Síndrome do pânico: entenda as causas, sintomas e tratamentos

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Nos últimos anos, temos testemunhado um aumento significativo nos casos de transtornos mentais, com uma atenção especial à síndrome do pânico. Saber como essa condição se manifesta, por quais causas e como deve ser tratada, é fundamental para que os profissionais de saúde ofereçam suporte adequado aos seus pacientes.

A síndrome do pânico pode ser debilitante, afetando não apenas a qualidade de vida, mas também a funcionalidade diária dos indivíduos. Fatores como estresse crônico, mudanças no estilo de vida e a incerteza global podem contribuir para o seu desenvolvimento.

Quer saber mais sobre o assunto? Neste post, vamos abordar tudo o que você precisa saber para compreender melhor essa doença. Confira!

O que é síndrome do pânico?

A síndrome do pânico, também chamada de transtorno do pânico (TP), é definida como uma condição de saúde mental (ansiedade paroxística episódica), que se caracteriza por episódios recorrentes e inesperados de crises de ansiedade, com intenso medo ou terror, acompanhados de sintomas físicos e psicológicos angustiantes.

Ao manifestar os sintomas dessa doença, como falta de ar, dor no peito e sensação de sufocamento, o indivíduo pode passar a evitar situações ou lugares onde tiveram ataques anteriores, o que interfere na sua vida cotidiana e convivência com outras pessoas.

É necessário destacar que a síndrome do pânico não é uma condição rara, e sua prevalência tem aumentado nos últimos anos. Embora o TP seja debilitante, é uma patologia tratável, e os pacientes podem experimentar uma melhoria significativa ou até mesmo remissão dos sintomas com o tratamento adequado.

Dados sobre o transtorno do pânico

Dados de estudos recentes sobre saúde mental têm mostrado de forma consistente que cerca de 2 em cada 100 adultos sofrem de transtorno do pânico em algum momento das suas vidas, de acordo com o DSM-III.

Além disso, aproximadamente 1,2 em cada 100 adultos experimentaram ataques de pânico nos últimos 6 meses. Em geral, eles são relativamente comuns, afetando cerca de 9 em cada 100 pessoas ao longo de suas vidas.

As taxas de risco para o TP são mais altas entre as idades de 25 e 34 anos para mulheres e entre as idades de 30 e 44 anos para homens. Há muitos casos em que a doença acontece ao mesmo tempo que outros tipos de ansiedade, assim como com diversos problemas mentais, como depressão e o uso excessivo de substâncias.

Quais são os principais sintomas?

A forma como a síndrome do pânico se manifesta envolve um conjunto de sintomas, que ocasionam episódios súbitos e intensos de medo ou ansiedade, que ocorrem de modo inesperado e sem uma causa aparente.

A duração de um ataque de pânico pode variar para cada pessoa e de um episódio para outro. Ele atinge seu pico de intensidade em poucos minutos e, em seguida, começa a diminuir gradualmente. Na maioria dos casos, dura entre 5 a 20 minutos.

Os sintomas emocionais e físicos mais intensos geralmente acontecem nos primeiros minutos de um ataque de pânico e, à medida que o tempo passa, tendem a diminuir em intensidade. No entanto, depois do episódio, há pessoas que se sentem ansiosas, exaustas ou incomodadas por algum tempo.

Acompanhe, a seguir, quais são os sintomas mais recorrentes de síndrome do pânico.

Palpitações

As palpitações cardíacas são uma característica proeminente da síndrome do pânico. Durante um ataque, muitos pacientes relatam sentir seus batimentos cardíacos acelerados, de forma intensa, como se o coração estivesse batendo de forma rápida e forte.

Essa sensação pode levar a uma preocupação adicional, uma vez que pode ser erroneamente interpretada como um sinal de um problema cardíaco grave. Em algumas situações, a sensação de dor no peito pode estar presente, contribuindo para o temor e a ansiedade durante o episódio de pânico.

Falta de ar

A ocorrência de falta de ar é bastante comum e costuma ser angustiante. A pessoa sente uma dificuldade intensa respirar, o que provoca respirações mais rápidas e superficiais.

O sentimento de sufocamento pode agravar a ansiedade durante o episódio, fazendo com que o indivíduo busque desesperadamente por oxigênio, fator que eleva a intensidade do ataque de pânico.

