Sífilis congênita: como diagnosticar e tratar

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A sífilis congênita está entre as principais preocupações da saúde materno-infantil, uma vez que pode acarretar complicações graves para o bebê, comprometendo o seu desenvolvimento e a sua qualidade de vida. Diante disso, o diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais para o bem-estar tanto da mãe quanto do recém-nascido.

Originária da sífilis em adulto, um tipo de Infecção Sexualmente Transmissível (IST), a sífilis congênita apresenta sinais que nem sempre são fáceis de detectar. O acompanhamento e a testagem das gestantes são procedimentos indispensáveis para a identificação da doença congênita.

Quer saber mais sobre essa patologia? Neste post, vamos abordar como essa condição é adquirida e quais são as melhores formas de tratá-la. Confira!

Qual é a incidência da sífilis congênita no Brasil?

De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), apenas no ano de 2021, 167 mil novos casos de sífilis adquirida, que é transmitida sexualmente, foram diagnosticados, além de 74 mil casos em mulheres grávidas no Brasil. No mesmo período, foram registradas 27 mil incidências de sífilis congênita, resultando em 192 casos fatais atribuídos a essa forma da doença.

Segundo a mesma pesquisa, até o mês de junho de 2022, haviam sido detectados cerca de 79,5 mil casos de sífilis adquirida, 31 mil casos em gestantes e 12 mil incidências de sífilis congênita, resultando em 122 mil novos registros da patologia.

O que é sífilis congênita?

A sífilis adquirida é uma Infecção Sexualmente Transmissível desencadeada pela bactéria de nome Treponema pallidum. A doença é transmitida por meio do contato sexual desprotegido, como sexo oral, vaginal e anal.

Por sua vez, a sífilis congênita se caracteriza pela transmissão da infecção para o bebê, o que pode ocorrer ao longo da gestação ou no momento do parto. Esse processo acontece porque a bactéria causadora da doença circula pela corrente sanguínea da mãe, tendo a capacidade de atravessar a placenta. Assim, o agente infeccioso entra em contato com o sistema circulatório do feto, infectando-o.

Se a gestante foi infectada recentemente, as chances de infecção por parte do bebê são mais altas, o que é justificado pelo maior volume de bactérias presentes em sua circulação. Em casos de a IST ser de longa data, a tendência é que a mulher desenvolva anticorpos que reduzam o potencial de transmissão. Vale ressaltar que isso não quer dizer que o feto não terá sífilis congênita, mas sim que há a possibilidade de as lesões típicas da patologia aparecerem tardiamente.

Quais são as causas da doença?

Conforme mencionamos, a bactéria Treponema pallidum é responsável por causar a doença transmitida de mãe para filho durante a gravidez. A transmissão se dá quando a gestante infectada não é diagnosticada ou não recebe o tratamento adequado.

Além disso, a infecção também pode acontecer quando o bebê é exposto à bactéria no decorrer do parto. Dessa forma, entende-se que o diagnóstico precoce seguido do tratamento eficaz são fundamentais para evitar que o recém-nascido seja infectado.

Quais são os principais sintomas?

A maioria dos bebês que sofre infecção por sífilis não manifesta sintomas assim que nasce. Geralmente, as primeiras alterações surgem após os seus três meses de vida. Elas também podem aparecer durante ou após a criança completar dois anos de vida.

É comum que os recém-nascidos apresentem os seguintes sintomas:

  • dificuldade para se desenvolver e ganhar peso;
  • estado de irritabilidade;
  • erupção cutânea precoce;
  • secreção nasal com sangue.

As manifestações mais frequentes em bebês maiores incluem:  

  • inflamação nas articulações;
  • dentes anormais, com aspecto cortado;
  • perda de visão;
  • redução da audição ou surdez;
  • opacidade na córnea;
  • placas de cor cinza na vulva ou no ânus;
  • cicatrização da pele em torno das lesões desenvolvidas no ânus, genitais ou boca.

Outro sintoma recorrente são as dores nos ossos, que podem ser percebidas quando a criança não consegue movimentar o local dolorido, como o braço ou a perna.

Como a sífilis congênita é diagnosticada?

O diagnóstico da sífilis congênita começa pela avaliação do histórico da mãe, verificando se ela teve a doença durante a gestação e se recebeu um tratamento eficaz. Assim que o bebê nasce, é necessário fazer um exame físico, a fim de identificar sinais clínicos da sífilis, como lesões mucosas, erupções cutâneas, problemas ósseos e febre.

Também são solicitados testes sorológicos para detectar a presença de anticorpos para o agente da infecção, como Veneral Disease Research Laboratory, ou Laboratório de Pesquisa de Doenças Venéreas (VDRL), e o Rapid Plas Reagin, ou Reagina Plasmática Rápida (RPR).

Caso os testes sorológicos apresentem um resultado positivo para a sífilis, o recém-nascido deve ser submetido ao Teste de Absorção de Anticorpos Fluorescentes para Treponema (FTA-ABS), que possibilita a confirmação da presença das bactérias na sua circulação sanguínea.

Além disso, é indicada a realização de radiografias ósseas, visto que a patologia pode provocar lesões nos ossos do bebê, bem como a análise do líquido cerebroespinhal, que aponta se houve algum dano ao sistema nervoso central da criança.

Quais são as formas de tratamento?

O tratamento para sífilis congênita é feito por meio da prescrição de antibióticos, como a penicilina, que é eficaz no combate à infecção em bebês. No entanto, a escolha do antibiótico e a duração da terapia dependem do estágio da doença e da gravidade dos sintomas apresentados.

É crucial que o tratamento seja iniciado quanto antes para impedir a ocorrência de complicações na saúde do recém-nascido. O acompanhamento médico regular também é indispensável para monitorar a resposta ao tratamento e assegurar a recuperação do bebê.

A mãe também deve ser tratada com antibiótico para evitar a transmissão da patologia para futuros filhos e prevenir a reinfecção do recém-nascido durante a amamentação.

Como prevenir a sífilis congênita?

O desenvolvimento da doença congênita pode ser prevenido. Para isso, uma das principais medidas é a realização do pré-natal da gestante, no qual são feitos testes de sífilis logo nos primeiros meses da gravidez. Quando a sífilis é detectada, a mãe será rapidamente encaminhada para o tratamento adequado.

As parcerias sexuais também devem ser testadas e tratadas para que a grávida não seja infectada novamente. O uso de preservativos é essencial para reduzir o risco de contrair a doença.

A ocorrência de sífilis congênita pode comprometer gravemente a saúde do bebê, resultando em complicações que incluem erupções cutâneas, deformidades ósseas, problemas no fígado e baço e comprometimento do sistema nervoso central, podendo causar atrasos no desenvolvimento e deficiências permanentes.

Com o diagnóstico precoce, essas complicações podem ser evitadas, pois ele permite que o tratamento seja iniciado a tempo de combater a infecção antes que cause danos significativos.


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