Remédio para emagrecer: conheça mais uma opção que chega ao mercado brasileiro

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O medicamento Mounjaro, a princípio, criado para tratar o Diabetes Tipo 2, tem efeito superior ao Ozempic e pode contribuir, ainda, para a perda de peso. A propósito, a epidemia de obesidade no Brasil é uma realidade e tem levado ao crescimento da procura por remédio para emagrecer.

Segundo o Atlas Mundial de Obesidade 2022, a estimativa para 2030 é a de que o Brasil deverá ter cerca de 30% de pessoas adultas obesas. Em relação ao mundo, é de que o número de pessoas adultas obesas alcance a marca de 1 bilhão. Esse contexto é um alerta para a necessidade de medicamentos mais eficazes para o controle de doenças relacionadas à obesidade.

Neste artigo, abordaremos as diferenças entre esses medicamentos, mostrando as especificidades do Mounjaro. Também apresentaremos seus efeitos no organismo e cuidados que devem ser observados para a sua prescrição. Boa leitura!

O medicamento Mounjaro

O Mounjaro, de aplicação injetável, cujo princípio ativo é a tirzepatida, já estava liberado nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil (farmacêutica Eli Lilly), o medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 25/09/2023, como um novo tratamento para o Diabetes Tipo 2.

A tirzepatida é indicada apenas para tratar diabetes, mas ela também passa por avaliações para uma possível utilização como terapia contra obesidade, esteatose hepática, apneia do sono, insuficiência cardíaca e doença renal crônica.

Ação do medicamento no organismo

O Mounjaro é considerado a primeira molécula que utiliza um novo mecanismo de ação e age sobre hormônios excretados no processo de digestão de alimentos. Isso porque ele ativa receptores de células relacionadas aos hormônios ligados ao sistema digestivo, como o GIP (polipeptídeo insulinotrópico), que é dependente de glicose e o GLP-1, outro peptídeo 1 parecido com o glucagon.

Ao potencializar a liberação de insulina após as refeições, o medicamento facilita o controle da glicemia. Além disso, os receptores de GIP e GLP-1 também surgem em células do cérebro, responsáveis por controlar o apetite. Dessa forma, ele ajuda a regular a ingestão de alimentos, podendo levar à perda de peso.

Os receptores ativados interferem em diversos processos orgânicos, como a liberação de insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas, responsável por retirar o açúcar da circulação sanguínea e colocá-lo nas células, para servir como fonte de energia.

As diferenças entre os medicamentos Mounjaro e Ozempic

Para buscar obter o aval das agências regulatórias, a Eli Lilly procedeu a dez estudos clínicos, envolvendo mais de 19 mil pacientes de diversas partes do mundo, incluindo o Brasil.

Um dos testes, conhecido como Surpass-2, analisou 1,9 mil pacientes adultos com diabetes tipo 2, comparando o Mounjaro (em diversas dosagens) com o Ozempic (semaglutida a 1 mg).

Tais estudos permitiram observar as diferenças entre os medicamentos Mounjaro e Ozempic, conforme comentamos a seguir.

Ação do medicamento

O Ozempic, que apresenta como princípio ativo a semaglutida, também é utilizado para o tratamento de diabetes e apresenta uma ação semelhante. A grande diferença é que ele atua apenas sobre um dos hormônios citados, o GLP-1. Nesse sentido, a atuação do Mounjaro é superior.

Eficácia

Os resultados dos testes foram apresentados em 2022, no Congresso da Associação Americana de Diabetes (EUA). A conclusão apontou que, entre os voluntários que tomaram 15 mg do Mounjaro, 51% atingiram uma hemoglobina glicada (HbA1c) inferior a 5,7%, um dos indicativos para o diagnóstico de pré-diabetes ou diabetes.

Essa mesma meta foi obtida por 20% dos participantes que usaram o Ozempic. Dessa forma, ao conseguir que metade dos voluntários apresentassem uma HbA1c menor que 5,7%, o Mounjaro possibilitou que eles alcançassem níveis observados em pessoas que não apresentam a doença.

Esse aspecto faz do Mounjaro um medicamento mais potente que contamos até o momento para tratar o diabetes tipo 2. Ainda, os mesmos estudos revelaram que 92% dos voluntários tratados com o Mounjaro de 15 mg ficaram com uma HbA1c abaixo de 7%, nível indicado pelas diretrizes médicas para um ideal controle do diabetes.

Tempo de tratamento

A agilidade obtida no ajuste dos índices glicêmicos também chamou a atenção de especialistas, pois o grupo que tomou o Mounjaro apresentou uma HbA1c abaixo de 7% após o período de oito semanas de tratamento, quatro semanas antes dos voluntários que receberam o Ozempic.

Perda de peso

Em relação à perda de peso, o estudo Surpass-2, apontou que os pacientes que tomaram a tirzepatida perderam 12,4 quilos, em média. Isso equivale ao dobro do observado com a administração da semaglutida.

Outro estudo apresentado na conferência da Associação Americana de Diabetes, em 2022, indicou que os voluntários que tomaram tirzepatida e não apresentavam diabetes perderam até 22,5% de peso corporal após 72 semanas. Para especialistas, esta é uma redução expressiva de peso e quase tão eficiente quanto a cirurgia bariátrica.

Efeitos colaterais

Nos estudos clínicos que já comentamos, os efeitos colaterais foram considerados moderados e leves, similares aos observados em outros fármacos já disponíveis.

Os cuidados que devem ser observados na prescrição do Mounjaro

A descoberta de novas opções para tratar o diabetes permite um tratamento cada vez mais personalizado. Com isso, é possível garantir que cada paciente receba o melhor remédio conforme as próprias características e necessidades.

Contudo, o médico precisa saber sobre a ação do medicamento e as contraindicações, para orientar seus pacientes. Nesse sentido, é importante observar que a medicação só proporcionará resultados eficazes se usada no paciente certo, para o qual a substância foi avaliada.

Sintomas na fase inicial do tratamento

Os sintomas que podem ocorrer na fase inicial do tratamento incluem náuseas, aumento de refluxo para quem já tem, vômitos e diarreia. Por esse motivo, o acompanhamento médico é imperativo, assim como o aumento progressivo da dosagem.

Para quem não é indicado

O Mounjaro não é indicado para as pessoas que se encontram com o peso ideal, mas desejam perder alguns quilos, sem apresentar comorbidades como o pré-diabetes ou diabetes.

Ele também não deve ser prescrito para pessoas que tenham histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide, tipo raro de tumor maligno na tireoide. Aqui se incluem pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 2, síndrome genética que apresenta tumores envolvendo algumas glândulas endócrinas.

Além disso, é fundamental orientar aqueles pacientes que se automedicam, para o risco de intoxicação, mascaramento de sintomas, doenças graves, dependência medicamentosa e interações prejudiciais.


Acompanhe as novidades!

Como vimos, a epidemia de obesidade no Brasil cresce a cada ano, assim como ocorre em outras partes do mundo. Estudos comparativos demonstraram que o medicamento Mounjaro, criado para tratar o diabetes tipo 2, tem efeito superior ao Ozempic, podendo contribuir também para a perda de peso.

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