Entenda a relação entre anticoncepcionais e câncer de mama

May 07, 2025 . 6 minutos de leitura
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Os anticoncepcionais realmente aumentam o risco de câncer de mama? Entenda esta relação de acordo com estudos sobre o tema!

Há alguns anos, a relação entre anticoncepcionais e câncer de mama tem sido alvo de discussão não só na comunidade científica, mas também na sociedade, já que muitas mulheres buscam entender melhor os benefícios e riscos envolvidos no uso desses métodos contraceptivos.

A compreensão desse tema, sobretudo por médicos da área de Ginecologia, é fundamental para uma melhor orientação das pacientes, permitindo que elas previnam a gravidez de forma segura.

Hoje, vamos abordar se os anticoncepcionais podem causar câncer de mama. Confira!

Como os anticoncepcionais surgiram?

Os anticoncepcionais têm uma longa história de desenvolvimento, com os primeiros métodos contraceptivos conhecidos surgindo na Antiguidade. No entanto, foi apenas no século XX que houve avanços significativos, com o lançamento da pílula anticoncepcional em 1960, que revolucionou o controle da natalidade.

A pílula foi inicialmente desenvolvida por Carl Djerassi, Gregory Pincus e John Rock, e rapidamente se tornou um marco na medicina, oferecendo uma solução prática e eficaz para o planejamento familiar.

Desde então, os anticoncepcionais passaram por constantes aprimoramentos, com novas opções criadas, como os implantes hormonais, dispositivos intrauterinos (DIUs) e contraceptivos de longa duração, proporcionando maior segurança e conveniência para as mulheres.

Hoje, eles são amplamente usados pelo público feminino em diversas faixas etárias e em diferentes estágios da vida reprodutiva. De acordo com uma pesquisa da Organon, 52% das mulheres brasileiras usam algum tipo de contracepção. A pílula é usada por 58% delas, seguida do preservativo com uma porcentagem de 43% e do DIU de cobre com 8%.

Embora a principal função dos anticoncepcionais seja prevenir a gravidez, também podem ser indicados para o tratamento de algumas condições de saúde.

Quais são os principais tipos de anticoncepcionais disponíveis no mercado?

Com a evolução da Medicina Reprodutiva, foram desenvolvidas novas soluções contraceptivas que atendem às diferentes necessidades e perfis das pacientes. Acompanhe, a seguir, quais são as principais disponíveis no mercado.

Hormonais

Os métodos hormonais são protagonistas na contracepção moderna, oferecendo ampla gama de alternativas que permitem uma escolha individualizada e adaptada ao perfil clínico e genético de cada mulher.

Pílulas combinadas, minipílulas, injetáveis, adesivos, anel vaginal, implantes e DIU hormonal compõem esse grupo. Ademais, podem ser prescritos para o controle de distúrbios menstruais, melhora de quadros de acne e alívio da endometriose.

Como funcionam

Os anticoncepcionais hormonais funcionam por meio da administração de hormônios sintéticos, como estrogênio e progestagênio, ou apenas progestagênio, que interferem no ciclo menstrual natural da mulher.

Esses hormônios inibem a ovulação, impedindo que o ovário libere um óvulo durante o ciclo. Além disso, provocam o espessamento do muco cervical, a fim de dificultar a passagem dos espermatozoides, e modificam o endométrio, tornando-o inadequado para a implantação de um embrião.

Prós e contras

Entre os principais benefícios dos métodos hormonais, destacam-se a alta eficácia contraceptiva, regularização do ciclo menstrual, redução do fluxo e das cólicas menstruais, e o uso terapêutico em condições como síndrome dos ovários policísticos, endometriose e acne.

No entanto, os contras também merecem atenção, como o risco aumentado de eventos tromboembólicos em usuárias de métodos combinados, especialmente em fumantes e mulheres acima de 35 anos.

Outro fator negativo é a possibilidade de desencadear efeitos colaterais, como cefaleias, alterações de humor, náuseas e sangramentos irregulares. Há, ainda, a necessidade de uso contínuo e correto, que impacta a adesão.

Anticoncepcionais não hormonais

Voltados para pacientes que não desejam ou não podem utilizar hormônios, os anticoncepcionais não hormonais, como DIU de cobre e preservativos, apresentam boa eficácia e, em alguns casos, proteção adicional contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Como funcionam

Os métodos não hormonais agem a partir de mecanismos físicos ou químicos que evitam a fecundação sem interferir no eixo hormonal da paciente.

Em se tratando do DIU de cobre, por exemplo, ocorre a liberação de íons que geram uma reação inflamatória local tóxica aos espermatozoides, dificultando sua mobilidade e viabilidade, com eficácia prolongada de até 10 anos.

Já os preservativos masculinos e femininos funcionam como barreira mecânica que bloqueia o contato entre esperma e muco cervical.

Prós e contras

Nesse tipo de contracepção, as mulheres podem evitar os efeitos dos hormônios e preservar o seu ciclo natural. Em específico, os preservativos impedem a troca de fluidos durante as relações sexuais e, consequentemente, a transmissão de ISTs.

Por outro lado, essas abordagens apresentam limitações, como aumento do sangramento e das cólicas com o DIU, ou menor eficácia dos métodos de barreira.

Qual a relação entre anticoncepcionais e câncer de mama?

Muitas mulheres têm receio de usar anticoncepcionais hormonais devido à preocupação com um risco maior de desenvolvimento de tumores nas mamas. Esse tema é amplamente debatido e estudado há décadas na comunidade científica, gerando uma literatura robusta, porém ainda marcada por controvérsias.

Diversos estudos apontam uma associação modesta e temporária entre a administração de hormônios e o risco aumentado da doença, principalmente durante o uso atual ou recente, mas apontam que esse risco tende a diminuir com o tempo após a suspensão do método.

O que diz a FEBRASGO?

Em 2023, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), publicou uma nota se posicionando publicamente a respeito de uma pesquisa veiculada na revista PLOS Medicine, que observou um discreto aumento no risco de câncer de mama entre usuárias de contraceptivos hormonais, inclusive aqueles compostos apenas por progestagênios.

A federação esclareceu que esse aumento é proporcional à idade da usuária. Portanto, ele é menor em mulheres mais jovens e mais expressivo nas pacientes que usam a contracepção hormonal após os 35 anos.

Ainda assim, a FEBRASGO ressalta que os riscos absolutos são baixos e devem ser cuidadosamente ponderados frente aos benefícios já estabelecidos do método, como redução da ocorrência de câncer de ovário, endométrio e cólon.

Nesse sentido, é importante que mulheres entre 50 a 69 anos façam um acompanhamento médico com a realização de mamografia uma vez a cada 2 anos, o que permite rastrear eventuais sinais da doença, identificá-la precocemente, tendo maiores chances de cura.

Diante das evidências disponíveis e do posicionamento de instituições confiáveis, fica claro que a relação entre anticoncepcionais e câncer de mama requer atenção, mas não deve ser analisada de forma isolada ou alarmista.

Cabe ao médico oferecer informações claras e individualizadas, para que a decisão sobre o uso contraceptivo seja sempre consciente, segura e respeitosa com a autonomia da mulher.

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