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22.12.2021
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Equipe Afya Educação Médica
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No pior momento da pandemia da Covid-19 no Brasil, o país registrou impressionantes 4 mil óbitos diariamente. Isso significa que, em apenas 24h, morriam por aqui o equivalente a 10 acidentes aéreos em números de vítimas.
Em um dos momentos mais dramáticos da doença, mais de 114 mil pessoas foram contaminadas em apenas um dia. Até agora, o país registrou mais de 600 mil mortos e quase 22 milhões de casos positivos da doença.
Por trás desses números frios, contudo, se esconde o trabalho incessante de médicos, enfermeiros e demais profissionais envolvidos no atendimento de saúde nas redes pública e particular de todo o país. Foram eles que estiveram - e ainda estão - atuando na linha de frente do enfrentamento à pandemia, isolando e tratando pessoas infectadas pelo novo vírus, um trabalho que reforçou a importância da classe médica para toda a sociedade.
Mas qual foi o Impacto do Covid-19 nos profissionais de saúde? Este é o tema do artigo de hoje.
O alto número de pessoas infectadas no país ao longo da pandemia sobrecarregou o sistema de saúde nos períodos mais críticos. Um enorme contingente de pacientes procurou atendimento médico ao mesmo tempo, o que fez as equipes de saúde trabalharem como nunca, em um verdadeiro esforço de guerra.
De acordo com os resultados de uma pesquisa realizada pela Fiocruz em todo o território nacional entre 2020 e 2021, a pandemia alterou de modo significativo a vida de 95% dos trabalhadores da saúde. Os dados revelam ainda que quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo do enfrentamento da Covid-19, com jornadas que passavam de 40 horas semanais. Já 45% deles precisaram de mais de um emprego para sobreviver.
Um estudo chamado Pandemia na Linha de Frente, conduzido pela PEBMED, healthtech de conteúdo para médicos da Afya Educacional, mostrou que 89% dos profissionais de saúde que atuaram na linha de frente do combate à Covid-19 estavam psicologicamente cansados.
O levantamento da PEBMED também expressa que os trabalhadores de linha de frente enfrentaram dificuldades como disponibilidade de equipamentos, insumos e mão de obra. Dos profissionais da saúde ouvidos pela pesquisa, 70,8% relataram alguma indisponibilidade de leitos de UTI. Outros 56,6% afirmam que, em algum momento, enfrentaram a falta de respiradores mecânicos, enquanto 67,5% disseram ter faltado profissionais suficientes para atender à demanda.
Médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde foram também extremamente relevantes no avanço da vacinação em todo o território nacional, mesmo com o atraso na chegada dos imunizantes.
Dentro da estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS), foram eles quem operacionalizaram a aplicação das vacinas na ponta, garantindo que, em dezembro de 2021, 75% da população estivesse vacinada com pelo menos uma dose - uma das taxas mais altas do mundo.
Ao custo de milhares de vidas dos brasileiros, da saúde dos times envolvidos no combate ao vírus na linha frente, da pressão na estrutura do serviço público de saúde, o país começa agora a encarar certa normalidade, com baixo número de infectados e mortes diárias. Se antes a sociedade já acreditava que a saúde era um dos temas mais importantes na construção de um país mais forte e menos desigual, depois da pandemia isso ficou ainda mais óbvio.
E uma saúde de qualidade passa também pela valorização de médicos, enfermeiros, assistentes, técnicos e todo o time envolvido na proteção da vida de cada paciente. Esses profissionais foram e ainda são a força motriz que poderá vencer a Covid-19 de vez, devolvendo a normalidade à vida de toda a população.