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26.3.2019
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Equipe Afya Educação Médica
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Todos os dias surgem novas tecnologias que agregam mais eficiência e precisão à área médica. Uma das mais recentes é a telemedicina que, na verdade, reúne diversas ferramentas para facilitar o atendimento e a troca de informações entre médicos e instituições de saúde de qualquer lugar.Por isso mesmo, ela já está sendo usada em todo o mundo. No entanto, por mais vantajosa que possa parecer à primeira vista, o assunto tem sido polêmico.
No Brasil, a telemedicina tem gerado ampla discussão, inclusive, com a intervenção do Conselho Federal de Medicina (CFM).Mas, então, porque essas tecnologias são tão polêmicas? É sobre isso que trataremos neste post. Continue a leitura e entenda!
Antes de falarmos sobre as controvérsias, é bom explicarmos exatamente do que se trata. A telemedicina se refere a um conjunto de tecnologias da comunicação e da informação, que possibilitam a interação e a troca de dados entre os médicos. Assim, inclui desde aparelhos de vídeo e teleconferência até complexos softwares de inteligência artificial.
Da mesma forma, também pode ser entendida como a prática médica à distância, independentemente do meio utilizado para essa comunicação. Ou seja, não é algo tão novo, uma vez que esse tipo de atendimento já é realizado desde os anos 1950. Porém, ganhou maior projeção e aplicação com a utilização de tablets, smartphones e, principalmente, da inteligência artificial, tornando-se mais rápida com a evolução da internet.
A principal vantagem da telemedicina é reduzir distâncias. Os pacientes podem ter acesso a médicos especialistas de referência em diversas doenças, mesmo longe dos grandes centros urbanos. Assim, podem receber um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais adequado ao problema de saúde. Já para os hospitais e clínicas, a tecnologia pode representar uma redução de custos no acesso a profissionais mais capacitados.
Um especialista pode atender a mais instituições, sem precisar se deslocar para todas elas. Desta forma, os recursos podem ser alocados para outras áreas e funções. Os médicos e profissionais de saúde, além de ampliarem suas possibilidades de atendimento, podem participar de cursos, palestras e outros eventos em qualquer lugar do mundo. Também têm a possibilidade de trocar experiências e discutir casos com outros colegas, independentemente da localização deles, melhorando a tomada de decisões nos diagnósticos e tratamentos.
Portanto, a telemedicina promete derrubar muitas barreiras que impedem o desenvolvimento profissional dos médicos e, principalmente, o acesso da população a um atendimento mais qualificado. Já existem diversas tecnologias que viabilizem a telemedicina, mas o assunto continua sendo controverso, esbarrando em questões éticas e de humanização da saúde.
A telemedicina já está sendo discutida há muito tempo. Nos últimos dois anos, o CFM tem feito consultas sobre o assunto. No entanto, o que gerou a polêmica mais recente foi a Resolução CFM nº 2.227/2018. Quem é contra o a medida, defende que o uso da tecnologia à distância prejudica a relação médico-paciente, fundamental para um tratamento adequado.
Da mesma forma, a prática pode incentivar o barateamento e a precarização dos serviços e dos planos de saúde e, consequentemente, levando à queda na qualidade do atendimento. Já quem é a favor, argumenta que a maioria das tecnologias já é utilizada no dia a dia dos médicos. É o caso de recomendações e dúvidas tiradas pelo telefone ou por mensagem de texto. A diferença é que agora existe um regulamento para isso.
No dia 05 de fevereiro de 2019, o CFM apresentou uma nota em que explica a resolução que normatiza a telemedicina. Segundo o órgão, o contato remoto poderia ser usado em situações em que o paciente já tenha sido atendido presencialmente pelo mesmo profissional, ou ainda, em áreas distantes, quando não é possível ou viável. Em ambos os casos, é preciso que haja a concordância do médico e do paciente.
No entanto, depois de se posicionar favoravelmente, no fim do mesmo mês, o CFM revogou a decisão. A justificativa foi o zelo pela ética na prática de medicina e pela manutenção da reputação da profissão e da própria instituição. O conselho levou em conta as diversas contrapropostas enviadas após a proposição da resolução. Muitas entidades e sociedades médicas também enviaram sugestões de alteração. Assim, a Resolução CFM nº 2.227/2018 foi revogada.
A Resolução CFM nº 1.643/2002 voltou a vigorar, até que seja discutida e aprovada uma nova regra. Para tanto, o CFM abriu uma consulta aos médicos de todo o Brasil, que podem enviar suas contribuições até o dia 7 de abril de 2019. Depois dessa data, um novo texto vai ser proposto e votado pelo conselho efetivo da instituição. O fato é que o assunto ainda deve gerar muitas discussões. O próprio entendimento dos limites da telemedicina continua vago, tendo em vista que a tecnologia evolui bem mais rápido que a legislação que a regulamenta.
Por isso, é importante ficar de olho e acompanhar todas as mudanças bem de perto. Agora queremos saber de você! O que acha da telemedicina? Como ela deveria ser usada pelos médicos no dia a dia? Deixe sua resposta nos comentários!