão divididas em 3 grupos: do sono não-REM, do sono REM e outros. As parassonias do sono não-REM incluem o sonambulismo e o terror noturno. Já das do sono REM são caracterizadas pela ocorrência de pesadelos, distúrbio comportamental do sono REM e paralisia do sono. Outras importantes parassonias são a enurese noturna - o xixi involuntário frequente durante o sono - e as alucinações do sono.
O distúrbio de movimento relacionado ao sono mais conhecido é a Síndrome de Willis-Ekbom (SWE), popularmente chamada de síndrome das pernas inquietas. Atinge cerca de 5% da população, sendo mais frequente em mulheres, idosos, gestantes e portadores de doenças neurológicas, como a doença de Parkinson. Suas principais características são:
A SWR pode ser identificada pelo relato histórico do paciente. Cerca de 50% dos casos apresentam história familiar. Entre as causas secundárias, destacam-se a deficiência de ferro, insuficiência renal crônica, neuropatias periféricas, uso prolongado de medicamentos como antidepressivos, antagonistas dopaminérgicos e anti-histamínicos. Outro distúrbio deste tipo é o PLMS, distúrbio de movimentos periódicos dos membros durante o sono. Nele, há presença de movimentos involuntários exclusivamente durante o sono. O diagnóstico PLMS ocorre por meio de polissonografia.