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6 tipos de anamnese e quando usar cada uma delas

6 tipos de anamnese e quando usar cada uma delas

Saber qual a postura e conduta diante dos diferentes tipos de anamnese é um dos maiores desafios na rotina médica. Afinal, o médico generalista — ou o recém-formado — precisa atender pacientes diversos, com demandas diferentes.

Hoje, vamos conversar sobre os aspectos que facilitam a humanização do atendimento durante a anamnese. Veja, então, a relevância de uma anamnese qualificada, dicas para tornar a anamnese médica mais eficiente e o impacto dessa prática na qualidade da assistência ao paciente. Boa leitura!

Afinal, o que é anamnese?

De forma sintetizada, pode-se afirmar que a anamnese é um importante instrumento na rotina clínica. Entre outras funções, o médico a utiliza para a avaliar sintomas e compreender a história clínica do paciente.

O foco deve ser na oferta de um atendimento humanizado, de modo a compreender os problemas de saúde e as preocupações que levaram o indivíduo em busca de ajuda profissional.

A anamnese funciona como um documento, no qual o profissional registra as maneiras como a pessoa responde a cada situação e problema. Na coleta de informações, é possível não só descobrir o motivo das queixas do paciente como também oportunizar meios para melhorar a promoção da saúde.

Para isso, o médico pode solicitar informações para compor as fichas de anamnese, que são formulários que ficam guardados para que as informações sejam utilizadas nas próximas consultas.

Logo, o conceito de anamnese pode ser relacionado ao conjunto de perguntas que o profissional faz durante a consulta. A meta é conhecer melhor os pacientes e entender melhor suas condições de saúde.

Origem do termo

Segundo a etimologia da palavra, “anamnese” vem do grego e "ana” significa “trazer de novo” enquanto “mnesis” significa “memória”. Partindo desse significado, infere-se que a anamnese está associada à rememoração dos fatos relacionados ao paciente.

Nesse contexto, a coleta de informações como a história clínica, com base na doença atual são indispensáveis para direcionar o tratamento.

Qual a relevância de uma boa anamnese?

Por meio dessa entrevista inicial, o médico pode analisar a necessidade de solicitar ou não os exames laboratoriais, ou de imagens. Tais exames não devem ser a base da decisão diagnóstica, mas apenas alternativas complementares à avaliação clínica. Afinal, eles são úteis para confirmar ou excluir as hipóteses levantadas durante a anamnese.

Nessa interação, o profissional tem a oportunidade de fortalecer o vínculo entre ambos e consolidar a relação médico-paciente. Nesse contexto é preciso priorizar um atendimento de excelência, pois caso a anamnese seja malfeita, dificilmente esse vínculo será recuperado.

Para acadêmicos e médicos inexperientes, a anamnese é uma das etapas mais desafiadoras do processo clínico. No entanto, a empatia, atenção e cuidado no processo de abordagem ao paciente pode ser a saída para tornar a anamnese satisfatória e fazer com que o paciente retorne para continuar o tratamento.

Vale destacar, por fim, que a anamnese abrange aspectos prioritários na saúde das pessoas. Coletar dados sobre o estilo de vida, como alimentação, prática de exercícios, hábitos de sono e sobre vícios é fundamental para compreender a base das doenças, bem como minimizar os impactos sobre a saúde do paciente.

Quais os modelos de anamnese clínica?

Além da Medicina, outras áreas profissionais também se valem da anamnese como parte da avaliação das condições clínicas e sociais de um indivíduo. Por causa disso, existem diferentes modelos de anamnese.

Essa diversificação nas modalidades de entrevistas e de formulários representa mais do que uma oportunidade de coletar informações. Ou seja, os profissionais podem utilizar essa ferramenta, que tem objetivos claros e predeterminados, para propor soluções mais viáveis para a coletividade.

Nesse processo, é possível optar por três tipos de anamnese. Veja quais são:

Ativa

Em geral, esta é a modalidade em que o médico conduzirá a entrevista de forma mais acentuada. O profissional utiliza de longos e frequentes momentos de fala e domina o diálogo.

Mesmo que tenha aspectos positivos, como a possibilidade de explicar melhor os sintomas do paciente, esta abordagem pode dificultar o relato do paciente. Além disso, abre possibilidades para definições baseadas nas próprias concepções já preestabelecidas.

Passiva

Nesse tipo de interação, o profissional adota uma postura mais analítica e reflexiva. Isso faz com que o paciente tenha quase total espaço de fala, conduzindo a entrevista.