Tremores

Os tremores podem ser percebidos nas mãos ou em todo o corpo, com intensidade variável. Eles podem ser notados como uma agitação física que acompanha o estado emocional na presença de um ataque de pânico.

Sudorese excessiva

Mesmo quando a pessoa não está em uma situação de calor ou esforço físico, pode suar em excesso, como uma reação física à ansiedade aguda e ao estresse, que ativa o sistema nervoso simpático, desencadeando uma série de respostas corporais, incluindo o suor abundante.

Boca seca

Quando um indivíduo entra em pânico pode sentir a boca seca, proveniente da ativação do sistema neural por causa dos altos níveis de tensão. O corpo entra em um estado de alerta e reduz a produção de saliva.

Tontura e sensação de desmaio

O estresse enfrentado em um ataque de pânico pode desencadear tontura e sensação de desmaio, mas é importante dizer que são raros os casos em que ele realmente acontece.

Também são relatadas dor no estômago, náusea e demais desconfortos abdominais, além de calafrios ou ondas de calor.

Medo intenso

O medo intenso é uma das características mais marcantes do TP, que se manifesta por meio do receio e preocupação avassaladores de que algo terrível esteja prestes a acontecer, como estar à beira da morte, enlouquecer ou perder o controle total de si próprio.

Outro sintoma relevante é a dissociação, na qual a pessoa se desconecta dela mesma e se sente como se estivesse observando a sua vida fora do seu corpo. Pode haver, ainda, a desrealização, que faz com que o ambiente ao redor pareça estranho ou distorcido.

Como as crises de pânico se diferenciam das crises de ansiedade?

Mesmo que existam semelhanças entre as crises de pânico e crises de ansiedade, é substancial entender que se trata de condições distintas.

No TP, há ataques súbitos e intensos de ansiedade e muito medo, contendo sintomas físicos agudos, que podem se manifestar a qualquer hora e por qualquer motivo. Já em um quadro específico de crise de ansiedade, ocorre durante um estado prolongado de preocupação e tensão sobre as várias áreas da vida, apesar da crise ser momentânea. A sua origem está em causas mais lógicas e concretas, como uma situação desafiadora a ser enfrentada.

Quais são as causas da síndrome do pânico?

As causas exatas do desenvolvimento do TP ainda não são totalmente conhecidas pela comunidade médica. Contudo, sabe-se que uma série de fatores contribuem consideravelmente para esse problema de saúde mental. Saiba, abaixo, quais são eles.

Fatores genéticos

Ter parentes de primeiro grau que sofrem de síndrome do pânico pode aumentar as chances de uma pessoa de desenvolver a mesma condição.

Essa influência genética sugere a presença de determinados genes ou variações genéticas que podem tornar alguns indivíduos mais suscetíveis a esse transtorno.

Fatores biológicos

Os desequilíbrios neuroquímicos, em particular os relacionados aos neurotransmissores como a serotonina, a norepinefrina e o ácido gama-aminobutírico (GABA), são comumente associados a essa patologia.

Reduções nos níveis desses neurotransmissores podem afetar a regulação do humor e da ansiedade, contribuindo para o surgimento dos sintomas do TP. Ademais, anormalidades no sistema límbico e na amígdala cerebral, regiões do cérebro envolvidas na resposta ao medo e ao estresse, também foram observadas em indivíduos diagnosticados com o problema.

Estresse e trauma

Eventos de estresse e trauma podem ter uma participação importante no surgimento do TP. Os ataques de pânico podem ser desencadeados ou exacerbados por situações de estresse agudo, como a perda de entes queridos, problemas financeiros e grandes mudanças de vida.

Os traumas emocionais e físicos passados também contribuem para a doença, como abuso, acidentes graves ou episódios traumáticos na infância.

A conexão entre estresse e trauma se deve, em parte, à ativação do sistema nervoso simpático diante situações estressantes, que podem levar a uma descarga de hormônios do estresse, como o cortisol, e desencadear os sintomas da ansiedade e do TP.

Além disso, pessoas que vivenciaram traumas podem desenvolver uma hipervigilância constante e uma maior sensibilidade às sensações físicas, o que pode aumentar a probabilidade de interpretar erroneamente sensações normais do corpo como ameaçadoras, aspecto que colabora para a doença.

Fatores ambientais

A exposição prolongada a situações estressantes e adversas é um grande gatilho para a origem do transtorno mental. Nesse sentido, os ambientes de trabalho ou criação com grau elevado de pressão, ou conflito favorecem a condição.

