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10.5.2018
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Equipe Afya Educação Médica
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A conjuntivite é uma das doenças mais comuns que assolam a população, sendo conhecida por seu alto potencial de disseminação. Várias regiões do país foram afetadas por surtos de conjuntivite no início de 2018, fato que mobilizou grande parcela da comunidade médica em busca de meios para diminuir e amenizar os casos, de modo a controlar o problema o mais rápido possível. Saiba mais sobre o surto de conjuntivite no post de hoje e aprenda as práticas que todo médico deve conhecer para identificar os tipos infecciosos da doença, buscando um diagnóstico apropriado e possibilitando o correto tratamento de seus pacientes.
Desde o começo do ano de 2018 há relatos de surtos de conjuntivite atingindo estados por todo o território nacional. Na região Sudeste, por exemplo, Minas Gerais contabilizou o maior número de casos, chegando a 48 até o mês de Março.
Durante o verão, é comum que algumas doenças surjam ou reapareçam com mais força devido às mudanças climáticas, principalmente entre Fevereiro e Março, já que as alterações bruscas de temperatura deixam o sistema imunológico debilitado e suscetível a doenças infecciosas. Segundo alguns médicos, os casos de conjuntivite aumentaram em Fortaleza no mês de Fevereiro por conta da chegada da estação das chuvas. Na região Sudeste, segundo o Jornal da USP, a sociedade já deve se preparar para evitar que o surto da doença causada por vírus não se agrave nessa época do ano.
Dado a situação que o país se encontra, é essencial que os médicos estejam preparados para lidar com o aumento do número de casos, visando um diagnóstico preciso para que o paciente se recupere logo e com qualidade de vida. Embora sejam causadas também por fatores alérgicos, as formas de conjuntivite que assolam o país são, majoritariamente, de caráter infeccioso, ou seja, são geralmente provocadas por vírus ou por bactérias. Portanto, é imprescindível que o profissional da saúde saiba distinguir as características de um tipo de outro, principalmente ao analisar seus sintomas. Veja abaixo as características de cada tipo:
A conjuntivite viral é causada pelo adenovírus. Costuma atingir os dois olhos em um intervalo de poucos dias entre cada infecção e, ao acordar, o paciente pode apresentar sensação de areia nos olhos, com edema nas pálpebras e hiperemia na conjuntiva e na esclera. Secreções também são comuns, porém, ao contrário da conjuntivite bacteriana, não possuem pus, mas, sim, um muco mais claro, como lacrimejamento. Além disso, o indivíduo afetado costuma queixar-se de fotofobia.
Os sintomas costumam aparecer de 5 a 15 dias depois da infecção. A doença é autolimitante, ou seja, o próprio sistema imunológico acarreta-se de resolver o problema. Sua transmissão ocorre pelo compartilhamento de objetos pessoais e contato com secreções infectadas, até mesmo por tosse ou espirros.
A conjuntivite bacteriana geralmente é causada pelas bactérias Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus e Haemophilus influenzae. Assim como no tipo viral, a conjuntivite bacteriana apresenta hiperemia nos olhos e fotofobia. No entanto, apenas um dos olhos costuma ser afetado durante o período de contágio, caracterizado pela presença de muco amarelado ou pus e restos celulares decorrentes de atividade imunológica. Hiperemia na conjuntiva e pálpebras coladas ao acordar são sintomas decorrentes. Também pode ocorrer edema palpebral. A transmissão ocorre normalmente via secreções, por meio do compartilhamento de objetos pessoais, mas exige contato próximo com o infectado para que aconteça.
É importante frisar, no entanto, que o diagnóstico não pode ser dado somente com base na análise dos sintomas. Muitas vezes, são necessários exames específicos para que a situação do paciente seja analisada de forma correta e os medicamentos devidos possam ser utilizados. O tipo de conjuntivite pode ser identificado com precisão por meio da realização de exames de swab, em que há a coleta de secreção, seguido da cultura do agente infeccioso e, em alguns casos, quando necessário, é feita a análise por meio de técnicas de PCR.
Tais técnicas são essenciais em caso de dúvidas e podem ser combinadas a análises de profissionais especializados, como os oftalmologistas. Esses profissionais utilizam um equipamento chamado lâmpada de fenda para analisar com exatidão de detalhes as características fisiológicas e morfológicas do globo ocular e estruturas associadas.
A partir da obtenção de um diagnóstico adequado, o médico poderá dar início ao tratamento certo para o paciente em questão .Por ser uma doença autolimitante, a conjuntivite viral não precisa ser combatida com medicamentos que foquem no agente etiológico, já que o próprio corpo se encarrega de eliminar o problema. Portanto, o tratamento é feito com base no alívio dos sintomas, utilizando colírios com anti-inflamatórios e soro fisiológico para umidificar a região — antivirais são recomendados somente em casos extremos.
A conjuntivite bacteriana, por outro lado, deve ser combatida visando principalmente o agente causador do problema. Nessas situações é recomendado o uso de antibióticos prescritos pelo médico, geralmente associados ao uso de lágrimas artificiais contendo anti-inflamatórios. Para ambos os casos algumas medidas ajudam no tratamento, como evitar coçar a região, não expor o olho à luz intensa, e evitar a contaminação e o compartilhamento de objetos pessoais para não promover a contaminação entre familiares e conhecidos.
É imprescindível que o profissional da saúde esteja preparado para lidar com tais situações, principalmente ao fazer o diagnóstico na emergência. Para tanto, o médico deve sempre procurar um diagnóstico diferencial, analisando os sintomas com cautela e avaliando os exames pedidos a fim de que não tenha margem para dúvidas quanto às causas do problema. Isso é importante no tratamento, visto que muitas vezes há o uso indiscriminado de colírios antibióticos sem necessidade real. No caso da conjuntivite viral, o uso de antibióticos, além de não resolver o problema, também poderá afetar estruturas oculares, como a córnea, se não usado corretamente.
Se usado de maneira excessiva, o antibiótico recomendado para conjuntivites bacterianas pode servir como um fator de seleção artificial, permitindo que bactérias resistentes à substância se desenvolvam e agravem o problema. O médico ainda deve oferecer recomendações seguras e valiosas sobre medidas profiláticas e os cuidados que se deve ter durante todo o tratamento. Algumas práticas devem ser incentivadas, como a atenção ao compartilhar toalhas, roupas ou mesmo maquiagens, hidratar sempre a mucosa do olho e lavar constantemente as mãos, evitando de levá-las aos olhos.
A conjuntivite é uma doença extremamente contagiosa. Porém, felizmente, pode ser facilmente tratada a partir do diagnóstico preciso e do tratamento recomendado por um médico devidamente preparado. O profissionalismo do médico é essencial para que os casos sejam controlados e a doença não se dissemine pelo país.
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