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22.8.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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Hoje vamos analisar como anda a saúde financeira dos médicos no país e quais são os fatores que determinam a renda desses profissionais. Veja, então, como é a renda média, conforme o grau de especialização, e quais as principais questões que mais influenciam o salário médico.
Conhecer a realidade que envolve o salário médico no Brasil ajuda a entender quanto ganha um médico, bem como os fatores que norteiam a saúde financeira da categoria. Neste material, vamos explicar os principais determinantes de renda na Medicina. Acompanhe a leitura!
Em 2023, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) conduziu o estudo publicado no relatório da Demografia Médica no Brasil. Os dados deste tópico foram extraídos deste documento, que destaca o número de médicos ativos no Brasil: cerca de 545 mil.
Mesmo que se tenha uma quantidade significativa de profissionais no país, existe uma disparidade salarial, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Norte do país. Vários são os fatores que determinam esses números.
Nessas regiões, a disparidade é notória e acompanha a concentração regional de médicos. No Distrito Federal tem 6,13 médicos por mil habitantes, enquanto no Pará, essa razão é de 1,33.
Pelos números, em 2023, o país contava com 2,69 médicos por mil habitantes. Além do mais, a projeção para o final de 2024 é que a razão aumente para 2,81 médicos, já que a abertura de novas faculdades de Medicina influencia essa realidade.
Apesar de ter oportunidades e muitas especialidades em alta em diferentes estados, os profissionais estão mais concentrados no Centro-Sul. Além da facilidade de acesso e da infraestrutura diferenciada, nessas regiões estão também os melhores salários.
Tanto nas capitais quanto no interior há mais incentivos para atração de profissionais. Porém, essa disparidade na concentração regional gera impactos significativos tanto na saúde financeira dos médicos como na Saúde Pública.
Assim, os profissionais da Medicina optam por trabalhar em cidades mais urbanizadas. Nesses locais, há mais infraestrutura, segurança, alternativas de lazer para eles e suas famílias.
Somado a isso, em regiões interioranas, os recursos de saúde costumam ser precários, o que dificulta a qualidade do atendimento. A escassez de equipamentos médicos para exames, insumos para análise laboratorial, por exemplo, influencia bastante a decisão da escolha pelo local de trabalho.
Independentemente do local, quem opta pela carreira médica enfrenta uma série de desafios significativos, que envolvem diferentes nuances. Nesse sentido, o profissional deve encontrar em seu caminho tanto dilemas éticos e técnicos como desafios comuns ao sistema de saúde.
Destacamos alguns dos dilemas mais comuns na rotina dos médicos. Confira!
Os médicos frequentemente enfrentam longas horas de trabalho, além de turnos extensos e em diferentes locais. Com isso, esses trabalhadores precisam lidar com uma carga emocional intensa.
Normalmente, além da carga horária excessiva, existem casos de pacientes graves, que também elevam os níveis de estresse. Tanto na rede pública quanto privada, a demanda por atendimentos de urgência e emergência é enorme. Esse fato torna a rotina médica cansativa e desgastante, pois precisam permanecer por longas horas nas instituições.
A responsabilidade de passar o dia tomando decisões que podem afetar diretamente a vida dos pacientes gera uma pressão enorme. Assim, o cotidiano da classe é dominado, muitas vezes, por condições de incerteza.
A cada vez mais, a Medicina está em constante evolução. O desenvolvimento de novas tecnologias centradas em pesquisas médicas traz inovações em procedimentos e tratamentos.
Manter-se atualizado exige um esforço contínuo para o profissional acompanhar as tendências da Medicina. Para se adaptar a essa realidade exigida pela competitividade crescente, muitos médicos estão conquistando mais de um título de especialista.
Apostar em empatia médica é essencial para estabelecer uma boa relação médico-paciente. Esse é um dos caminhos que levam à prática médica eficaz. Contudo, isso pode ser desafiador devido a diferenças culturais, bem como as expectativas dos pacientes quanto ao atendimento médico.
O risco de desenvolvimento de burnout entre médicos é um problema crescente. O excesso de trabalho e a constante preocupação, com pacientes e com a saúde financeira, levam ao cansaço físico e esgotamento mental.
