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16.6.2023
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A proibição de anabolizantes mesmo com prescrição médica para uso estético e melhoria de performance trouxe à tona um velho debate sobre o tema. Aliás, utilizar esteroides androgênicos no Brasil e a busca pelo corpo perfeito têm sido uma preocupação crescente.
Tais substâncias sintéticas estão relacionadas aos hormônios sexuais masculinos, como a testosterona. Tais substâncias são utilizadas, principalmente, para promover o crescimento muscular e aumentar o desempenho atlético.
Continue lendo e veja tudo o que é preciso saber sobre esse tema tão polêmico quanto importante para a comunidade médica e também para seus pacientes. Neste artigo você lerá:
Boa leitura!
A busca pelo corpo perfeito é uma motivação comum para o uso de anabolizantes. Assim, muitas pessoas, principalmente jovens e atletas, desejam ganhar massa muscular rapidamente, melhorar o desempenho esportivo e obter uma aparência física mais atlética.
E ao invés de alcançar esse objetivo com um aporte correto de suplementação nutricional combinado às atividades físicas (sobretudo a musculação) — o que seria o mais indicado em termos da manutenção da saúde —, eles buscam o caminho mais rápido.
Isso porque os esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs) fazem com que esse objetivo seja alcançado mais rapidamente. No entanto, e infelizmente, há muitos efeitos colaterais, os quais veremos adiante.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma nota pública para esclarecer aos médicos e à população sobre a proibição da prescrição de esteroides e anabolizantes para fins estéticos, ganho de massa muscular (estético) e desempenho esportivo, conforme a Resolução CFM nº 2.333/2023, que gerou ampla repercussão.
Na nota divulgada em 26 de maio de 2023, o CFM enfatiza que a decisão foi tomada levando em consideração os riscos potenciais associados ao uso inadequado dessas substâncias. O objetivo principal é proteger a saúde individual e coletiva da população, evitando exposições desnecessárias a riscos que possam comprometer o bem-estar e a vida das pessoas.
O Conselho reafirma que a norma foi elaborada com base em evidências científicas sobre os riscos e malefícios à saúde, e proíbe exclusivamente a prescrição dessas substâncias para fins estéticos e de melhoria do desempenho esportivo, sem impedir sua indicação para o tratamento de doenças.
De acordo com o presidente em exercício do CFM, Jeancarlo Cavalcante, a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes continua justificada para o tratamento de doenças ou condições em que os benefícios superem os riscos do uso. Ele destaca que o tema foi amplamente debatido no CFM ao longo do tempo, que diz:
"Após uma discussão intensa sobre o assunto, o CFM decidiu adotar a Resolução em defesa da sociedade brasileira, embasada na literatura médica e respaldada cientificamente. É importante que o Conselho esclareça publicamente os pontos da norma diante das dúvidas. O CFM nunca se esquiva do debate e tem enfatizado a necessidade de garantir à população acesso a cuidados médicos seguros e de qualidade".
É importante ressaltar que, em muitos países, o uso e a posse de anabolizantes sem prescrição médica é ilegal — agora no Brasil é ilegal mesmo com um receituário médico. Isso porque o uso dessas substâncias pode levar a consequências jurídicas graves para os médicos prescritores, sobretudo por questões à utilização para melhorar a performance esportiva (doping).
Os esteroides androgênicos são substâncias sintéticas que se assemelham aos hormônios sexuais masculinos, principalmente a testosterona. Por isso, seus efeitos são anabólicos e androgênicos, o que significa que eles podem promover o crescimento muscular (anabolismo) e aumentar as características sexuais masculinas (androginia).
Nesse sentido, quando os esteroides androgênicos são introduzidos no corpo, eles se ligam aos receptores desses hormônios presentes nas células, incluindo as células musculares. Assim, essa ligação estimula a síntese proteica, promovendo o crescimento e reparo muscular. A partir de então, isso pode resultar em um aumento da massa muscular e também da força.
Além disso, vale mencionar que os esteroides androgênicos podem:
No entanto, é importante ressaltar que o uso de esteroides androgênicos para melhorar o desempenho atlético ou a aparência física sem prescrição médica pode trazer uma série de efeitos colaterais prejudiciais à saúde e, além disso, é considerado doping quando se trata de atletas profissionais. Os quais veremos a seguir!
Tais medicamentos foram desenvolvidos originalmente para tratar condições médicas específicas, as que seguem!
Em casos de desenvolvimento sexual tardio ou atraso no crescimento em adolescentes, pode ser prescrito um anabolizante para estimular o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
Cabe salientar que essa indicação só é estimulada em casos pontuais a serem discutidos entre os médicos endocrinologistas, o médico que acompanha o adolescente durante seu desenvolvimento, psicólogos e também com os pais.
Alguns anabolizantes são utilizados para combater a perda de massa muscular em pacientes com doenças crônicas, como câncer ou HIV/AIDS. Mais uma vez, os médicos que já tratam desses pacientes bem como um endocrinologista e nutrólogo ou até um nutricionista devem participar da decisão dessa reposição hormonal.
Trata-se de uma condição em que o organismo não produz testosterona na quantidade suficiente. Nesses casos, os anabolizantes podem ser recomendados para a substituição da testosterona ausente ou insuficiente.
Neste caso, a medula óssea não produz células sanguíneas em quantidades suficientes. Nesse sentido, os anabolizantes podem ser utilizados como parte do tratamento em conjunto com todas as recomendações sempre em conjunto com a equipe multidisciplinar e levando em consideração os possíveis efeitos colaterais.