Porém, o risco desse formato de anamnese decorre da possibilidade de o paciente não se sentir tão à vontade para falar. Mais do que isso: ele ainda pode interpretar a conduta do médico como desinteressada ou indiferente ao seu quadro.

Outro problema é que, sem a condução médica na entrevista, o paciente pode passar informações pouco relevantes para o diagnóstico. Também existe o risco de prejudicar a anamnese pela omissão de aspectos importantes.

No entanto, a anamnese passiva pode ser uma alternativa em algumas circunstâncias. Quando o médico perceber que o paciente está psiquicamente abalado, optar pelo silêncio e deixar o paciente desabafar pode ser benéfico.

Mista

Boa parte dos profissionais consideram que a melhor forma de anamnese é a mista. Ou seja, a entrevista é mais eficaz quando se mescla os pontos mais relevantes da anamnese ativa e passiva.

Assim, o médico pode optar por alternar entre momentos que conduz a fala com outros mais focados na observação. Em geral, essa modalidade possibilita o alcance de objetivos mais eficientes na rotina clínica.

Quais são as etapas da anamnese médica?

Na verdade, não existe um padrão para a sequência das perguntas durante a anamnese. Porém, a sugestão é fazer a entrevista numa ordem lógica, que permita a coleta de informações e dados mais relevantes sobre a saúde atual do paciente.

Listamos as principais etapas que precisam estar incluídas na anamnese. Confira:

Identificação do paciente

Essa é a primeira, na qual são obtidos os dados básicos do paciente. O ideal é preencher o formulário como o nome completo, idade, sexo, profissão, religião, estado civil e endereço. Também é importante relatar o horário da anamnese ou do atendimento, principalmente se for em emergência.

Naturalidade, procedência e grau de confiabilidade

Enquanto a naturalidade é o local onde o paciente nasceu, a procedência traz como referência a localidade em que ele estabelece a sua residência atual.

Já o grau de confiabilidade está associado ao nível de qualidade das informações e dados fornecidos pelo paciente ou pelo acompanhante. A dica é que essa avaliação seja realizada ao final da anamnese e relatada nas anotações do prontuário.

Queixa principal do paciente

Nessa etapa, o médico deve perguntar ao paciente qual é o motivo da consulta. Em geral, o paciente relata a sua queixa principal, os sintomas ou algum problema específico. Essa é uma etapa muito importante na entrevista e deve possibilitar a compreensão do real motivo da busca por atendimento.

Histórico clínico

Igualmente relevante é perguntar sobre o histórico clínico, outras doenças relacionadas ao problema atual e se o paciente passou por internações ou cirurgias. Nesse momento, o médico pode investigar também o histórico familiar e observar se há alguma relação com hereditariedade.

Revisão de sistemas

Ao fazer a revisão dos sistemas, o médico pode focar na queixa principal e no histórico clínico do paciente. Também é importante conversar sobre vacinas, exames realizados e coletar informações sobre os aspectos psicológicos e estilo de vida.

Por que é importante os dados de escolaridade e religião na anamnese?

Por diferentes razões, uma boa anamnese deve coletar dados de escolaridade e a religião. Ao saber a escolaridade, o profissional pode inferir o nível de compreensão do paciente quanto às explicações fornecidas. Isso pode facilitar a interlocução e otimizar o tempo da entrevista.

Já a religião envolve parâmetros culturais e de conduta mediante certas situações. Algumas crenças, por exemplo, não admitem a transfusão de sangue. Logo, ter esses dados em mãos é indispensável para direcionar condutas e propostas de tratamento mais adequadas.

Quais são os 6 principais tipos de anamnese?

Como já referido, existem diversos modelos de anamnese. Isso permite que cada especialidade médica utilize variações específicas adaptadas às necessidades, conforme cada situação.

Mesmo que sejam diferentes, todos os tipos de anamnese têm um ponto em comum. Ou seja, o objetivo principal é dialogar com o paciente a fim de obter dados relevantes para a identificação do diagnóstico e escolha do tratamento.

Elencamos os principais tipos de anamnese. Veja quais são!

1. Anamnese médica geral

É o tipo de anamnese mais utilizado na prática médica, principalmente por profissionais que atuam em Clínica Médica. Esse modelo aborda aspectos mais gerais, tais como:

  • histórico médico completo;
  • história familiar;
  • sintomas atuais;
  • medicamentos em uso;
  • vacinas e alergias;
  • hábitos de vida;
  • presença de condições crônicas.