Além do estresse crônico característico dessas circunstâncias, as demandas emocionais intensas também afetam o bem-estar geral da categoria. Logo, a saúde física e mental dos médicos tornou-se uma preocupação central para muitas instituições de saúde.
Um estudo realizado pela Afya Educação Médica — Panorama Saúde Financeira do Médico — trouxe importantes abordagens sobre o perfil do médico brasileiro, sobretudo quanto aos fatores determinantes do salário médico. Assim, vamos explicar as razões que mais influenciam a estabilidade financeira na Medicina.
Parte dessa influência está atrelada a estratégias eficientes para a Medicina, assim como no investimento em recursos básicos em hospitais, clínicas e consultórios. Porém, existem outras questões que devem ser consideradas. Veja quais são!
Nesse estudo, os médicos jovens são maioria, o que pode ser explicado por importantes razões, tais como a abertura de maior número de vagas. Outro fator relevante é o uso de ferramentas digitais entre esse público, o que fez com que participassem mais da pesquisa.
A distribuição geográfica dos médicos pesquisados se concentrou, principalmente, na região Sudeste: 48,6% dos respondentes. Destaca-se, ainda, que esse é o local onde também estão a maior parte dos médicos do Brasil.
As regiões Nordeste e Sul aparecem em seguida: 19,4% e 18,1%, respectivamente. Essa maior representatividade de médicos do Sudeste traz como destaque os seguintes estados:
Já nas regiões Norte e Centro-Oeste, também há o predomínio de médicos que residem nas capitais e regiões metropolitanas. A preferência pela moradia urbana se sobrepõe ao número de profissionais do interior dos estados.
Por outro lado, nas demais regiões do país, houve um equilíbrio na distribuição entre médicos participantes que residem nos municípios mais distantes. Tais dados revelam a centralização dos serviços médicos nas capitais, sobretudo em áreas de mais recursos em saúde.
Apesar de a maioria dos participantes ser composta por jovens, com menos de 30 anos, a metade dos médicos participantes se declara casada ou em união estável. Entre eles, somente 25% afirmaram que o cônjuge tem a mesma profissão.
Entre os pesquisados, um pequeno percentual é divorciado ou viúvo. Além disso, mais da metade dos médicos participantes da pesquisa ainda não têm filhos. Entre os que afirmam ter, a média é de dois filhos.
No Brasil, há um equilíbrio entre o número de médicos da classe masculina e feminina: o percentual de homens é de 52%, contra 48% de mulheres.
No entanto, há uma diferença no salário médico recebido conforme o gênero dos respondentes. Enquanto o médico recebe em média R$ 26.138, a médica recebe R$ 19.865, uma diferença de 24%.
Listamos alguns fatores essenciais na determinação dos salários dos médicos no Brasil. Confira!
Ainda que a base salarial varie conforme a especialidade, a distribuição de médicos por ano de formação segue a realidade nacional. Nota-se que houve um crescimento importante na formação de médicos nos últimos 10 anos, reflexo direto do aumento da abertura de cursos e de vagas de graduação em Medicina.
Ainda assim, médicos com mais de 10 anos de formados totalizaram 28,8% da amostra. Entre os respondentes com mais de 30 anos de formação somam 7,5% do total.
A pesquisa da Afya Educação Médica mostra que há um aumento mais significativo no salário médico durante os 5 primeiros anos de formação, seguido por um aumento menor entre o 6º e 20º anos e voltando a crescer após os 21 anos de formação e atuação médica.
A escolha da especialidade também determina o perfil salarial, sendo um dos principais parâmetros de influência da renda mensal para quase metade do público pesquisado. Entre os especialistas que têm, pelo menos, uma especialização concluída, as especialidades com maior salário médico – com valores médios a partir de R$ 25.000 – são:
Chama a atenção a quantidade de médicos em busca de uma segunda especialidade. Cerca de 30% dos médicos declararam já ter uma especialidade, mas estão cursando uma segunda. Alguns participantes, sobretudo os de mais idade, declararam já ter feito duas especialidades ao longo de sua carreira.