Esses entornos podem fazer com que o corpo entre em um estado de alerta constante, acionando repetidamente a resposta do organismo ao estresse, o que sobrecarrega o sistema neural, ocasionando pânico.

Outros transtornos mentais

Muitas vezes, o TP coexiste com outros transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

A justificativa para isso está no fato de que os quadros de ansiedade compartilham algumas características sintomáticas e de base neurobiológica. Por exemplo, pacientes com TAG têm preocupações crônicas e intensas, enquanto os com síndrome do pânico enfrentam episódios ansiosos agudos e fortes.

Sendo assim, a presença de outros transtornos mentais pode ampliar a vulnerabilidade a ataques de pânico e complicar a apresentação clínica, tornando o diagnóstico e o tratamento mais desafiadores.

A patologia frequentemente ocorre em conjunto com transtornos de humor, como depressão. Essa comorbidade é comum e pode tornar os sintomas de ambas as condições mais debilitantes.

Os indivíduos que lidam com a combinação desses dois quadros podem experimentar um aumento na gravidade dos sintomas depressivos durante as crises de pânico.

Quais são os fatores de risco para a doença?

Conforme já mencionado, as situações de estresse figuram entre os principais fatores de risco tanto para epistemologia do TP quanto para o aparecimento abrupto de suas crises.

O uso excessivo de substâncias como álcool, drogas ilícitas e certos medicamentos também pode servir de gatilho para a doença, sobretudo, em pessoas que já estão predispostas.

Vale destacar, ainda, que determinadas condições médicas, como patologias cardíacas, respiratórias ou endócrinas, podem favorecer a síndrome do pânico.

É crucial que os médicos considerem esses fatores adicionais ao avaliar pacientes com TP, pois eles podem influenciar o curso do problema e a forma como é tratado.

Quais são as formas de tratamento?

O tratamento da síndrome do pânico envolve uma abordagem multidisciplinar que pode incluir terapia psicológica, medicamentos e estratégias de autogerenciamento. A cura completa da doença depende de cada paciente, mas é possível tratá-la e reduzir significativamente os sintomas. Veja quais são os métodos adotados em diagnósticos de TP.

Medicamento

Os medicamentos são prescritos para aliviar os sintomas da condição. Os medicamentos antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), são comumente utilizados.

Benzodiazepínicos podem ser receitados a curto prazo para alívio rápido da ansiedade, mas seu uso a longo prazo é geralmente evitado devido ao potencial de dependência.

Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC)

Descobrir quais situações podem despertar os ataques de pânico é fundamental para evitá-los ou lidar melhor com eles. A Terapia Cognitiva-Comportamental ajuda o paciente a entender a modificar os padrões de pensamento que são gatilhos para o transtorno.

Para tanto, a TCC compreende a identificação e a correção de pensamentos irracionais e a exposição gradual a situações temidas.

Exercícios de relaxamento e respiração

Técnicas de relaxamento são importantes aliadas no combate ao TP. A partir da respiração profunda e progressiva, por exemplo, pode-se controlar a ansiedade durante uma crise de pânico. Aprender a relaxar os músculos também pode ser benéfico.

Autoeducação

Compreender a doença, suas manifestações clínicas e o que desencadeia os ataques pode capacitar os pacientes a enfrentar a condição de forma mais eficaz. A educação sobre o transtorno também ajuda a reduzir o medo dos sintomas e um melhor autocontrole, que tende a reduzir a intensidade.

Estilo de vida saudável

Manter um estilo de vida saudável com dieta equilibrada, exercícios regulares e sono adequado pode melhorar a capacidade de gerenciar a ansiedade e o pânico. Recomende ao paciente que foque nessas recomendações e consulte um profissional sempre que houver dúvidas.


Gostou destas informações sobre a síndrome do pânico?

A síndrome do pânico é debilitante e afeta profundamente a vida cotidiana daqueles que a experimentam. Os ataques de pânico imprevisíveis e intensos podem causar angústia impactante.

Os profissionais de Medicina são indispensáveis para diagnosticar, orientar, desenvolver planos de tratamento personalizados e acompanhar a patologia. Ao fornecer informações, apoio emocional e acesso a terapias eficazes, você capacita os seus pacientes para enfrentar e gerenciar o TP, melhorando sua qualidade de vida e promovendo a recuperação.

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