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6.3.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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Todos os anos o Brasil enfrenta surtos de dengue, uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que vem se mostrando uma ameaça crescente. Dados indicam um aumento nas taxas de infecção, apesar das medidas públicas sendo implementadas para conter a propagação, de modo que a urgência de uma solução efetiva permanece.
O país enfrenta, atualmente, uma crise alarmante da doença, registrando mais de 360 mil casos (prováveis e confirmados) e 40 mortes confirmadas nas primeiras cinco semanas de 2024. Esses números representam um aumento impressionante de 291% em relação ao mesmo período de 2023. Diante desse cenário crítico, a vacina da dengue emerge como uma nova esperança na prevenção da doença.
Neste artigo, vamos explorar detalhadamente essa vacina inovadora, desde sua criação até a sua distribuição estratégica para conter a propagação dessa doença preocupante. Boa leitura!
A primeira incursão brasileira no cenário das vacinas contra a dengue ocorreu com a aprovação da Dengvaxia®, desenvolvida pela Sanofi Pasteur e autorizada pela Anvisa em 2015. Essa vacina inovadora foi, inicialmente, disponibilizada apenas em clínicas particulares, limitando-se a pessoas de 9 a 45 anos que já haviam contraído a doença.
Em março de 2023, a Anvisa aprovou a Qdenga®, uma segunda opção de imunização contra a dengue, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina estava disponível apenas em clínicas particulares até janeiro de 2024, quando seu alcance foi ampliado ao ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa inclusão possibilitou que a Qdenga® se tornasse parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), ampliando sua disponibilidade no sistema público a partir de fevereiro de 2024. Embora continue acessível na rede privada, a farmacêutica responsável emitiu comunicado priorizando o atendimento às demandas do Ministério da Saúde, restringindo o fornecimento na rede privada.
Ambas as vacinas abrangem os sorotipos 1, 2, 3 e 4 do vírus da dengue. Entretanto, enquanto a Dengvaxia® é destinada exclusivamente a indivíduos que já tiveram contato prévio com o vírus da dengue, enquanto a Qdenga® é aplicável tanto àqueles que nunca foram infectados quanto àqueles que já superaram a doença.
A vacina Qdenga® adota uma abordagem inovadora para gerar uma resposta imunológica eficaz contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Utilizando o vírus vivo atenuado, a vacina busca proporcionar uma defesa sólida e duradoura contra a doença.
O esquema de aplicação consiste em duas doses, administradas com um intervalo de três meses entre elas. Essa programação visa otimizar a resposta imunológica, assegurando uma preparação eficaz do sistema de defesa do corpo contra os diferentes sorotipos do vírus.
Ao ser inoculado no organismo, o vírus atenuado presente na vacina prepara o sistema imunológico para reconhecer, combater e memorizar os componentes do vírus da dengue, gerando uma resposta imune específica para cada sorotipo.
A eficácia comprovada da vacina Qdenga® destaca-se nos estudos realizados, demonstrando taxas de proteção significativas contra os sorotipos específicos da dengue. A aplicação da vacina não apenas reduz a incidência da doença, mas também atenua a gravidade dos sintomas em casos de infecção, sendo uma ferramenta valiosa na proteção da população.
A vacina é segura para a faixa etária de 4 até 60 anos. Tanto quem já teve a doença quanto quem nunca foi infectado podem ser vacinados. No entanto, é importante destacar que certos grupos devem ser cautelosos ao considerar a vacinação. A vacina é contraindicada para:
Um ponto de atenção é a não autorização da vacinação em idosos, uma decisão respaldada pela falta de estudos suficientes sobre a segurança e eficácia da vacina nesse grupo específico. Apesar de os idosos serem vulneráveis à dengue, essa restrição reflete a necessidade de evidências mais robustas para assegurar que a vacinação seja segura e benéfica para essa parcela da população.
Em fevereiro de 2024, o SUS iniciou a vacinação gratuita contra a dengue, priorizando crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos em regiões prioritárias. A escolha dessa faixa etária foi embasada em considerações epidemiológicas e demográficas.
Estatísticas revelam que esse grupo etário, especialmente os adolescentes, tende a ter maior exposição ao ambiente externo, incluindo áreas suscetíveis à proliferação do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Além disso, a faixa etária selecionada visa abranger uma população que muitas vezes apresenta uma resposta imunológica robusta, maximizando a eficácia da vacina.
A distribuição no território nacional seguirá uma abordagem focalizada, direcionando os recursos para regiões prioritárias com altos índices de hospitalização pela doença. Essa estratégia visa otimizar o impacto da vacinação, protegendo áreas mais vulneráveis e contribuindo para a redução significativa dos casos. A previsão é disponibilizar cerca de 6,2 milhões de doses ao longo do ano.
A vacina da dengue demonstrou segurança significativa ao longo dos ensaios clínicos, sendo bem tolerada pela maioria dos indivíduos. No entanto, é essencial fornecer uma visão mais detalhada sobre os efeitos adversos mais comuns, garantindo uma compreensão abrangente e transparente para o público.
Durante os ensaios clínicos, foram observadas reações leves e temporárias, que geralmente ocorrem nos dois primeiros dias após a aplicação da vacina. Os efeitos adversos mais comuns incluem:
É importante destacar que a vacina se mostrou segura nos estudos clínicos, mas é fundamental que os profissionais de saúde forneçam informações claras sobre esses efeitos adversos potenciais, garantindo a confiança da população na vacinação. Essa comunicação transparente é essencial para construir e manter a confiança da população na vacinação contra a dengue.
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A vacina da dengue representa um avanço significativo na proteção da população contra essa doença grave. Com sua incorporação no SUS e a estratégia de vacinação focada, o Brasil está dando um passo importante para controlar a disseminação da doença e fortalecer sua resposta à saúde pública.
Cada dose administrada é um investimento no bem-estar da população e na redução do impacto da dengue no país. A vigilância contínua e a comunicação transparente são essenciais para garantir o sucesso da campanha de vacinação e controle do surto de dengue.
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