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Temas complexos da Endocrinologia: obesidade, puberdade e hipófise

Temas complexos da Endocrinologia: obesidade, puberdade e hipófise

A função do médico endocrinologista é essencial para atender todas as principais doenças da atualidade que acometem grande parte da população. 

Para doenças relacionadas ao mau funcionamento das glândulas, o endocrinologista é o especialista mais preparado para ajudar. Essas estruturas — chamadas de glândulas endócrinas — são responsáveis pela produção e liberação de hormônios que controlam as funções dos órgãos do corpo.

O papel do endocrinologista é avaliar, diagnosticar e cuidar de doenças relacionadas às glândulas responsáveis pelo funcionamento do organismo. Esse controle é feito por meio dos hormônios produzidos por essas estruturas.

Quando essas glândulas não desempenham bem o seu papel, a tendência é o surgimento de doenças como o diabetes, problemas na tireoide e ganho de peso. Esses e outros desequilíbrios exigem o acompanhamento do endocrinologista para evitar que evoluam para situações mais graves e mais difíceis de curar.

Muitos não sabem que esse profissional pode ajudar pessoas de todas as idades, inclusive crianças que apresentam desvios nutricionais, dificuldade de crescimento e problemas típicos do desenvolvimento físico.

O importante papel do endocrinologista contra a obesidade

Por se tratar de uma doença com origens multifatoriais, a obesidade requer tratamento que contemple todas essas causas. Fatores ambientais, comportamentais e genéticos são elencados como prováveis causas. Além disso, é importante considerar que a real importância da genética no desenvolvimento da obesidade ainda não foi totalmente esclarecida.

Em geral, a abordagem clínica é a primeira a ser realizada. Assim, a equipe multidisciplinar acompanha esse paciente orientando-o na mudança ou na adoção de novos hábitos. São prescritos redução na ingestão de calorias, reeducação alimentar, rotina de exercícios físicos e acompanhamento psicológico. 

O IMC acima de 30 kg/m², ou a existência de comorbidades e IMC acima de 25 kg/m 2 são pontos de corte para a indicação de medicamentos. Atualmente, alguns desses medicamentos estão restritos pela ANVISA. O tratamento é considerado bem-sucedido quando o paciente consegue uma perda de peso (e sua manutenção) que gere efeitos benéficos significativos no controle das comorbidades. Essa faixa costuma ser de 5% a 10% de perda de peso total, mas varia, logicamente, com o nível de obesidade do indivíduo.

Esse profissional trata desde quadros que se originam de disfunções hormonais, podendo assistir a pacientes diferenciados, até obesos e esportistas, de diversas maneiras.

Destacam-se entre essas alterações hormonais:

  • Problemas com a tireoide;
  • Distúrbios na puberdade;
  • Menopausa ou andropausa;
  • Problemas na síntese de GH (hormônio do crescimento);
  • Doenças da hipófise;
  • Ovário policístico, entre outros.

A obesidade clínica é uma questão de saúde pública com proporções epidêmicas e consequências socioeconômicas que precisa ser urgentemente controlada.

O endocrinologista é o profissional chave nesse controle e há uma demanda crescente por esse médico no mercado. Se você se interessou pelo trabalho que o endocrinologista pode desenvolver no atendimento a pacientes com obesidade, considere aprimorar seus conhecimentos nessa área. Conheça mais sobre o caminho profissional da Pós-Graduação Lato Sensu!

Puberdade precoce, como identificar?

A pandemia trouxe diversas consequências para a saúde mental de crianças e adolescentes, como aumento nos casos de ansiedade e depressão. Mas um outro aspecto do isolamento social tem chamado a atenção de médicos e merece um olhar mais apurado dos pais: o aumento no número de crianças que vêm apresentando um aceleramento nos sinais da puberdade, ou seja, o processo de maturação sexual do indivíduo.

Algumas décadas atrás, uma menina que menstruasse aos 10 anos iria causar espanto. Hoje em dia, esse cenário não é mais anormal. Esses casos vêm acontecendo historicamente principalmente por três motivos: alimentação mais calórica, exposição a produtos químicos e exposição a estímulos visuais inadequados para a idade. Por isso, é importante esclarecer o que é normal, do ponto de vista científico, e o que exige acompanhamento e, dependendo do caso, tratamento.

Mudanças físicas, psicológicas e hormonais – tudo pode estar relacionado com a puberdade precoce, afinal, é um período de transição muito latente que ocorre entre a infância e a idade adulta. Nessa fase, as gônadas, que são os ovários e testículos, passam a produzir seus principais hormônios, estrogênio e testosterona, e ganham a capacidade reprodutiva, caracterizada pela produção dos gametas. 

O aumento dos esteróides sexuais (estrogênio e testosterona), traz duas consequências físicas: a mudança na aparência corporal e a aceleração do crescimento, conhecida como estirão puberal. Porém, antes da puberdade acontecer, as glândulas adrenais ganham a capacidade de produzir andrógenos (DHEA e SDHEA), por volta dos 5 a 6 anos de idade, em um processo fisiológico chamado de adrenarca. 

O primeiro sinal puberal esperado nas meninas é o surgimento do broto mamário, conhecido como telarca. Já nos meninos, o marco do início puberal fisiológico é caracterizado pelo aumento do volume testicular, a partir de 4 mm. 

Além do surgimento do broto mamário e do aumento do volume testicular, em ambos os sexos surgem os pêlos pubianos e axilares, pubarca, oriundos da produção de andrógenos gonadais, somados aos andrógenos adrenais.