Em sua maioria, a segunda especialidade dessa parcela de médicos é a Clínica Médica. O total que escolheu essa área totaliza 20,3% das respostas. Vale frisar que essa especialidade é exigida para acesso em áreas como a Cardiologia e a Endocrinologia.
Esse é um importante fator de definição da saúde financeira dos médicos. Para saber qual o salário de um médico no país, o ideal é considerar os aspectos que influenciam a renda média da categoria.
Uma novidade no estudo da Afya Educação Médica foi a equiparação salarial conforme a qualificação profissional. Assim como acontece em outras áreas profissionais, o padrão exigido para melhorar a renda é diretamente proporcional ao nível de formação. Mesmo que existam outros critérios, o nível de qualificação é o mais relevante.
Segundo a pesquisa, as variações salariais e os valores da renda líquida mensal são maiores entre os médicos especialistas. O salário dos médicos especialistas é, em média, R$ 27.180 mensais, enquanto os médicos generalistas têm como base uma média de R$ 18.913.
Também é necessário considerar as variações significativas em relação ao local de residência dos médicos. Nas regiões Norte, Nordeste e Sul há uma predominância de médicos generalistas. No Sudeste, há um número maior de médicos especialistas.
Devido a vários motivos, existe uma maior quantidade de médicos generalistas no interior dos estados quando comparado a capitais e regiões metropolitanas. As oportunidades salariais são maiores nessas áreas, já que os especialistas conseguem se fixar nas cidades.
Contudo, o número de médicos especialistas é maior em quase todas as regiões administrativas do país. Faz-se exceção no Nordeste, onde a quantidade de especialistas e generalistas é praticamente a mesma.
Assim como em outros lugares do mundo, no Brasil, a Medicina ainda é uma profissão ambicionada por muitos jovens, que veem nessa carreira, oportunidades de ascensão social. Porém, com o aumento de profissionais no mercado, o salário médico está estagnado ou tem aumentado pouco nos últimos anos.
Entretanto, a classe médica tem um padrão financeiro estável, o que proporciona uma boa qualidade de vida para esses profissionais. Como uma das características da profissão é a necessidade de se manter atualizado, os médicos costumam viajar bastante para congressos, workshops e similares.
Existem muitas empresas que patrocinam viagens internacionais, o que facilita a participação nesses eventos. Alguns médicos também conseguem viajar por conta própria para estudar em outros países.
Pela pesquisa, 94,3% dos respondentes estavam empregados em Medicina no momento em que acessaram o estudo. Dos 3% que estão em situação de desemprego, em busca de atuação em Medicina, a divisão por formação é a seguinte:
A opção por fazer outra formação não é uma realidade entre grande parte dos médicos. Isso é mais comum entre os profissionais com mais de 40 anos de idade. Além disso, 82,2% dos médicos declararam não ter outra formação profissional além da carreira médica.
Destacamos outros fatores que também contribuem para compreender os motivos que interferem na saúde financeira dos médicos. Observe!
Na pesquisa, os respondentes apresentaram diferentes alternativas de locais e ambientes de trabalho. Confira:
Cerca de 64,1% trabalham em plantões médicos, o que representa um aumento significativo em comparação ao ano de 2022, segundo os dados do estudo da Demografia Médica. Em 2022, o total de médicos plantonistas era de 58,7%.
Entre os especialistas que atuam nos plantões, cerca de 67% deles estão buscando uma segunda especialização e tem mais de 10 anos de carreira. Alguns plantonistas são exclusivos, outros trabalham apenas temporariamente. Cerca de 80,2% dos plantonistas trabalham em até dois locais diferentes.
Entre os que afirmaram trabalhar como plantonista não-fixo, a quantidade de horas semanais foi, em média, de 33,9. Em contrapartida, entre os que trabalham como plantonista “fixo” a quantidade de horas dedicadas a essa atividade sobe para 41,5 horas por semana.
Quando se compara a quantidade de horas de acordo com o grau de formação, nota-se que os médicos generalistas pós-graduandos trabalham 44,1 horas por semana, enquanto os residentes trabalham 31,3 horas por semana.
