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14.4.2021
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A epilepsia é uma doença crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes. Muito marginalizada no passado, a doença já foi encarada como um tipo de insanidade e até mesmo resultado de interferência espiritual, como uma possessão demoníaca. Essa informação é importante pois ainda hoje é comum ouvir nos consultórios comentários desse tipo. Contudo, a epilepsia é um dos distúrbios neurológicos crônicos mais comuns que afetam a população mundial, com incidência que varia de 30 a 50 novos para cada 100 mil indivíduos.
O reconhecimento rápido da doença, das crises e o diagnóstico correto permitem que o tratamento seja iniciado precocemente e que o paciente possa retomar normalmente suas atividades diárias com grande qualidade de vida.
A epilepsia é uma doença caracterizada por uma predisposição recorrente a crises epilépticas. É uma doença de consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. Diferentemente de um episódio convulsivo, uma crise epiléptica é a ocorrência transitória de sinais e sintomas causados por uma uma atividade neuronal excessiva ou síncrona no cérebro, com duração variável, geralmente entre alguns segundos a vários minutos.
Segundo a International League Against Epilepsy (ILAE), há 2 tipos de definições de epilepsia, uma científica e outra operacional. A definição operacional sugere que a doença é caracterizada por:
Há diversos tipos de crises epilépticas, cada uma com suas características próprias. A mais comum é a crise tônico-clônica, chamada de convulsão. Nesse tipo de crise o paciente apresenta abalos musculares generalizados, sialorréia e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes. Outros tipos de crises têm manifestações bem mais sutis, como alteração de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.
Entre as crianças é comum a ocorrência de crises de ausência, em que ocorre uma breve parada da atividade que a criança estava fazendo, às vezes associadas a piscamentos ou movimentos automáticos das mãos. Essas crises podem ocorrer diversas vezes em um mesmo dia e não são reconhecidas prontamente, em geral quando a criança começa a apresentar prejuízo do desempenho escolar – normalmente apontado pelo professor na escola.
A epilepsia pode ter causas diversas. Em crianças, por exemplo, está associada a anóxia neonatal e a problemas inatos do metabolismo. Em idosos, doenças cerebrovasculares, bem como os tumores cerebrais, estão entre as causas mais frequentes. Suas causas podem ser agrupadas em 3 categorias:
As crises epilépticas podem ser tratadas com medicamentos específicos chamados de antiepilépticos, que controlam sintomas de pelo menos dois terços dos pacientes com a doença. Pacientes que não podem controlar os sintomas por medicamentos podem aderir a dieta cetogênica e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas. A neuromodulação, em que ocorre uma estimulação do cérebro e de nervos periféricos, também pode ser uma opção terapêutica em pacientes com epilepsia de difícil controle.
O canabidiol, composto da folha da maconha, também pode ser utilizado com bons resultados no tratamento da doença. É importante lembrar que o canabidiol não tem efeito psicoativo, portanto, é seguro tanto para adultos quanto para crianças. A maioria dos pacientes controlam suas crises com os tratamentos medicamentosos e logo voltam a uma vida normal, sem grandes limitações. Você conhece alguém com a doença?