Quer contribuir para a saúde e preservação da vidas das gestantes? Entenda a taxa de mortalidade materna no Brasil e como combatê-la!
A mortalidade materna no Brasil é uma questão preocupante, refletindo a complexidade dos desafios enfrentados na atenção à saúde da mulher. Diversos fatores estão relacionados à sua ocorrência, incluindo desde condições clínicas preexistentes até deficiências na articulação entre os níveis da rede de cuidado.
Nesse sentido, é fundamental que órgãos governamentais, gestores de saúde e a própria comunidade médica adotem ações coordenadas, com foco em políticas públicas eficazes, educação contínua e estratégias integradas de prevenção. Neste post, vamos abordar como reduzir a taxa de mortalidade entre gestantes. Confira!
Qual é a taxa de mortalidade materna no Brasil?
A taxa de mortalidade materna corresponde ao número de óbitos de mulheres durante a gestação, parto ou até 42 dias após o nascimento do bebê, por causas relacionadas à gravidez ou ao seu manejo.
De acordo com um levantamento da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), mais de oito mil mulheres morrem por ano em decorrência de problemas na gravidez na América Latina e na região do Caribe.
No Brasil, dados do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr) indicam que o país enfrenta um cenário crítico em relação à morte de gestantes, com uma razão estimada de 107,53 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos em 2021.
Esse número revela um distanciamento significativo da meta estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que propõe reduzir esse índice para, no máximo, 30 mortes a cada 100 mil nascimentos até 2030.
Qual a importância de diminuí-la?
A redução da mortalidade materna deve ser compreendida não apenas como uma meta de saúde pública, mas como um imperativo ético e clínico que evidencia a qualidade da atenção prestada às mulheres em todas as fases do ciclo gravídico-puerperal.
A magnitude desse indicador é influenciada pela efetividade das intervenções clínicas, o funcionamento das redes assistenciais e à capacidade de resposta do sistema diante de agravos obstétricos agudos.
Além disso, mostra desigualdades sociais profundas, que comprometem o acesso oportuno e resolutivo aos serviços de saúde. Para os médicos, especialmente aqueles envolvidos com a atenção pré-natal, perinatal e de emergência, compreender as causas do problema e atuar de forma preventiva, integrada e baseada em evidências é essencial para evitar desfechos fatais evitáveis.
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Quais fatores contribuem para o aumento da taxa de mortalidade materna?
Estar a par das causas que influenciam no aumento da taxa de mortalidade das gestantes é imprescindível para orientar intervenções eficazes e aprimorar a assistência à saúde feminina ao longo do ciclo gestacional. Acompanhe, abaixo, quais fatores contribuem para esse cenário.
Doenças hipertensivas da gestação
As síndromes hipertensivas continuam sendo uma das principais causas diretas de mortalidade na gravidez no Brasil, com destaque para a pré-eclâmpsia e suas formas graves.
Apesar de conhecidas e amplamente estudadas, essas condições ainda desafiam a prática clínica, uma vez que costumam evoluir rapidamente e são silenciosas. O reconhecimento rápido, o controle rigoroso da pressão arterial e o monitoramento constante da função hepática, renal e da coagulação são medidas cruciais.
Hemorragias obstétricas
As hemorragias, em especial no período pós-parto, representam emergências obstétricas de alta letalidade quando abordadas com agilidade e precisão. Muitas vezes, a gravidade do quadro se instala em minutos, exigindo que a equipe esteja treinada, com protocolos definidos e insumos prontos para uso imediato.
A abordagem deve ir além da identificação da causa, como atonia uterina, lacerações e retenção placentária, passando pela reposição volêmica adequada, uso racional de uterotônicos e encaminhamento para suporte cirúrgico.
Infecções puerperais
Infecções no período pós-parto também podem ser fatais. Geralmente, elas surgem a partir de pequenas brechas no cuidado, como um ambiente não esterilizado, falhas na técnica ou atraso na identificação de sinais de sepse.