Essa disparidade se deve ao fato de alguns generalistas ainda precisarem custear as despesas com financiamentos da graduação. Muitos deles, principalmente os mais jovens, têm menos de 30 anos de idade.
A variação depende de vários fatores, tais como local e nível de especialização:
Em vias gerais, o médico trabalha em média 51,2 horas por semana. Porém, em relação ao gênero, é possível observar diferenças. Na Medicina, a classe feminina trabalha, em média, 47,8 horas por semana, enquanto a masculina trabalha 54,7 horas semanais.
A maior parte dos profissionais da Medicina trabalha em mais de um local e têm diferentes vínculos de trabalho com cada empregador. Eles costumam receber de 1 a 2 modalidades de pagamento diferentes.
O vínculo de trabalho mais comum entre a classe médica é o de pessoa jurídica (médico PJ), apontado por 59,3% dos respondentes. Porém, houve um aumento na formação de cooperativas médicas nos últimos anos. Além disso, a contratação por CLT, que garante direitos trabalhistas ao médico, é realidade para 23,1% apenas.
A renda líquida mensal média dos médicos participantes do estudo da Afya Educação Médica foi de R$ 22.933,00. Em relação a 2022, houve um acréscimo de 18,6%, quando a renda média era em torno de R$ 19.340,00. Compare outros fatores que ajudam a entender o que mais interfere na saúde financeira dos médicos no país.
Conforme já mencionamos, a média salarial dos médicos especialistas é cerca de 30% superior em relação à dos médicos generalistas. Isso demonstra que o nível de formação reflete diretamente no salário médico.
Mas, além disto, dentre os especialistas, há algumas especialidades médicas com melhores remunerações. Entre as especialidades com maior renda líquida mensal destacam as seguintes:
Em relação à idade dos respondentes, existe uma progressão no valor do salário médio conforme o avançar da idade. Os valores vão de R$ 14.884,00, entre os médicos com menos de 25 anos, até R$ 32.058,00 entre os médicos com 56 a 65 anos.
Essa diferença salarial pode ser justificada pelo desenvolvimento profissional do médico ao longo da carreira. Quanto mais tempo de formação, mais capacitação profissional e experiência, critérios que influenciam nas oportunidades de emprego e melhor renda média.
Entre as regiões, os maiores salários ficam nos municípios mais longínquos da região Norte, com R$ 25.518,00 e Centro-Oeste, com R$ 24.975,00. Em localidades mais afastadas das grandes metrópoles há mais incentivos para os médicos que se dedicam ao serviço de saúde nesses lugares.
Interessante notar os valores salariais conforme a região do estado de moradia do médico avaliado. Em relação a essa variável, a maior diferença foi na região Centro-Oeste.
Já a renda líquida mensal do médico que reside nas capitais e regiões metropolitanas é de R$ 21.988,00, no interior de alguns estados pode atingir cerca de R$ 30.106,00.
Já no Sudeste, não há tanta diferença: são R$ 22.643,00 nas capitais e regiões metropolitanas, contra R$ 21.737,00 no interior dos estados. Os demais estados seguem o mesmo patamar, exceto para algumas cidades do interior da região Sul, que pagam melhores salários.
Cuidar da saúde financeira é um dos maiores desafios para a gestão médica. Nos primeiros cinco anos após a formação, os médicos em pós-graduação apresentam o maior salário médio, com R$ 21.073,00. Aqueles profissionais que ainda estão se especializando registram a menor renda média: R$ 16.563,00.
Apesar de ainda estarem no início da carreira, os médicos especialistas conseguem superar os médicos generalistas, sem especialização, antes de completarem 10 anos de formação. Nesse período, a partir do décimo ano de formação ocorre uma estagnação na renda dos médicos generalistas, pois eles atingem um patamar salarial máximo em suas carreiras.
Enquanto isso, os médicos que concluíram seus estudos de especialização — tanto por Residência Médica quanto por pós-graduação — traçam uma projeção de elevação da renda líquida mensal. Para esta categoria, os salários são melhores.
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Por fim, vale destacar a relevância da qualificação profissional como determinante do salário médico. Além de obter melhor estabilidade financeira, a evolução na carreira médica é crucial para o bem-estar físico e mental dessa categoria.
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