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16.2.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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Você, como médico ou mesmo como cidadão, deve conhecer ou já conheceu pessoas com formas diferentes — do que é considerando como padrão — de enxergar e reagir ao mundo ao seu redor. Ou então, você já se questionou sobre as próprias variações do seu humor ou das dificuldades de se desapegar de determinados comportamentos.
Então você se pergunta, nesses casos são caracterizados como transtornos de personalidade? Tais comportamentos requerem tratamento? Entenda aqui o que são estes desvios de comportamento, a diferença para doenças mentais, as causas, como o diagnóstico é feito e os tratamentos disponíveis. Confira o que você lerá:
Aproveite sua leitura!
Esse tipo de transtorno psicológico se caracteriza por padrões generalizados, persistentes e estáveis por longo tempo, envolvendo as formas de:
Na maioria das vezes, estes sintomas causam grande sofrimento ou comprometimento disfuncional. Em geral, os desvios de comportamento geram dificuldades de perceber e interagir com pessoas e situações diversas, causando limitações nos relacionamentos e no contato social.
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quinta Edição (DSM-5) lista 10 tipos de transtornos de personalidade, ainda que grande parte dos pacientes que apresentem um dos tipos também preencham critérios de outro um tipo de desvio de personalidade.
O DSM-5 agrupou os transtornos de personalidade em três grupos (A, B, e C), devido às características semelhantes.
Neste tipo, a pessoa parece "estranha" ou excêntrica, contemplando os transtornos de personalidade com características tais quais:
Aqui, a pessoa aparenta ser dramática, emocionalmente instável ou errática. Os seguintes transtornos de personalidade e suas características são:
Por fim, o último grupo caracteriza-se por pessoas que estão sempre ansiosas ou apreensivas. Os aspectos são:
Já vimos o que são transtornos ou desvios de personalidade. Mas quais suas diferenças para os transtornos mentais? Estes últimos podem ter várias causas, como:
Em geral, podem ser: transtorno depressivo (depressão), transtorno bipolar (TAB), TOC (transtorno obsessivo compulsivo), TAG (transtorno de ansiedade generalizada) etc.
Além disso, a Psiquiatria adiciona um terceiro termo, “doença mental”, que é usado para condições com causa definida. Um exemplo é a Doença de Alzheimer. Tais anormalidades provocam sintomas físicos e emocionais, como estresse, problemas de convívio social, além de dores e disfunções. Além disso, a depender da doença, pode levar, inclusive, à morte.
Ainda que não estejam muito bem estabelecidos, a crença é de que os transtornos de personalidade tenham como causas uma combinação de fatores de risco ambientais e predisposição genética — grande parte dos desvios de personalidade, apresentam níveis de hereditariedade de aproximadamente 50%.
Vale mencionar, que a gravidade dos sintomas dos transtornos diminui com o passar do tempo — principalmente se a pessoa estiver recebendo tratamento adequado. No entanto, alguns traços podem persistir, mesmo após resolver os sintomas agudos que resultaram no diagnóstico.
Os sintomas dos transtornos de personalidade dependem do tipo de transtorno e, comumente, surgem na adolescência ou início da idade adulta. Em geral, eles são manifestados por meio da autoimagem (construção da própria identidade) e por meio dos relacionamentos.
Essas pessoas não têm uma imagem clara e estável de si mesmas, podendo mudá-la de acordo com a situação em que se encontram. Além disso, a autoestima dessas pessoas varia entre muito alta e muito baixa.
As relações íntimas e duradouras costumam ser muito difíceis para quem é acometido por transtorno de personalidade. Essas pessoas podem ser consideradas como confusas, tendem a se isolar socialmente, temer o abandono e necessitar de muita atenção.
Os sintomas mais comuns são:
Infelizmente, os transtornos de personalidade são subdiagnosticados. Dessa forma, muitas dessas pessoas com transtornos de personalidade que procuram tratamento, trazem como principais queixas a depressão ou a ansiedade generalizada, em vez de manifestações do transtorno de personalidade.
Quando finalmente, os médicos suspeitam de transtorno de personalidade, passam a avaliar as tendências afetivas, interpessoais, comportamentais e cognitivas com critérios diagnósticos específicos desenvolvidos pelo DSM-5. Ou seja, ferramentas diagnósticas sofisticadas e rigorosas são disponibilizadas para médicos mais especializados e acadêmicos.
Para diagnosticar o transtorno de personalidade é preciso:
Contudo, é importante excluir outras causas — como outros transtornos mentais, traumas no crânio, uso de determinados medicamentos etc.
Além disso, para o transtorno de personalidade ser diagnosticado em pessoas com menos de 18 anos, o padrão precisa surgir durante período igual ou maior a um ano. Excetua-se o desvio antissocial, que não pode ser diagnosticado em pacientes com menos de 18 anos.
