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13.3.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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A população do Brasil e do mundo vem sofrendo com questões de saúde mental. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), isso inclui diversos transtornos de personalidade, depressão, ansiedade e outras alterações que podem desencadear até um surto psicótico.
Essas são condições com as quais um médico pode se deparar em sua rotina profissional e precisa saber como lidar com elas. Uma das mais preocupantes é quando há um paciente em surto psicótico.
É sobre essa questão que abordaremos neste artigo. A seguir, entenda melhor o conceito de surto psicótico, suas características, causas e sintomas. Saiba também quais são os fatores de risco e as melhores práticas para lidar com um paciente nessa condição. Boa leitura!
O surto psicótico é uma alteração repentina no comportamento de uma pessoa. Trata-se de um episódio temporário mental em que acontece uma dissociação entre a realidade e a autopercepção. Nessa condição, a pessoa pode apresentar alucinações, agressividade, delírios, ansiedade, bem como desorganização do pensamento e do comportamento.
Quando o surto psicótico envolve alucinações ou delírios, além da desorganização dos pensamentos, o paciente apresenta um grande comprometimento da realidade e do juízo crítico.
A perda de contato com a realidade é o principal aspecto que caracteriza um surto psicótico. Essa dissociação pode ocorrer de diferentes maneiras, mas está sempre ligada a uma descompensação aguda do comportamento com sintomas psicóticos.
Os delírios e as alucinações é que levam a essa perda de contato com a realidade. A condição delirante ocorre tendo como base as crenças fixas do paciente, que não se alteram diante de argumentos que possam ser apresentados. Exemplo disso é o delírio persecutório (mania de perseguição), de grandeza, místico, entre outros.
Já as alucinações se referem a experiências que ocorrem sem um estímulo externo. Embora sejam irreais, são vívidas e claras para o paciente que as percebe como reais e não consegue controlá-las voluntariamente.
Outros sintomas de um surto psicótico incluem:
Há três grupos de condições que podem ser consideradas as principais causas de um surto psicótico, conforme comentamos a seguir.
O abuso de substâncias psicoativas como maconha e cocaína apresenta um potencial para aumentar o risco de manifestação de um surto psicótico.
Algumas condições como a esquizofrenia e a bipolaridade podem gerar um surto psicótico. Além disso, outras alterações e distúrbios do sistema nervoso, como lesões e traumas podem levar a esse quadro.
As disfunções em alguns órgãos, como o fígado, tireoide e alterações dos níveis hormonais, podem provocar um surto psicótico.
Algumas doenças como o lúpus, a sífilis, a AIDS e outras infecções também podem ser as causas. Além disso, pessoas com histórico traumático, como abuso sexual na infância são propensos.
Qualquer pessoa está sujeita a desenvolver um quadro psicótico. No entanto, a carga genética é um importante fator, além do ambiente do paciente, que pode contribuir para uma futura crise.
Nesse sentido, uma criança que sofre um alto grau de estresse na primeira infância ou durante o seu desenvolvimento é mais suscetível a desenvolver um surto.
Lidar com um paciente em surto psicótico requer muita calma para transmitir tranquilidade e segurança. A seguir, veja algumas ações que podem ajudar nesse sentido.
Para conseguir ajudar um paciente em surto psicótico, é muito importante entender a situação que ela está vivenciando e o quanto isso pode ser angustiante. Em geral, a pessoa se sente desorientada e confusa, tornando-se imprevisível.
Por isso, o melhor a fazer é levar o paciente para um ambiente privativo, falando de maneira calma, com fases curtas e simples. Além disso, demonstre interesse sincero pelo que ele sente, fazendo com que ele se sinta compreendido.
Durante um surto é fundamental auxiliar a pessoa a recuperar o contato com a realidade. Para isso, os exercícios de enraizamento sugeridos pela organização Mental Health America podem ser utilizados.
Eles funcionam com base nos cinco sentidos para uma reconexão com o aqui e agora:
É crucial não questionar ou contradizer a pessoa em surto psicótico, pois os delírios e alucinações são inquestionáveis para ela naquele momento. Uma tentativa de convencimento de que nada daquilo existe pode gerar mais agressividade por parte do paciente.
Nessa hora, o ideal é mostrar que você está ali, disponível, e que está tudo bem. Assim você consegue manter um clima mais tranquilo e calmo, enquanto aguarda um atendimento especializado.
Se a pessoa apresentar um surto psicótico violento, busque saber se ela se encontra em tratamento com antipsicóticos e tente contato com o médico psiquiatra responsável. Do contrário, chame o SAMU para um encaminhamento adequado.
Caso exista algum Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na região, essa é outra opção para encaminhar o paciente.
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Enfim, para conter o paciente em surto psicótico é preciso manter a calma e usar de empatia para tentar tirá-lo dessa condição momentânea. Além das sugestões que trouxemos com algumas das melhores práticas é importante adquirir conhecimentos em Psiquiatria para serem utilizados como ferramenta de trabalho ou mesmo, para seguir carreira.
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