É importante destacar que o uso de anabolizantes com fins estéticos, como o aumento da massa muscular ou melhoria do desempenho atlético, não é considerado uma indicação médica legítima.
Além disso, o uso indevido de anabolizantes para esses fins pode levar a diversos efeitos colaterais e problemas de saúde. Portanto, é essencial buscar orientação médica adequada antes de considerar o uso dessas substâncias.
Os efeitos colaterais dos hormônios androgênicos não são poucos e incluem:
Portanto, por tudo isso, o uso de esteroides androgênicos deve ser cuidadosamente supervisionado por profissionais de saúde qualificados.
A proibição do uso de anabolizantes pela CFM no Brasil para fins estéticos e de performance ocorreu devido a uma série de riscos à saúde de quem os utiliza. Confira quais são eles!
O uso de anabolizantes pode causar hepatotoxicidade, ou seja, é tóxico para o fígado. Alguns anabolizantes orais são particularmente conhecidos por serem hepatotóxicos e, por isso, podem levar ao desenvolvimento de condições graves no órgão, como hepatite e até mesmo o câncer de fígado.
O uso de anabolizantes pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC). Os anabolizantes podem causar alterações no perfil lipídico, aumentar a pressão arterial e causar danos nas paredes dos vasos sanguíneos.
Os esteroides anabolizantes podem causar retenção de líquidos e outros fatores que podem levar a um aumento da pressão arterial. Além disso, podem afetar negativamente os níveis de gordura no sangue, aumentando o colesterol LDL (colesterol ruim) e diminuindo o colesterol HDL (colesterol bom), podendo ocasionar, também, a hipertensão.
Os anabolizantes podem afetar a qualidade do sono, gerando efeitos como:
Isso tudo se dá porque os hormônios esteroides podem alterar os níveis de neurotransmissores no cérebro, afetando os padrões normais de sono e a regulação dos ritmos circadianos — as mudanças regulares dos estados mentais e físicos que acontecem no período de 24 horas, o famoso relógio biológico.
Embora a relação entre anabolizantes e agressividade não seja totalmente compreendida, alguns estudos sugerem que certos esteroides anabolizantes podem afetar o sistema nervoso central, incluindo áreas do cérebro envolvidas no controle do comportamento agressivo.
Além disso, os esteroides podem influenciar os níveis de neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, que desempenham um papel importante na regulação do humor e do comportamento.
A resposta individual aos esteroides pode variar, e fatores como dose, duração do uso, predisposição genética e outros aspectos da saúde mental e emocional de cada pessoa podem desempenhar um papel nesse efeito negativo.
O uso de anabolizantes pode afetar o humor de diferentes maneiras, tanto durante o uso quanto após a interrupção do seu consumo. Nesse sentido, as pessoas podem experimentar distúrbios de humor, incluindo episódios de tristeza, irritabilidade, estresse, ansiedade e até depressão. Ou seja, a influência psicológica com o uso dessas substâncias não deve ser menosprezada.
O uso de esteroides androgênicos pode suprimir a produção natural de testosterona no corpo, levando a um desequilíbrio hormonal. Com isso, os resultados podem ser muito negativos como:
Alguns tipos de esteroides anabolizantes são convertidos em di-hidrotestosterona (DHT) no corpo. A DHT, uma forma mais potente de testosterona, tem maior afinidade pelos folículos capilares, podendo levar à miniaturização dos folículos e ao afinamento dos fios de cabelo (diminuição da densidade capilar) e até mesmo à calvície.
Vale mencionar que a alopecia androgenética — uma causa comum de perda de cabelo causada pela genética — afeta principalmente os homens, mas também pode ocorrer em mulheres. Esse tipo de alopecia ocorre gradualmente ao longo do tempo, todavia, o uso frequente de anabolizantes pode acelerar esse processo.
Além dos efeitos ao corpo, o uso de anabolizantes também pode afetar negativamente o estado mental e emocional da pessoa. Alguns indivíduos relatam sintomas de irritabilidade, instabilidade emocional e até mesmo quadros de depressão quando utilizam essas substâncias.
Ainda que os anabolizantes não sejam considerados substâncias altamente viciantes, como as drogas ilícitas, algumas pessoas podem desenvolver dependência psicológica a essas substâncias. Dessa forma, elas podem desejar utilizar doses mais elevadas para alcançar os resultados que antes eram obtidos com doses menores.
Os efeitos dermatológicos devido ao uso de anabolizantes como os relacionados a seguir!
Alguns relatos sugerem que o uso de anabolizantes pode levar a alterações na pigmentação da pele, resultando em manchas escuras ou claras.
O uso de anabolizantes pode levar ao aumento do crescimento de pelos no corpo, incluindo no rosto das mulheres.
Os anabolizantes também podem causar um maior aumento da produção de sebo, tornando a pele mais oleosa. Essa oleosidade em excesso pode resultar em acne (cravos e espinhas), principalmente no rosto, nas costas e no peito.
A utilização de anabolizantes injetáveis pode aumentar o risco de desenvolvimento de infecções, abscessos e úlceras cutâneas no local da aplicação.
O uso prolongado de anabolizantes pode prejudicar a sustentação e a elasticidade da pele, resultando em estrias, especialmente em áreas com rápido crescimento muscular, como nos braços e nas pernas.
Gostou de ficar por dentro da novidade?
Nesse artigo completo e didático sobre por que o Conselho Federal de Medicina optou pela proibição de anabolizantes mesmo com prescrição médica. Com base nos motivos, a Afya Educação Médica, ex-IPEMED, mostrou as funções dos hormônios esteroides, como também apontou os efeitos colaterais causados por essas substâncias, os quais levaram à proibição.
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