Como vários pacientes com esse tipo de transtorno, não percebem que estão com a condição, os médicos poderão requerer a história de médicos que trataram esses pacientes anteriormente, psicólogos que estejam os acompanhando, familiares e amigos ou outras pessoas com contato com eles.
Apesar do grande aparato de medicamentos para transtornos que envolvem a mente, no caso dos relacionados à personalidade em particular, o tratamento mais efetivo é mesmo a psicoterapia. Entenda melhor!
De maneira geral, os objetivos de tratar os transtornos de personalidade são:
São exemplos de sofrimento subjetivo: ansiedade, depressão, transtorno bipolar, entre outros, que devem ter os sintomas diminuídos (com medicamentos e terapia). Com isso, fica mais fácil tratar o transtorno de personalidade subjacente.
Logo no início da abordagem médica, é importante fazer o paciente compreender que seus problemas de personalidade têm origem interna, ou seja, são devidos às maneiras como ele se relaciona com o mundo — como em certas tarefas, nos relacionamentos íntimos, entre outros.
Muitas vezes, esse entendimento pode demandar muito tempo, paciência, além de muito compromisso por parte do médico e do psicólogo. Além disso, os profissionais de saúde devem ter uma compreensão básica das áreas mais sensíveis, emocionalmente falando, de cada paciente e das maneiras que ele usa para enfrentá-las.
Por isso, é muito importante poder contar com o apoio dos familiares e dos amigos mais íntimos na identificação dos problemas que os pacientes e médicos não notariam.
Explosões de temperamento, imprudência, isolamento social, falta de assertividade, entre outros, precisam ser tratados de forma rápida visando minimizar os danos continuados no trabalho e nos relacionamentos interpessoais. Com isso, a mudança comportamental é muito importante nos pacientes com os transtornos de personalidade a seguir:
Alguns pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade devem ser acompanhados por psicoterapeutas por muito tempo ou ininterruptamente, a não ser que os sintomas regridam suficientemente para que a pessoa fique alguns períodos sem esse tratamento.
Para estas pessoas, são válidas tanto a psicoterapia individual quanto a realizada em grupo, principalmente, se a pessoa estiver motivada a melhorar. É fundamental que os médicos psiquiatras, psicólogos e psicanalistas identifiquem problemas de relacionamento à medida que eles aparecem na vida da pessoa.
Os profissionais de saúde levam os pacientes a entenderem quais são seus traços de personalidade e os treinam fornecendo habilidades para o desenvolvimento de novas formas de agir frente a diversas situações e a interagir com outras pessoas.
Em geral, a terapia medicamentosa não é muito eficaz para os transtornos de personalidade. No entanto, muitas vezes, os transtornos mentais podem coexistir aos de personalidade. Dessa forma, pessoas que — além do desvio de personalidade — também tiverem depressão, ansiedade, transtorno bipolar, sintomas somáticos, transtornos alimentares, entre outros, podem se beneficiar dos fármacos.
Vale mencionar que o fato dos transtornos mentais e de personalidade coexistirem, pode tornar o tratamento ainda mais desafiador, além de muito prolongado, elevar os riscos de recaídas, bem como diminuir a resposta ao tratamento.
É fundamental encorajar os seus pacientes a tomarem medidas para alterar seu estilo de vida que fazem muita diferença no tratamento como:
Felizmente, para o bem dos pacientes que sofrem com os sintomas do desvio de personalidade, com o tratamento adequado, o comportamento já pode ser melhorado em alguns meses com terapia e orientação para modificar os comportamentos, os quais podem ser estabelecidos e impostos.
Muitas vezes, os pacientes são tratados em um hospital-dia ou mesmo em casa. Além disso, os grupos de autoajuda, a psicoterapia individual e a terapia familiar também ajudam a mudar comportamentos socialmente indesejáveis.
Já para modificar os traços de personalidade mais problemáticos — desconfiança, dependência, rejeição, arrogância, tendências manipuladoras — já leva mais tempo, em geral um ano, para melhorarem. Nesses casos, a abordagem ideal é a psicoterapia individual.
Em geral, os médicos precisam insistir repetidamente quais são os comportamentos indesejáveis e as suas consequências. Tal estratégia frequentemente ajuda os pacientes a mudarem comportamentos desadaptativos e convicções equivocadas.
Por fim, ainda que os profissionais possam agir com sensibilidade, eles precisam estar cientes de que apenas a boa vontade e os conselhos sensatos, sozinhos, não alteram os transtornos de personalidade.
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Neste artigo, você conferiu informações importantes que um médico (generalista, clínico e psiquiatra), além de psicólogos precisam conhecer para atender pacientes com transtornos de personalidade e, assim, encontrar as melhores abordagens terapêuticas visando a melhora do quadro clínico dos seus pacientes bem como da qualidade de vida!
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