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18.8.2019
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Equipe Afya Educação Médica
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Até alguns anos atrás, era muito comum uma pessoa ir à farmácia e comprar um antibiótico, sem nem ter uma prescrição médica. Felizmente, isso mudou; inclusive, hoje é obrigatória a retenção da receita. Mas quais são, de fato, os riscos dos antibióticos?
Essa pergunta continua sendo o assunto de inúmeras pesquisas mundo afora. Recentemente, um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) destacou que no Brasil 22 pessoas estão tomando algum tipo de antibiótico a cada 22 mil habitantes. O resultado é muito superior ao dos países europeus, sendo o maior na América. Segundo a OMS, em 25% dos casos, esses medicamentos são desnecessários. Ou seja, ainda que existam restrições ao acesso aos antibióticos, eles são prescritos de maneira inadequada pelos médicos.
O maior problema é que, apesar de tudo, esses medicamentos são fundamentais para combater inúmeras doenças. O desafio é saber quando prescrevê-los. Por isso, neste post discutimos os riscos dos antibióticos e como limitar o acesso dos pacientes a eles.
Há muito tempo já se discutem os riscos dos antibióticos e os prejuízos que eles trazem à população. O principal deles é o fato de as bactérias desenvolverem uma resistência aos medicamentos. Dessa forma, as chamadas superbactérias são aquelas que, por alguma mutação, conseguem sobreviver ao princípio ativo dos bactericidas, repassando essa capacidade a seus descendentes. Portanto, o maior risco associado aos antibióticos é que eles percam a sua eficácia. O resultado é um número muito grande de bactérias que não são combatidas pelos medicamentos existentes, levando inúmeras pessoas à morte. Daí a necessidade de regras como a obrigatoriedade da prescrição médica.
No entanto, o levantamento da OMS mostrou que o problema pode ser bem maior. Afinal, o diagnóstico errado ou inadequado pode levar ao uso excessivo de antibióticos. Os pesquisadores analisaram mais de 19 milhões de prescrições. Cada uma delas foi classificada como adequada, para casos de infecção bacteriana grave; mais ou menos adequada, quando a doença poderia ter sido tratada de outra forma, dependendo do quadro; ou inapropriada, se o tratamento com antibióticos não resolve, como no caso de uma doença viral.
O resultado da pesquisa foi que em apenas 12% das prescrições os antibióticos eram realmente necessários. Em 23%, a indicação era totalmente inadequada. Enquanto isso, nos outros 75% poderiam ter sido prescritas outras formas de tratamento, evitando o uso de antibióticos. Esse era o caso de muitas infecções que poderiam ser provocadas por bactérias, mas também poderiam ser causadas por vírus, como a maioria das doenças respiratórias.
A verdade é que o uso indiscriminado de antibióticos tem resultado em mais bactérias resistentes aos tratamentos. Por isso, a OMS declarou a situação como uma ameaça à saúde da população mundial. Mesmo bactérias vistas como mais inofensivas, podem trazer complicações mais graves em longo prazo. A OMS acredita ser necessário um investimento de diversas frentes.
É preciso que haja mais investimentos na pesquisa de novos princípios ativos, produção de medicamentos mais eficazes e acessíveis, adoção de medidas de saneamento e higiene, entre outras. Mas, acima de tudo, é fundamental reduzir a automedicação e as prescrições desnecessárias. No Brasil, uma importante medida já foi implantada: o uso de uma receita médica especial, que fica retida na farmácia. Isso tem reduzido a utilização indiscriminada de antibióticos no país, mas ainda é insuficiente.
Neste contexto, os médicos têm um papel fundamental: prescrever os medicamentos quando extremamente necessário, assim como, orientar os pacientes. Pois, qual médico nunca se deparou com a situação de um paciente que entra no consultório e diz que precisa de uma receita de antibiótico?
Isso acontece porque existe um senso comum de que os antibióticos resolvem tudo. E essa ideia precisa ser mudada. É fundamental explicar aos pacientes que esses medicamentos só servem para tratar infecções bacterianas, não sendo eficazes contra vírus, fungos e outros tipos de infecções. Além disso, é importante orientar sobre a necessidade de seguir o tratamento corretamente.
O medicamento não deve ser descontinuado quando os sintomas desaparecerem. É preciso respeitar os horários das tomadas, entre outras recomendações específicas, de acordo com cada tipo de antibiótico e prescrição médica. Mas a responsabilidade maior continua sendo dos médicos. É imprescindível ser responsável ao receitar um medicamento, investigando corretamente cada doença. Sem contar que, mesmo quando são prescritos de forma adequada, os antibióticos podem apresentar efeitos colaterais graves e interações medicamentosas.
Portanto, faça todos os exames necessários nos pacientes e pesquise bastante sobre cada medicamento. Os riscos dos antibióticos são reais e perigosos para a população como um todo. Gostou de ler sobre os riscos dos antibióticos? Então, compartilhe o post nas redes sociais, para que mais pessoas se conscientizem sobre o problema!