A febre puerperal, dor pélvica, secreção fétida e sintomas sistêmicos não podem ser negligenciados. Nesses casos, a conduta médica inclui o uso precoce de antibióticos de amplo espectro, exames complementares e, em situações mais graves, internação para suporte clínico intensivo.
Abortos inseguros
Apesar das restrições legais, o aborto inseguro é um dos fatores mais recorrentes de morte materna, afetando em maior número mulheres jovens e em situação de vulnerabilidade social.
Diante dessa realidade, os profissionais de saúde devem se preparar para acolher sem julgamentos e manejar complicações como infecções, hemorragias ou perfurações uterinas com prontidão e empatia.
Doenças crônicas mal controladas
Algumas condições crônicas como hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias e doenças autoimunes tornam-se ainda mais desafiadoras quando associadas à gestação, exigindo uma abordagem multidisciplinar desde o pré-natal.
Durante a gestação, essas doenças elevam o risco de complicações maternas e fetais, podendo levar a quadros de pré-eclâmpsia, restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro e óbito.
Como reduzir a mortalidade materna?
Reduzir a mortalidade entre gestantes é um desafio que demanda o empenho de diferentes áreas da saúde. É necessário ter um olhar atento para os pontos críticos da jornada da mulher ao longo da gestação, parto e puerpério. Veja, a seguir, quais ações são indispensáveis para combater essa questão.
Garantia de acesso ao pré-natal qualificado e contínuo
O acompanhamento pré-natal é a principal oportunidade para identificar riscos, manejar condições pré-existentes e orientar a gestante de forma integral.
Quando realizado de maneira qualificada, com início precoce e seguimento contínuo, o pré-natal permite antecipar e diminuir o risco de complicações.
Em cada consulta, é fundamental que os médicos pratiquem uma escuta ativa, façam uma avaliação clínica criteriosa, observando detalhes que vão além dos exames de rotina.
Capacitação permanente das equipes de saúde
Devido à imprevisibilidade de muitos quadros obstétricos, a atualização constante das equipes de saúde é substancial. Capacitações regulares em manejo de emergências, uso de protocolos e simulações práticas fortalecem a resposta clínica diante de situações críticas.
Implantação de protocolos clínicos baseados em evidências
A padronização de conduta médico por meio de protocolos embasados em evidências garante mais segurança, agilidade e assertividade no cuidado.
Frente a condições graves como hemorragias, hipertensão e infecções, seguir linhas de cuidado bem definidas evita decisões tardias ou equivocadas. Ademais, facilita a comunicação entre os profissionais, sobretudo em atendimentos multiprofissionais e intersetoriais.
Integração eficiente entre os níveis de atenção
Estabelecer uma comunicação eficiente entre atenção primária, média e alta complexidade é determinante para a assistência contínua e oportuna das pacientes grávidas. Se ocorrem falhas nessa integração, atrasos no diagnóstico e no acesso ao atendimento especializado tornam-se frequentes.
O médico, inserido em qualquer ponto da rede, precisa atuar de maneira coordenada, com clareza nos fluxos de referência e contrarreferência, contribuindo para que as gestantes transitem com segurança pelo sistema.
Monitoramento e análise sistemática de óbitos maternos
Investigar cada óbito materno oferece uma oportunidade de aprendizado institucional e profissional. A análise das causas, contextos e fatores evitáveis permite ajustar rotinas, rever condutas e implementar melhorias.
Levando isso em consideração, a participação ativa do corpo clínico nas comissões de mortalidade não é apenas um dever ético, mas um compromisso com a melhoria contínua da assistência.
A atuação médica no decorrer do ciclo gravídico-puerperal tem um papel decisivo diante do cenário da mortalidade materna no Brasil, que ainda desafia a prática clínica com desfechos evitáveis. Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para transformar cada atendimento em uma chance concreta de preservar vidas.
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