Sintomas da puberdade precoce

A puberdade precoce é considerada fisiológica quando se inicia entre os 8 e os 13 anos na menina e entre os 9 e os 14 anos no menino. O surgimento dos caracteres sexuais secundários, antes dos 8 anos nas meninas ou antes dos 9 anos nos meninos, é conhecido como puberdade precoce.

A causa desse início precoce das características puberais pode estar nas gônadas (ovários e testículos), nas adrenais ou na glândula que controla as gônadas, a hipófise. Essas causas são divididas em dois grandes grupos:

  • puberdade precoce periférica (PPP), quando o problema está nas gônadas (testículos e ovários) ou nas adrenais;
  • puberdade precoce central (PPC), quando o problema é na hipófise ou hipotálamo.

Investigação das causas da puberdade precoce

Após a diferenciação entre causas centrais e periféricas, o próximo passo é a investigação da causa da puberdade precoce, através de métodos de imagem. O tratamento será instituído de acordo com a patologia diagnosticada. Nos casos de tumores de adrenais, gonadais ou hipofisários, o tratamento será na maioria das vezes cirúrgico. 

A avaliação da idade óssea é outro aspecto importante do diagnóstico e tratamento e que é investigada através da radiografia de mão e punho. O aumento precoce dos esteróides sexuais, faz com que o estrogênio (em meninas e meninos) feche rapidamente a cartilagem de crescimento, o que diminui o potencial de estatura adulta. 

O endocrinologista deverá indicar o tratamento da puberdade precoce para evitar os transtornos físicos e psicológicos decorrentes das transformações corporais em idade precoce. Isso porque há um desajuste do corpo com a maturidade psicológica da criança. 

Assim também evita-se a perda de estatura final, decorrente do avanço da idade óssea. Por último, a menarca precoce pode implicar em maior risco de câncer de mama futuro nas meninas.

Neuroendocrinologia: relevante atuação no sistema nervoso central e endócrino

A Neuroendocrinologia é uma área da Endocrinologia que estuda as interações anatômicas e funcionais entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino. A hipófise está localizada abaixo do hipotálamo, na base do cérebro, sendo composta de um lobo anterior, um lobo intermediário e um lobo posterior. Ela se conecta ao hipotálamo por meio do infundíbulo.

Entre os distúrbios neuroendócrinos, estão as doenças da hipófise (glândula localizada no cérebro, produtora de hormônios controladores da produção de hormônios de muitas outras glândulas do corpo) e do hipotálamo (parte do cérebro que controla a hipófise).

As regiões selares e parasselares são anatomicamente complexas, de maneira que podem ser comprometidas por muitas doenças, entre elas as neoplásicas, infecciosas, granulomatosas e vasculares. 

Dentre as doenças neoplásicas, os tumores da adenohipófise, também chamados de adenomas hipofisários, são os principais tumores selares e representam 10-15% de todos os tumores intracranianos operados.

Outros tumores são meningioma, craniofaringioma, tumores de células germinativas, cordomas, cistos da bolsa de Rathke e as metástases. Sarcoidose, tuberculose e hipofisites são exemplos das doenças infecciosas/granulomatosas que podem acometer a hipófise.

Neuroendocrinologia e a glândula hipofisária

A hipófise produz e secreta alguns hormônios que controlam o bom funcionamento da tireóide, dos ovários, testículos, glândulas suprarrenais e hormônios de crescimento. Os hormônios produzidos são: adrenocorticotrófico (ACTH), tireotrófico (TSH), gonadotróficos ou luteotrófico (LH), folículo-estimulante (FSH), prolactina (PRL) e de crescimento (GH).

Para diagnosticar problemas neuroendócrinos, endocrinologistas solicitam testes hormonais. Os melhores exames de imagem são a ressonância magnética e a tomografia computadorizada. São indicados para os sintomas visuais a realização de campimetria, para confirmar distúrbio do quiasma, e exame oftalmológico completo, incluindo fundo de olho.

Doença de Cushing, Hiperprolactinemias, Tumores Hipofisários, Hipogonadismo, Neoplasia Múltipla, Síndrome de Kallmann, Atrasos no Crescimento e Atrasos ou Precocidades Puberais são algumas das doenças tratadas por neuroendocrinologistas.

Na maioria dos casos de tumores na hipófise, pode ser realizada cirurgia. Ela deve ser feita por neurocirurgião especializado, já que o acesso à região da hipófise é indicado, quase sempre, pelo nariz, sem “abertura do crânio”. 

Alguns tipos de tumores são tratados com medicações. Nestes casos, o melhor tratamento pode ser o medicamento. Em outros, pode ser feita a associação da cirurgia e medicação.

A maioria desses tumores são benignos e podem ser tratados também por radioterapia, indicada geralmente após tratamento cirúrgico.  Além das práticas clínicas, grande parte dos neuroendocrinologistas trabalha na área de pesquisas, buscando um maior conhecimento e melhores formas de tratamento das disfunções associadas.

Saiba mais: Neuroendocrinologia: glândula hipofisária como foco pivotal 

Como diagnosticar doenças relacionadas à hipófise?

A ressonância magnética (RM) da hipófise é o exame de escolha para a avaliação diagnóstica dessas massas selares. A tomografia computadorizada (TC) de hipófise pode ser um exame complementar, principalmente para verificar a presença de calcificações que sugerem outras lesões, menos comumente os adenomas. 

O diagnóstico das massas selares pode ser desafiador e, sendo assim, necessita da avaliação e do acompanhamento multidisciplinar de especialistas, com testes endocrinológicos, neurológicos e oftalmológicos.

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