2. Anamnese pediátrica

Mais específico para crianças e adolescentes, esse formato de entrevista é mais centrado em aspectos relacionados ao desenvolvimento e crescimento. Nesse caso, o profissional conversa com os pais ou responsáveis e foca nas informações de interesse clínico, tais como:

  • aleitamento materno;
  • marcos de desenvolvimento;
  • aspectos do comportamento;
  • qualidade do sono;
  • imunizações e alergias;
  • desenvolvimento escolar;
  • variações de peso e altura;
  • aspectos alimentares;
  • lazer e atividade física.

3. Anamnese obstétrica

Em geral, esse tipo de anamnese é bastante útil em consultas ginecológicas e obstétricas, já que mantém o foco em informações associadas à saúde reprodutiva da mulher. Durante a consulta, o médico pode aproveitar esse contato para explicar para a gestante a importância de fazer o pré-natal. Ademais, a assiduidade ao pré-natal é indispensável para a prevenção de intercorrências na gravidez.

Durante a anamnese, o médico também coleta informações relevantes, tais como:

  • data da primeira menstruação;
  • histórico de gestações anteriores;
  • histórico obstétrico geral;
  • risco de trombose venosa profunda;
  • uso de contraceptivos;
  • estilo de vida;
  • mudanças nos valores de glicemia e da pressão arterial;
  • queixas de sono;
  • dores ou intercorrências;
  • aspectos hormonais.

4. Anamnese cardiológica

Essa modalidade é mais focada no atendimento de pacientes cardiopatas, que apresentam doenças graves — como insuficiência cardíaca — ou que passaram por cirurgias do coração. O ideal é investigar sinais e manifestações como:

  • dificuldades cardiorrespiratórias;
  • qualidade do sono;
  • presença de hipertensão arterial;
  • presença de sopros no coração;
  • alterações em exames cardiovasculares recentes;
  • surgimento de dores torácicas ou sintomas similares.

5. Anamnese psiquiátrica

Esse é o modelo proposto para avaliação de psiquiatras, como também de outros profissionais de saúde mental. Além dos elementos da anamnese médica geral, o especialista neste campo pode investigar doenças neurológicas como Alzheimer e outras disfunções cognitivas.

Na consulta, o psiquiatra pode focar nos seguintes pontos:

  • sinais de transtornos psiquiátricos;
  • histórico familiar de doenças psiquiátricas;
  • padrões de comportamento;
  • queixas de lapsos de memória;
  • padrões de sono;
  • alterações no humor;
  • pensamentos suicidas;
  • uso de álcool ou drogas;
  • qualidade do suporte social.

6. Anamnese geriátrica

A projeção da longevidade para o Brasil nos próximos anos pode mudar o cenário quanto ao risco aumentado para o desenvolvimento de doenças crônicas. Nesse sentido, quem atua em Geriatria precisa focar nos aspectos mais relevantes da saúde dos idosos..

Assim, esse formato de anamnese visa atender às necessidades mais específicas desses pacientes, tendo como base os aspectos relacionados ao envelhecimento.

Na entrevista, o geriatra deve avaliar os seguintes pontos:

  • presença de múltiplas condições de saúde crônicas;
  • problemas como hipertensão, diabetes e artrite;
  • grau de capacidade funcional;
  • aspectos psicossociais, como interação familiar e risco de isolamento social.

Como fazer uma anamnese mais eficaz?

Além de orientar o médico na busca pelo diagnóstico e conduta terapêutica correta, o ideal é focar em determinadas ações que servem para complementar a entrevista. As mais relevantes para fazer uma boa anamnese médica são:

  • verificar os parâmetros clínicos básicos do paciente, como pressão arterial, temperatura e frequência cardíaca;
  • investigar o histórico familiar para saber se há predisposição genética para determinadas enfermidades;
  • manter-se atento tanto à comunicação verbal quanto à não verbal do paciente, observando suas expressões faciais, linguagem corporal e gestos;
  • cruzar as informações fornecidas pelo paciente com os dados de seu histórico anterior (se houver);
  • manter um diálogo aberto e permitir que paciente expresse suas queixas e sintomas, preocupações e histórico;
  • usar de empatia, paciência e demonstrar interesse em resolver o problema do paciente.

Como você notou, conhecer os tipos de anamnese e saber quando aplicar esses modelos é fundamental para atingir os objetivos na rotina médica. Cada modalidade pode ser empregada de acordo com a necessidade e adaptada às respectivas áreas de atuação.

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