Sibutramina: conheça seu mecanismo de ação

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A obesidade é considerada um dos principais problemas de saúde atualmente por potencializar o risco de diversas doenças. Existem diversos esforços e pesquisas, porém o tratamento para obesidade ainda é um grande desafio para muitos indivíduos.

Por esse motivo, a sibutramina se destaca dentre o número crescente de prescrições de inibidores do apetite como alternativas para a perda de peso. No entanto, o medicamento apresenta muitas restrições, devido aos riscos de efeitos colaterais nos pacientes obesos.

Neste artigo, explicaremos as principais dúvidas a respeito da Sibutramina. Acompanhe a leitura e saiba mais!

Qual o panorama do uso da Sibutramina no Brasil e no mundo?

Inicialmente criada como um medicamento da classe dos antidepressivos, a Sibutramina hoje é amplamente prescrita para o tratamento da obesidade em diversos países, por aumentar os níveis de adrenalina no corpo inteiro, inclusive no cérebro, elevando a queima de calorias e reduzindo a fome.

No entanto, em muitos lugares, incluindo o Brasil, seu uso foi restringido ou proibido devido a preocupações relacionadas aos riscos cardiovasculares associados, além de impactar no perfil nutricional de micronutrientes, na ansiedade, na depressão e no sono dos pacientes.

Nos últimos anos, muitas agências regulatórias, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil, reavaliaram os benefícios e riscos do medicamento, resultando em restrições mais rigorosas para o seu uso, limitando-o a casos específicos de obesidade extrema e sob prescrição médica controlada.

Em 2010, a RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 13 retirou a substância da lista “C1” (substâncias sujeitas a controle especial) e a passou para a lista “B2” (psicotrópicos), podendo, assim, ser obtida apenas com a apresentação e a retenção de receita azul, com quantidade máxima para 60 dias de tratamento.

O que é a Sibutramina e para que ela serve?

Como mencionamos, a Sibutramina é um fármaco utilizado no tratamento da obesidade, que atua como um inibidor da recaptação de neurotransmissores no cérebro, como serotonina, dopamina e norepinefrina.

Esse mecanismo de ação funciona como um inibidor de apetite, aumentando a sensação de saciedade após as refeições e, consequentemente, ajudando no controle do peso corporal. Seu uso é indicado em conjunto com uma dieta hipocalórica e exercícios físicos para o tratamento de pacientes obesos com índice de massa corporal (IMC) elevado.

Este medicamento está voltado para pessoas que não obtiveram sucesso na perda de peso por meio de métodos convencionais, como dieta e exercícios, e que apresentam um risco aumentado para condições associadas à obesidade, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia.

É importante ressaltar que seu uso deve ser realizado sob prescrição médica e em pacientes cuidadosamente selecionados, já que existem riscos e efeitos colaterais associados a esse medicamento.

Como ela atua no organismo?

A Sibutramina atua no sistema nervoso central e sua ação ocorre por meio da inibição da recaptação dos neurotransmissores serotonina, noradrenalina e, em menor grau, dopamina no cérebro. Esses neurotransmissores desempenham papéis importantes na estabilização do humor, do apetite e da saciedade.

Ao inibir a recaptação desses neurotransmissores, a Sibutramina aumenta a concentração deles na fenda sináptica (espaço entre os neurônios), prolongando e potencializando seus efeitos. Esse mecanismo resulta em um aumento da sensação de saciedade e uma redução na fome, o que pode levar a uma menor ingestão de alimentos e, consequentemente, à perda de peso.

Vale ressaltar que a Sibutramina tem um mecanismo de ação complexo e pode influenciar diferentes sistemas no corpo, incluindo o cardiovascular e o nervoso autônomo. Por isso, seu uso requer supervisão médica rigorosa e está associado a efeitos colaterais e riscos, especialmente em pessoas com condições pré-existentes, como doenças cardiovasculares.

Quando ela é indicada e quais são os efeitos colaterais?

A Sibutramina é prescrita apenas para pessoas com obesidade, ou seja, com IMC maior que 30 kg/m², e que não conseguiram resultados significativos em outras abordagens não medicamentosas, como dieta e exercício.

Em geral, o uso do remédio provoca aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, mas também pode gerar outros efeitos colaterais como boca seca, constirpação, dor de cabeça, palpitações, suor excessivo, náuseas e insônia. E, em casos mais graves, problemas cardiovasculares, como arritmias, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio.

É importante destacar que a Sibutramina é um medicamento de tarja preta, pela forma que ela atua no cérebro. Inclusive, o aviso na embalagem sinaliza que o princípio ativo pode ocasionar problemas à saúde e dependência química, principalmente se usado sem acompanhamento e inadvertidamente.

Por isso, só é possível adquirir remédios do tipo com uma receita especial, que fica retida na farmácia. Além disso, a regulamentação da ANVISA proíbe a veiculação de propagandas do fármaco.

Quais são os principais riscos envolvendo o uso da medicação?

Embora a Sibutramina seja um remédio para emagrecer, os riscos envolvendo o uso da medicação são muito altos, já que a administração do medicamento em pessoas com problemas cardíacos pode levar a derrame e infarto, além de uma série de efeitos colaterais.

Pessoas com diabetes e obesidade, que também sejam hipertensas ou possuem colesterol alto, por exemplo, não podem utilizar a Sibutramina. Além disso, ela também não deve ser usada por pessoas que fazem uso de medicamentos inibidores da monoamina oxidase (IMAO), como isocarboxazida, fenelzina ou tranilcipromina, sendo necessário esperar pelo menos 15 dias após o término do tratamento para iniciar com a Sibutramina.

É fundamental enfatizar que a Sibutramina deve ser utilizada com muita cautela, devendo a prescrição médica ser criteriosa, além de ser combinada com mudanças no estilo de vida, incluindo dieta balanceada e atividade física regular.

Antes de prescrever esse tipo de medicamento, o ideal é incentivar a mudança dos hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos aos pacientes, o que evita tornar a indicação medicamentosa inadequada ou desnecessária.

Além disso, seu uso é recomendado apenas por um curto período, desde que garantida a segurança do tratamento para o paciente em questão e que se mantenha a sua qualidade de vida em relação ao tratamento, uma vez que seu efeito na perda de peso tende a diminuir ao longo do tempo.



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Os profissionais de saúde precisam estar plenamente cientes dos riscos potenciais associados ao uso da Sibutramina e preparados para monitorar de perto os pacientes que adotam o medicamento. A prescrição da Sibutramina deve ser feita apenas após uma avaliação médica completa, considerando os riscos e os benefícios individuais de cada paciente.

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