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25.1.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) é um dos principais distúrbios do neurodesenvolvimento e surge por causas multifatoriais. Recentemente, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), divulgou a estatística de que o número de casos de TDAH varia entre 5% e 8% no mundo. No Brasil, estima-se que 48 milhões de pessoas tenham o diagnóstico.
Em vista disso, vamos explicar o o transtorno com detalhes, como ele se desenvolve e se diferencia de outras condições parecidas, bem como os principais impactos na vida de crianças e adultos. Ainda, saiba como reconhecer os sinais do TDAH e veja as melhores alternativas para um controle mais efetivo desse quadro para ajudar seus pacientes. Aproveite a leitura!
TDAH é a sigla para o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, que está relacionado à dificuldade em regular a atenção e controlar a impulsividade e a hiperatividade. Como o TDAH afeta crianças e adultos, a intensidade dos sintomas varia bastante, uma vez que está sujeita a influências de diversos fatores.
Ainda que a origem desse distúrbio não esteja bem esclarecida, há evidências da relação do TDAH com uma base genética bastante relevante. Por isso, algumas hipóteses sustentam que o déficit de atenção e os caracteres comportamentais estejam associados à regulação de certas funções cerebrais.
Além disso, essas operações cerebrais também regulam funções essenciais ligadas à cognição e a diferentes habilidades pessoais, profissionais e sociais. Entre as mais relevantes destacam-se a concentração, memória, atenção e o foco para aprendizagem e motivação e esforço para a superação de desafios acadêmicos e profissionais.
Vale destacar que o TDAH não é uma doença nova: em 1845, o psiquiatra alemão Heinrich Hoffman escreveu um livro chamado The Story of Fidgety Philip. Nessa obra, o autor narrou o comportamento clínico de um grupo de crianças com características típicas do TDAH.
Na época, o transtorno estava relacionado às questões de impulsividade, vistas como base para os problemas de comportamento. Como havia pouco conhecimento de Psiquiatria e do funcionamento dos mecanismos cerebrais, o TDAH era considerado um “defeito de controle moral”.
Nas décadas seguintes, o avanço dos estudos melhorou a compreensão dos diagnósticos de saúde mental. Assim, nos anos 1950, o TDAH entrou no rol das doenças psiquiátricas — e foi denominado de “transtorno do impulso hipercinético”. Em 1970, evoluiu para “Disfunção Mental Mínima”.
As dificuldades ligadas ao déficit de atenção sempre existiram, pois estão descritas na literatura médica e científica há mais de 100 anos. Ainda que por causas distintas, essa condição sempre desafiou a Medicina ao longo da história. A diferença é que era chamada por nomes diferentes.
Atualmente, hipóteses sugerem uma intrínseca relação do TDAH com o estilo de vida contemporâneo. O desenvolvimento dos sintomas desse transtorno pode resultar das pressões psicológicas causadas pelo ritmo acelerado da vida moderna. Quando o cérebro é forçado a essas adaptações, mudanças na neuroplasticidade podem acontecer.
A Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) destaca que é importante distinguir as manifestações do TDA e TDAH.
Assim como existem pontos de confusão entre depressão e ansiedade, por serem doenças semelhantes acontece o mesmo com o TDAH e o TDA (Transtorno de Déficit de Atenção — portanto, sem o traço de hiperatividade). Contudo, existe uma linha tênue comportamental que os diferenciam entre si e também em relação à dislexia. Ambas as condições são marcadas por características neurobiológicas que expressam fatores comportamentais mais centrados na desatenção, impulsividade e hiperatividade.
Em alguns casos, o TDAH é chamado apenas de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Além da dificuldade de atenção e de impulsividade, o indivíduo com TDAH também manifesta comportamento essencialmente hiperativo. Já o TDA é caracterizado por condições em que a pessoa — geralmente crianças em idade escolar — é extremamente dispersa e não consegue manter o foco nas tarefas.
Em tese, ambos os distúrbios estão associados e causam prejuízos significativos à rotina dos envolvidos. Por isso, como informa a ABDA, tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei para ampliar os direitos de quem tem esses diagnósticos.
Os dois transtornos podem se desenvolver tanto por causas genéticas como por outros fatores. Por isso, o diagnóstico diferencial requer uma avaliação profissional especializada para discernir os critérios mais determinantes desses quadros.
Como o TDAH é um quadro de maior prevalência, destacamos os principais fatores associados a essa condição. Veja quais são!
Como já referido, os transtornos ligados a manifestações comportamentais como o TDAH, TDA, dislexia ou hiperatividade têm tantos pontos em comum que podem ser facilmente confundidos. Além da semelhança dos sintomas, tais distúrbios podem passar despercebidos tanto por familiares como na escola.
Sendo assim, é preciso observar a manifestação de comportamentos atípicos na criança. Por vezes, crianças e adultos com esses transtornos são equivocadamente vistas como incapazes, preguiçosas ou desinteressadas nas atividades que lhes são atribuídas. Logo, a avaliação diagnóstica é crucial para a compreensão dos efeitos causados por esses mecanismos cerebrais.
Antes, as evidências eram centradas apenas no fato de que o TDAH era mais comum em crianças hiperativas, sobretudo na idade escolar. Porém, hipóteses indicam que esse quadro é bem mais amplo e atinge pessoas de todas as idades e gêneros. Mesmo que a prevalência seja maior nos homens, o distúrbio também afeta as mulheres.
