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13.2.2018
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O ato de tatuar é algo bastante pessoal. Cada pessoa tem uma inspiração diferente e opta por locais, tamanhos e cores de sua preferência. A maioria se motiva por desejos estéticos ou mesmo pela moda do momento. Agora, você já pensou em fazer uma tatuagem relatando uma condição médica em sua pele? A tatuagem na medicina pode ter um objetivo diferente do estético: informar a equipe de saúde caso o paciente não esteja em condições de falar ou mesmo inconsciente, evitar confusões de diagnóstico e informar desejos pessoais em caso de complicações ou emergências.
Existem projetos que propagam essa ideia como o “Tatuagem do Bem”, que serve especialmente para pacientes com alguma doença crônica, alergia a medicamentos, ou que desejam registrar informações sobre o seu tipo sanguíneo ou mesmo sobre alguma intervenção médica que tenham realizado. Quer saber mais sobre o assunto? Então continue acompanhando nosso artigo, pois falaremos mais sobre a tatuagem na medicina e mostraremos alguns casos reais de pacientes que fizeram uso dessa ideia:
A ideia surgiu com mais força nos Estados Unidos, a partir do ano de 2006. Logo depois, começou a ser vista no Brasil, quando vários tatuadores aderiram ao projeto, atendendo mesmo os pacientes que não tinham condições financeiras, tatuando os desenhos a preço de custo, com valores de aproximadamente 40 a 70 reais. Geralmente, as tatuagens são realizadas em um dos braços, por ser um local de fácil visualização e onde a maioria dos medicamentos são aplicados pela via venosa. Um dos primeiros casos de tatuagem para esse fim foi da tatuadora Nathália Stern.
Ela é uma das pioneiras no projeto e já tatuou diversos "recados", alertando sobre as suas alergias medicamentosas e sobre a sua doença rara chamada Situs Inversus Totalis, na qual todos os órgãos ficam do lado contrário do corpo. Apesar de ter um caráter informativo, as "tatuagens do bem" são individualizadas e personalizadas de acordo com o gosto do cliente. A ideia é alinhar a funcionalidade com a expectativa do cliente, seguindo a linha artística de cada tatuador e cada consumidor. Além de quebrar a barreira do preconceito sobre a tatuagem e ajudar as pessoas, unindo a arte à informação médica.
Depois da ideia desse projeto, diversas pessoas começaram a tatuar suas condições médicas, informando sobre desejos em situações de emergência e sobre alergias eventuais a medicamentos. Hoje em dia, já existem diversas tatuagens expressando tais vontades. Uma das tatuagens mais realizadas é a que tem as ordens de não ressuscitar, em inglês "Do not resuscitate" ou DNR, quando o paciente deseja não ser submetido a intervenções de reanimação cardiopulmonar em caso de parada cardíaca ou respiratória. Outros exemplos bastante vistos são:
É importante estar ciente se a condição expressa na tatuagem é curável. Neste caso, não é interessante ter uma tatuagem de alerta médico tatuado para o resto da vida. Para esses casos ou para quem não deseja fazer uma tatuagem, uma estratégia é utilizar uma pulseira ou um colar em seu corpo, informando a condição.
Existem diversos relatos de situações médicas em que pacientes chegam com as informações ou desejos expressados em forma de tatuagem. Entretanto, em algumas situações a presença de uma tatuagem pode deixar a equipe médica sem saber qual postura tomar. Foi o que ocorreu no hospital Jackson Memorial, em Miami, no sul dos Estados Unidos. Um senhor de 70 anos de idade, cardiopata e com histórico de diabetes e doenças respiratórias, foi trazido ao pronto atendimento com uma tatuagem no peito: "não ressuscite". Após uma reunião do comitê de ética do hospital, foi recomendado que a ordem registrada na tatuagem fosse respeitada.
Os médicos não souberam, a princípio, se deveriam seguir o que a tatuagem dizia ou se tentariam salvar a vida do senhor com medidas de ressuscitação, como manda o juramento da profissão. O caso foi até publicado no jornal científico "The New England Journal of Medicine". Diante da incerteza do que deveriam fazer, os médicos do Jackson Memorial Hospital decidiram realizar uma série de intervenções para salvar a vida do homem. Ele foi tratado com antibióticos, recebeu fluidos por via intravenosa para ressuscitação e foi mantido respirando. Depois da decisão expressa do comitê de ética, o suporte foi suspenso e ele foi ao óbito.
Entretanto, na maioria das vezes as tatuagens médicas ajudam bastante. No Brasil, um jovem de 22 anos foi diagnosticado em 2002 com diabetes tipo 1. Antes, os familiares eram contra tatuagens, mas agora se sentem aliviados por saber que ele carrega o alerta por onde for. Em entrevista ao G1, ele disse: “Não é uma questão de achar que algo vai acontecer comigo, ou que agora eu posso relaxar com os meus tratamentos, mas agora tenho a segurança em saber que, se eu estiver inconsciente, a tatuagem vai alertar que sou diabético e, assim, serei atendido corretamente. Está marcado na minha pele. E fica de dica para outras pessoas que têm o mesmo problema que o meu, ou outro problema de saúde: todo cuidado é pouco e toda ajuda é bem-vinda".
Outro caso interessante são de duas primas, ambas de 27 anos, que aderiram às tatuagens médicas. Ambas tatuaram seus respectivos tipos sanguíneos: B + e AB +: “Achei a ideia muito legal, porque é uma tatuagem funcional e, em caso de emergência, facilita os primeiros socorros. Assim que vi essa iniciativa, logo quis fazer para também conscientizar que é uma atitude que gera resultados e pode ajudar pessoas. Eu tatuei o meu tipo sanguíneo porque acho importante essa informação junto de mim, e se fosse portadora de alguma doença, com certeza tatuaria também”, relatou uma delas.
Hoje em dia, é muito importante que toda a equipe de atendimento reconheça as tatuagens na medicina, contendo informações de alergias, doenças ou mesmo desejos pessoais, e que saibam agir conforme a ética e os direitos médicos, porém sempre respeitando o paciente. Gostou deste conteúdo? Então compartilhe em suas redes sociais para que mais pessoas tenham acesso a ele!