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7.11.2023
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O equilíbrio da flora ou microbiota intestinal é imprescindível para manter a saúde digestiva e do sistema imunológico. Algumas doenças intestinais, como infecção por Clostridium difficile, que é resistente a antibióticos, intestino irritável e colite ulcerativa, afetam o funcionamento desse ecossistema de microrganismos, sendo necessário realizar um transplante de fezes, que recupera as suas funções.
A flora intestinal ajuda na digestão de fibras e na produção de vitaminas essenciais, regula o sistema imunológico, protege o organismo contra patógenos e influencia no equilíbrio intestinal, humor e metabolismo. Quando desequilibrada, podem ocorrer problemas digestivos, aumento de riscos de infecções, inflamação crônica e comprometimento da imunidade do indivíduo.
Ainda recente na Medicina, o transplante de fezes pode ser uma alternativa para quando as outras opções terapêuticas falham no tratamento de doenças intestinais. Quer saber mais sobre essa novidade? Neste post, abordaremos tudo o que você precisa saber sobre o procedimento. Confira!
O FMT (Fecal Microbiota Transplantation), ou transplante de fezes, consiste em um procedimento médico no qual as fezes de um doador saudável são transplantadas para o intestino de um receptor que necessita restaurar ou melhorar a composição da sua flora intestinal.
Embora a ideia de usar fezes de doadores para tratar distúrbios intestinais possa ter existido por séculos em algumas culturas, a técnica moderna de transplante fecal como a conhecemos hoje começou a ser desenvolvida no início do século XXI.
Um dos principais nomes relacionados ao desenvolvimento do FMT é o do médico australiano, Thomas Borody, que realizou os primeiros procedimentos em 1988 e continuou pesquisando e aprimorando a técnica ao longo dos anos.
Contudo, foi apenas nos anos 2000 que esse transplante ganhou notoriedade, o que se deve ao aumento da preocupação com infecções por Clostridium difficile, que oferece resistência ao tratamento com uso de antibióticos.
A realização do transplante de fezes é uma opção para tratar condições médicas em que a flora intestinal, comunidade de microrganismos no trato gastrointestinal, está desequilibrada ou comprometida.
O objetivo do procedimento é restaurar ou melhorar a composição da microbiota intestinal do paciente e, consequentemente, recuperar a saúde do seu intestino, devolvendo a qualidade de vida ao paciente.
Para efetuar o transplante fecal, é necessário seguir um conjunto de protocolos. Tudo começa com a coleta de fezes de um doador que esteja saudável. Posteriormente, elas são transferidas para o intestino do receptor.
As fezes do doador são processadas e preparadas, geralmente misturadas com uma solução salina, para criar um material fecal líquido ou uma suspensão. Em seguida, essa preparação é introduzida no intestino do receptor por meio de diferentes métodos, sendo o mais comum a administração por meio de um tubo inserido pelo nariz (sonda nasogástrica) ou por meio de uma colonoscopia.
O procedimento requer cuidados rigorosos de seleção de doadores saudáveis e rastreamento de doenças para garantir a segurança e a eficácia. A evolução da técnica possibilitou o estabelecimento de normas de segurança e diretrizes regulatórias que a padronizaram e melhoraram a sua aceitação clínica.
O médico pode recorrer a essa técnica para tratar diferentes doenças que afetam o funcionamento do intestino. Porém, é preciso deixar claro que ela não é uma opção de tratamento de primeira linha, devendo ser reservada para casos em que outras terapias falharam. Veja, a seguir, para quais condições o transplante de fezes é indicado.
Este é o uso mais estabelecido e amplamente aceito do transplante fecal. Quando as infecções por Clostridium difficile não respondem a tratamentos convencionais com o uso de antibióticos, o transplante pode ser um importante aliado para restaurar a microbiota intestinal saudável.
Entre os sintomas causados nesse quadro patológico estão a diarreia grave, dor abdominal e febre. Conforme a bactéria age no trato intestinal, o paciente fica desidratado, pode sofrer infecções recorrentes e, em casos graves, colite (inflamação do cólon) e danos ao intestino.
Embora a pesquisa esteja em andamento, alguns estudos exploraram o potencial do transplante de fezes no tratamento de condições como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, que fazem parte do espectro das doenças inflamatórias intestinais (DII).
As pessoas que sofrem desse problema costumam ter diarreia, dor abdominal e perda de peso. A longo prazo, o quadro pode evoluir para complicações graves, incluindo inflamação crônica do intestino, obstruções, úlceras e risco aumentado de câncer colorretal.
Estudos também já estão sendo feitos com o intuito de investigar a eficácia do transplante fecal para pacientes com síndrome do intestino irritável, uma condição crônica com sintomas como dor abdominal, inchaço e alterações nos hábitos intestinais.
As investigações sobre o tema buscam verificar se a modificação da microbiota intestinal pode aliviar as manifestações clínicas da SII.
Os benefícios do transplante fecal se estendem para pacientes em diferentes condições de saúde. No caso da infecção por Clostridium difficile, por exemplo, é possível restaurar rapidamente a flora intestinal saudável do receptor, proporcionando alívio imediato dos sintomas debilitantes e oferecendo uma taxa de sucesso alta no combate à infecção.
A técnica apresenta potencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doenças intestinais crônicas, como doença de Crohn e colite ulcerativa, trazendo esperança para quem convive com essas patologias complexas.
Ademais, o procedimento é visto como uma alternativa promissora ao uso prolongado de antibióticos em alguns casos, mitigando os riscos associados aos efeitos colaterais e à resistência bacteriana.
A recuperação do paciente após um transplante de fezes é considerada relativamente rápida e com poucos efeitos colaterais graves. Nas primeiras horas ou dias após o procedimento, pode haver alguns desconfortos gastrointestinais leves, como inchaço abdominal, cólicas ou diarreia, que geralmente são temporários e diminuem com o tempo.
Na maioria dos casos, o transplante fecal leva à melhoria significativa dos sintomas subjacentes. No entanto, a resposta individual pode variar dependendo da condição de base do paciente e da natureza da doença intestinal.
A equipe médica monitora de perto a evolução do paciente após a prática e faz ajustes no plano de tratamento conforme necessário para garantir uma recuperação eficaz e duradoura.
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As doenças que afetam o intestino podem ter um grande impacto na qualidade de vida do paciente, causando sintomas debilitantes, como diarreia crônica, dor abdominal e emagrecimento repentino. Essas patologias podem ser persistentes e resistentes a tratamentos convencionais.
Nesse contexto, o transplante de fezes é uma opção inovadora e eficaz para casos em que tratamentos anteriores falharam, permitindo a restauração do equilíbrio da flora intestinal e de suas funções no organismo humano.
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