Entre os prejuízos mais comuns do TDAH destacam-se as dificuldades no aprendizado devido, entre outras razões, ao atraso no desenvolvimento cognitivo. Por conseguinte, na idade escolar, isso pode levar a prejuízos linguísticos, motores ou sociais, ainda que isso não seja específico desse transtorno.
Além disso, as características associadas aos distúrbios neurobiológicos podem incluir outros processos de origem cognitiva subjacente. Geralmente, esse problema está associado à instabilidade emocional que leva à irritabilidade, baixa autoestima e baixa tolerância à frustração.
O TDAH é facilmente percebido em crianças que têm muita energia e, por isso, são rotuladas pelos adultos como “levadas” ou “elétricas”. Isso é compreensível, já que os transtornos marcados pela hiperatividade são justamente associados a um estado de energia excessiva.
Na fase escolar é mais comum a observação de sinais de hiperatividade cerebral que geram a hiperatividade motora. Ou seja, a criança “não desliga" porque ela tem mais energia que as demais de sua idade e, por isso, precisa descarregá-la com atividades mais intensas.
Nos casos mais graves, as manifestações decorrentes dos distúrbios do sono também são comuns. Na fase adulta, os portadores de TDAH também costumam ser “elétricos” o tempo todo, falam atropelando as palavras e apresentam dificuldade para conter a ansiedade.
Além das características comuns a esses quadros, listamos alguns comportamentos mais presentes em crianças e adultos. Reconhecê-los é importante para a definição do diagnóstico e tratamento e, se necessário, encaminhar o paciente. Isso é necessário, pois como já dissemos, o TDAH pode ser confundido com outros transtornos.
Primeiramente, destacamos os sinais mais evidentes em crianças:
Já na fase adulta, os principais indícios de TDAH ou de TDA são:
Para estabelecer a base diagnóstica, o foco deve ser nos gatilhos considerados pilares do distúrbio. Assim, observe os pontos de avaliação para definição do diagnóstico de TDAH!
A desatenção manifesta-se das seguintes formas:
Pode ser tanto cerebral quanto motora e apresenta os seguintes sinais:
É caracterizada por ações precipitadas e impulsivas. O risco é que em certas situações — como atravessar uma rua sem olhar, por exemplo — a impulsividade pode causar dano à pessoa. Outras situações que exigem atenção para fins diagnósticos são:
Mesmo que não haja cura definitiva para esses quadros, a orientação é buscar tratamentos que cuidam do bem estar e podem diminuir os sintomas e melhorar a rotina.
Em geral, as terapias são centradas na combinação de um ou mais tratamentos. Veja as principais formas de assistência para o TDAH!
Os medicamentos contêm substâncias com princípios ativos que objetivam reduzir manifestações importantes como a hiperatividade e a impulsividade. Além disso, o uso de remédios melhora a capacidade de concentração e de focar no estudo ou no trabalho.
Entre as opções de tratamento para o TDAH, os medicamentos com ação estimulante costumam ser efetivos. Tais formulações têm um elevado potencial para aumentar a dopamina do cérebro, substância essencial para as funções ligadas à atenção e concentração.
Em alguns casos, os antidepressivos podem ser indicados. Geralmente, essa alternativa é mais utilizada para controlar os sintomas do TDAH em adultos. Isso se justifica porque, nessa fase, os efeitos desse transtorno podem gerar prejuízos significativos à vida pessoal, afetiva, acadêmica e profissional. Logo, é necessário tratar os sintomas negativos resultantes desse quadro.
Além do uso de medicamentos, também é necessário o acompanhamento psicológico. Considerando as implicações que o TDAH pode gerar na vida de crianças e adultos, essa combinação eleva as chances de amenizar os sintomas desse distúrbio.
Para o TDAH em crianças e adolescentes, o apoio psicoterápico também auxilia pais e professores na interação com esse grupo. Um dos principais papéis do psicólogo é tratar de questões comportamentais ligadas à manutenção da rotina. Com a ajuda da terapia regular, a equipe da escola pode estabelecer um cronograma e organizar a rotina dos alunos com esse perfil.
Já para os adultos diagnosticados com TDAH, um psicólogo pode auxiliar no direcionamento de condutas de planejamento e organização da rotina. Ou seja, o foco do tratamento é encontrar maneiras de diminuir os impactos da desatenção e da impulsividade nas tomadas de decisão.
Para os adultos com quadros mais graves, talvez seja necessário reaprender a organizar a vida e, assim, desenvolver habilidades como resiliência, paciência e outras de ordem emocional. Portanto, a ajuda profissional pode ser bastante eficaz para o gerenciamento das emoções abaladas pelos efeitos do TDAH na fase adulta.
Logo, a combinação de ambos os tratamento tem maior probabilidade de gerar resultados satisfatórios. Ou seja, enquanto o psiquiatra prescreve medicações para o controle do funcionamento químico cerebral, o terapeuta auxilia na moderação comportamental do indivíduo. Assim sendo, esse manejo tem sido uma excelente alternativa para melhorar a assistência aos portadores de TDAH.
Por fim, vale destacar que é possível adotar estratégias que favoreçam — de forma bastante significativa — o controle dos impactos do TDAH na infância ou na vida adulta. O objetivo é proporcionar um aprendizado que facilite o gerenciamento dos sintomas, de modo a melhorar a qualidade de vida de quem enfrenta esses desafios.
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